Encontrar a casa ideal já é um desafio. Mas quando tem uma família com três ou mais filhos, a tarefa torna-se ainda mais exigente. Além disso, as necessidades mudam, e muito. Por exemplo, o orçamento, espaço, localização, segurança, acessos, número de divisões, número de casas de banho e até zonas verdes por perto passam a estar no topo da lista. Assim, se estiver a pensar comprar ou arrendar uma habitação brevemente, neste artigo, saiba o que ter em conta ao escolher casa para uma família numerosa.

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Sonha comprar casa?

Encontramos o crédito ideal para o seu caso, sem custos.

Comprar ou arrendar casa para uma família numerosa?

A decisão entre comprar ou arrendar uma casa depende de vários fatores: estabilidade financeira, perspetivas de mobilidade, acesso a crédito e disponibilidade de imóveis adequados aos seus objetivos. Para famílias numerosas, comprar pode ser uma solução mais económica a longo prazo, especialmente se beneficiar das medidas em vigor para jovens até aos 35 anos.

Contudo, caso não reúna os critérios para obter os apoios do Estado, esta opção implica um investimento inicial elevado. Entre o valor que os bancos não financiam (entrada), impostos (IMT e Imposto do Selo), comissões associadas ao seu crédito habitação, imposto do selo relativo ao seu empréstimo e a escritura do imóvel, pode ter de reunir dezenas de milhares de euros.

Porém, esta é uma opção que oferece mais estabilidade à sua família, se estiver preparado financeiramente para assumir este compromisso.

Já a opção de arrendar uma casa pode oferecer maior flexibilidade e menos encargos iniciais. Quando opta pelo arrendamento, tem a facilidade de mudar de casa, se precisar de fazer ajustes consoante a evolução da família ou devido a novas necessidades que surgirem. O problema? A oferta de casas com áreas maiores é limitada e nos centros urbanos os preços são, muitas vezes, elevados para a maioria dos agregados familiares.

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Custo-benefício: Faça contas antes de decidir

Seja para comprar ou arrendar uma casa, é essencial fazer contas. Comece por analisar o orçamento que tem disponível, o valor das suas poupanças, os seus encargos mensais e a sua taxa de esforço. Para calcular a sua taxa de esforço deve aplicar a seguinte fórmula:

Taxa de esforço = (Montante total de prestações financeiras / rendimento mensal líquido do agregado familiar) x 100

Ou seja, vamos supor que no seu agregado familiar existe um crédito automóvel a decorrer com uma prestação de 150 euros. Se já fez contas e a prestação do crédito habitação rondar os 1.000 euros, caso o rendimento líquido do agregado seja de 3.300 euros, a sua taxa de esforço é de 35% [(1150/3300)x100].

Neste cenário, tem fortes possibilidades de ter o seu crédito aprovado, se reunir todos os outros critérios e tiver capitais próprios para cobrir o valor não financiado e os encargos com a compra de casa. Afinal, é recomendado que a taxa de esforço para quem tem apenas um crédito habitação não ultrapasse os 35%. Mas se tem mais do que um financiamento, a taxa de esforço não pode superar os 50%. Porém, quanto mais baixa for a sua taxa de esforço, mais probabilidades tem de ter o seu crédito habitação aprovado e com melhores condições.

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Custos da compra de casa

Antes de iniciar um pedido de financiamento, compare várias propostas de crédito habitação para garantir que consegue a melhor solução do mercado para a sua família.

Além disso, considere as despesas associadas às comissões bancárias (por norma, entre 800 e 1.000 euros), registos e escritura (através do serviço Casa Pronta o valor tabelado para a aquisição com um financiamento é de 700 euros) e impostos. O valor dos impostos (IMT e imposto do selo) depende de alguns fatores.

O IMT varia de acordo com o valor de aquisição ou Valor Patrimonial Tributário – VPT  (é considerado o mais alto), a taxa a aplicar (vai de 2 a 8%), a sua localização e a sua finalidade, podendo existir casos em que está isento do pagamento deste imposto. Já no que respeita ao imposto do selo, o Estado cobra 0,8% do valor do imóvel.

Num imóvel para habitação própria e permanente com o valor de 300.000 euros, teria de pagar 10.747,08 euros de IMT e 2.400 euros de imposto do selo. Ou seja, um total de 13.147,08 euros, caso não esteja isento ou beneficie da isenção para jovens até 35 anos. Saiba quanto vai pagar através do simulador de IMT.

Por fim, conte ainda com o imposto do selo relativo ao crédito habitação (geralmente, o encargo é de 0,6% do valor financiado), seguros obrigatórios do crédito habitação (seguro de vida do crédito habitação e seguro multirriscos) e, posteriormente, conte ainda com Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) – pode recorrer ao Simulador de IMI para calcular este encargo -, com as quotas do condomínio e manutenção da sua habitação.

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Encargos de arrendar uma casa

No arrendamento, normalmente tem de suportar uma caução, duas rendas antecipadas e o valor da renda do mês de entrada. Ou seja, conte que terá de suportar quatro rendas com a celebração do contrato.

Consideremos, por exemplo, que encontrou um apartamento T3 na Amadora, distrito de Lisboa, com 100 m2 e duas casas de banho por 1.500 euros por mês. Para cumprir as condições anteriores, precisa de ter em capitais próprios 6.000 euros na celebração do contrato de arrendamento.

É preciso ter em conta que muito senhorios pedem para adicionar ao contrato um fiador que reúna condições financeiras para o pagamento mensal da renda, caso não cumpra com as suas obrigações.

Além disso, pode ter de suportar outros encargos estipulados no contrato de arrendamento. Estes podem ter um valor fixo mensal ou ser acordado um período para o pagamento destas despesas.

Nota: A duração do contrato é um ponto fundamental para garantir estabilidade à sua família e prevenir aumentos substanciais do valor da renda quando o contrato chega ao fim.

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Outras despesas a considerar ao escolher uma casa para uma família numerosa

Depois de avaliar se a solução ideal passa por comprar ou arrendar um imóvel, as famílias numerosas devem ter outros aspetos em consideração ao escolher uma casa. Dado que os encargos com os serviços de água, eletricidade e gás são mais elevados, porque existem mais elementos no agregado familiar, é importante avaliar a eficiência energética da habitação. Uma casa mais eficiente pode ser uma aliada na hora de poupar em serviços essenciais.

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8 dicas para escolher uma casa para uma família numerosa

1 – Se comprar, considere a adaptação futura

Uma casa ideal para uma família com algumas crianças pequenas pode não ser suficiente quando todos forem adolescentes. Ao escolher casa para uma família numerosa, pense no crescimento dos filhos e em futuras necessidades de espaço ou privacidade. Caso contrário, o mais provável é que tenha de trocar de casa no futuro.

Se não passa pelos seus planos trocar de casa brevemente, dê preferência a imóveis com potencial de adaptação. Ou seja, um imóvel que tenha um sótão, anexos ou uma área separada de arrumação pode ser uma mais-valia no futuro. Afinal, se tiver um sótão ou um anexo, pode criar uma divisão que sirva de escritório ou até de quarto no futuro. Já uma área separada permite-lhe aumentar o espaço de arrumação e criar mais espaço livre na sua habitação.

2 – Localização: Opte por zonas com serviços e segurança

Famílias numerosas precisam de estar próximas dos serviços essenciais: escolas, centros de saúde, supermercados, farmácias e transportes públicos. Reduzir o tempo de deslocações melhora a qualidade de vida e ajuda na logística.

Já se a família tiver um ou mais carros, verifique se na zona onde vai viver existem lugares de estacionamento ou se o imóvel tem garagem. Este ponto pode fazer toda a diferença se estiver indeciso entre dois imóveis semelhantes.

A seguir, avalie a distância até ao trabalho dos adultos e à escola das crianças. Longas deslocações diárias podem desgastar a rotina familiar e aumentar custos de combustível ou transportes.

Se a sua família não tem um transporte próprio, evite zonas muito afastadas ou mal servidas por transportes e serviços essenciais.

Por último, se possível, dê preferência a ruas com pouco trânsito, zonas residenciais e espaços com parques infantis.

3 – Escolas, creches e atividades podem ser um fator decisivo

Antes de fechar negócio, pesquise os estabelecimentos de ensino da zona. Verifique se há creches e infantários com vagas e quais as ofertas públicas e privadas disponíveis. Para famílias com vários filhos, estar próximo destes serviços pode reduzir custos e facilitar a logística.

Considere ainda atividades extracurriculares e desportivas nas redondezas. Ter acesso fácil a centros desportivos, clubes ou espaços culturais pode fazer uma enorme diferença na qualidade de vida familiar.

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4 – Espaço não é luxo, é uma necessidade numa família numerosa

Quando falamos em escolher casa para uma família numerosa, o espaço deixa de ser um desejo ou um capricho e passa a ser uma necessidade concreta. Ter mais quartos permite que as crianças tenham alguma privacidade, especialmente se tiverem idades muito diferentes. Idealmente, cada filho deve ter o seu próprio quarto ou, pelo menos, partilhar com irmãos da mesma faixa etária e sexo.

Contudo, nem sempre o orçamento permite a compra ou arrendamento de uma casa com vários quartos. Por isso, opte por casas que tenham quartos maiores, onde possa colocar mais do que uma cama ou beliches.

Além dos quartos, as áreas comuns devem ser generosas. Uma sala ampla facilita a convivência em família e permite que todos tenham um lugar à mesa. Cozinhas espaçosas, com bastante arrumação, também são importantes. Afinal, preparar refeições para cinco ou mais pessoas exige logística.

5 – Arrumação e funcionalidade: Cada metro conta

Com várias crianças, o caos instala-se facilmente. Por isso, a arrumação é uma aliada essencial. Casas com despensas, armários embutidos, arrecadações ou até garagens com espaço extra facilitam o dia a dia. Ter onde guardar brinquedos, roupa sazonal e material escolar faz toda a diferença.

A funcionalidade da casa também deve ser analisada. Corredores largos, áreas abertas e fácil circulação entre divisões são ideais. Evite casas com muitos desníveis ou escadas íngremes, especialmente com filhos pequenos ou bebés.

6 – A importância de mais do que uma casa de banho

Num lar com muitos membros, ter apenas uma casa de banho pode gerar stress diário. O ideal é procurar imóveis com, pelo menos, duas casas de banho ou uma casa de banho e um WC de apoio. Isto é especialmente relevante nos horários da manhã e noite, quando todos precisam de usar as instalações ao mesmo tempo.

Mesmo em caso de arrendamento, este é um critério que não deve ser negligenciado. Casas com duas ou mais casas de banho são mais funcionais e permitem uma gestão familiar mais harmoniosa. Além disso, em caso de compra, valorizam o imóvel, para uma futura revenda.

7 – Atenção ao condomínio e vizinhança

Num prédio com muitas famílias pequenas ou idosos, crianças ruidosas podem ser um problema. Informe-se sobre o perfil dos vizinhos e o regulamento do condomínio. Casas com boa insonorização fazem toda a diferença.

Se optar por uma moradia, veja se há outras famílias na zona. Bairros familiares tendem a ser mais tranquilos, seguros e com maior sentido de comunidade, algo que pode ser muito benéfico para os seus filhos.

8 – Se possível, opte por casas com quintal, varanda ou que tenham um parque por perto

Mesmo que não tenha jardim privado, é uma mais-valia ter algum espaço ao ar livre. Famílias numerosas beneficiam muito de quintais, varandas, terraços ou proximidade a parques públicos. Estes espaços permitem que as crianças brinquem em segurança e ajudam a libertar a energia acumulada.

Ter um espaço exterior é ainda mais importante em tempos de teletrabalho, férias escolares ou fins de semana chuvosos.

Critérios para visitar casas para famílias numerosas

Na hora de visitar casas, envolva a família no processo. Perceber como os filhos se sentem no espaço pode ajudar na escolha. Verifique a exposição solar, a ventilação, o estado das instalações, a qualidade dos materiais e o ruído envolvente.

Prepare uma checklist com os critérios que não podem faltar: número de quartos, casas de banho, zonas comuns, acessibilidade, transportes, escolas nas redondezas e estado geral do imóvel. Faça perguntas ao senhorio ou agente imobiliário sobre obras previstas, vizinhança e encargos associados.

Financiamento e apoios para famílias numerosas com pais jovens

Se os titulares do crédito habitação não tiverem mais de 35 anos e reunirem todos os critérios exigidos, podem beneficiar da isenção do IMT, imposto do selo relativo à aquisição (até aos 316.772 euros há isenção total) e do acesso à garantia pública do crédito habitação jovem.  

Estas medidas ainda em vigor permitem poupar milhares de euros em impostos e reduzir significativamente o valor em capitais próprios para comprar uma habitação própria e permanente. 

Com o Estado a assumir o papel de fiadoras instituições de crédito aderentes podem financiar a parcela que, habitualmente, não é coberta pelos bancos para a compra do imóvel. Conforme as regras do Banco de Portugal, as instituições de crédito podem financiar até 90% do valor do imóvel destinado à habitação própria e permanente. Até à entrada em vigor da garantia pública, os compradores tinham de cobrir os restantes 10% com capitais próprios. Mas se cumprir os requisitos para beneficiar desta medida, o Estado assegura até 15% do montante da transação (considerando o menor valor entre a avaliação e a escritura).  

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Além disso, as famílias numerosas podem ainda beneficiar do IMI Familiar em algumas autarquias. Segundo o artigo 112.º-A do Código do IMI, as autarquias que entendam proceder a um benefício fiscal, podem fazer variar esta taxa em função da dimensão da família, desde que estas cumpram os critérios para este benefício. 

Por fim, consulte os programas municipais e linhas de apoio ao arrendamento acessível. Estes programas e linhas de apoios estão a ser reforçados em várias zonas do país. Informe-se junto da Câmara Municipal da sua área de residência. 

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