Gerir várias dívidas pode ser um quebra-cabeças. Entre diferentes prazos, taxas de juro e prestações mensais, é fácil perder o controlo das finanças pessoais e ver o dinheiro “evaporar-se” sem saber bem como. 

Se tem vários créditos, juntá-los num só pode ser um modo de tornar tudo mais simples, numa única prestação, muitas vezes mais baixa. Neste guia de consolidação de crédito conheça este tipo de solução, as suas vantagens, os riscos e diversos aspetos a que deve estar atento se quiser avançar com o processo. 

O que é a consolidação de crédito? 

Imagine que pediu financiamento para pagar o carro, dois anos depois pediu um crédito pessoal para pagar um curso e, pelo meio, ainda tem um cartão de crédito que utiliza para fazer face às despesas mensais. 

Talvez nem precise de um grande esforço de imaginação: no Barómetro Doutor Finanças de Hábitos Financeiros, realizado em parceria com a Universidade Católica, 29% dos inquiridos disseram ter mais de um crédito. Se está nesta situação, sabe como pode ser complicado gerir diversos créditos em simultâneo. 

A consolidação de crédito é o processo através do qual estas várias dívidas são agrupadas numa só, simplificando a gestão mensal. Na prática, isto faz-se contratando um novo empréstimo para liquidar os créditos existentes. 

Consolidação não é renegociação de crédito 

A consolidação e a renegociação de crédito são conceitos diferentes, embora ambas possam traduzir-se numa alteração das prestações que paga mensalmente. 

A renegociação significa alterar as condições dos créditos já existentes diretamente com os credores. 

A consolidação implica a contratação de um novo crédito para pagar os existentes. Assim, passa a ter uma única prestação, por norma mais baixa, mas com um prazo mais longo. 

Que tipos de créditos podem ser consolidados? 

Em geral, podem ser incluídos neste processo: 

  • Linhas de crédito 

O crédito habitação também pode ser envolvido, ou melhor, a consolidação pode recorrer a uma garantia hipotecária, ou seja, a um imóvel, como colateral. 

Isto acontece quando o cliente opta por um crédito consolidado com hipoteca (também chamado de crédito multiopções ou multifunções em algumas instituições). Neste cenário, todos os créditos são unificados num só contrato, com o imóvel a servir de garantia. 

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Quais as vantagens da consolidação de crédito? 

A consolidação de crédito pode ter vários benefícios para o consumidor: 

  • Redução da prestação mensal: Ao aumentar o prazo ou obter melhores condições, o valor a pagar por mês pode descer significativamente. 
  • Taxas de juro mais baixas: Alguns tipos de empréstimo, como os cartões de crédito, têm taxas elevadas. Ao consolidar, pode conseguir uma taxa de juro menos pesada para a sua carteira. 
  • Maior comodidade e controlo: Em vez de pagar mensalmente várias prestações, passa a ter apenas uma entidade credora e uma data de pagamento. 
  • Possibilidade de obter novo financiamento: Em alguns casos, pode ser possível obter liquidez adicional no momento da consolidação. 
  • Processo rápido e simples: Na maioria das instituições, o pedido é relativamente fácil e a aprovação pode ser rápida. 

Quais os riscos e desvantagens da consolidação de crédito? 

Apesar das vantagens, a consolidação de crédito pode não ser adequada para todos os casos. Estes são alguns dos riscos: 

  • Prazo mais longo: Uma prestação mensal mais baixa pode significar um contrato mais longo, o que aumenta o custo total da dívida. 
  • Possibilidade de novo endividamento: O alívio financeiro imediato pode levar a novos créditos, criando um ciclo de endividamento. 
  • Custos associados: O novo crédito pode incluir comissões, seguros obrigatórios e outras despesas que importa avaliar. 
  • Acesso limitado:  Quem já tem prestações em atraso, rendimentos baixos ou instabilidade profissional pode ter dificuldade em ver o pedido aprovado. 

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Quem pode pedir a consolidação de crédito? 

Os critérios a cumprir para conseguir que o crédito consolidado seja aprovado podem variar de instituição para instituição, mas, regra geral, incluem: 

  • Dois ou mais créditos ativos: A consolidação só faz sentido quando existem vários contratos de crédito em simultâneo. 
  • Entre 18 e 80 anos: Além do limite legal de 18 anos, a maioria das instituições impõe como idade máxima no final do contrato 75 ou 80 anos.  
  • Residência ou nacionalidade portuguesa: Para ver o crédito aprovado, é necessário ter nacionalidade portuguesa ou ter título de residência permanente. O título de residência temporária pode servir também, mas apenas se houver um segundo titular do crédito. 
  • Rendimentos regulares e comprovados: Pode ser trabalhador por conta de outrem, independente ou pensionista, desde que consiga comprovar que tem um rendimento estável e suficiente para assumir a nova prestação. 
  • Situação profissional estável: Um contrato sem termo ou uma atividade independente com histórico consolidado aumentam as hipóteses de aprovação. 
  • Não ter prestações em atraso: O histórico de crédito é fundamental. Se já se encontra em incumprimento, terá dificuldade em obter aprovação.  
  • Não ter movimentações frequentes associadas a jogo: A existência de transações frequentes associadas a casinos, apostas desportivas ou outro tipo de jogos de azar pode ser interpretado como um comportamento de risco financeiro e levar à recusa do pedido de consolidação de crédito. 
  • Taxa de esforço controlada: Por norma, a percentagem do rendimento mensal do agregado familiar dedicada ao pagamento de prestações deve estar abaixo de 50% para que o crédito seja aprovado. 

Leia ainda: Entrei em incumprimento. Como posso resolver? 

Como calcular a taxa de esforço? 

A taxa de esforço representa a percentagem do rendimento mensal que está destinada ao pagamento de prestações de crédito

É calculada através da seguinte fórmula: 

Taxa de esforço = (Total das prestações mensais / Rendimento líquido mensal) x 100 

Por exemplo, se o seu agregado familiar ganha 3.600 euros líquidos por mês e paga 1.440 euros em prestações, a taxa de esforço é de 40%. 

A taxa de esforço é um indicador muito importante, porque permite às instituições avaliar a probabilidade de incumprimento de quem faz o crédito. Um valor mais baixo significa que o peso das prestações no rendimento da família é menor, pelo que será menos provável que esta não consiga pagar as prestações. 

Se a sua taxa de esforço for elevada, poderá ser considerado um cliente de risco. Neste caso, o banco pode exigir garantias adicionais, como um fiador ou a hipoteca de um bem imóvel. 

O Banco de Portugal recomenda aos bancos que não concedam crédito que resulte numa taxa de esforço superior a 50%, mas as boas práticas das finanças pessoais aconselham um valor máximo bastante inferior, na casa dos 30%. 

Aliás, reduzir a taxa de esforço, baixando as prestações mensais ao mesmo tempo que se prolonga o prazo do crédito, é precisamente um dos principais objetivos da consolidação. 

Pode calcular a sua taxa de esforço com recurso ao Simulador de Taxa de Esforço

Como aumentar a probabilidade de aprovação da consolidação de crédito 

  • Reunir e organizar todos os documentos com antecedência: Ter a declaração de IRS, recibos de vencimento, extratos bancários e restante documentação atualizada facilita o processo e transmite confiança à entidade financeira. 
  • Garantir que não existem prestações em atraso: Mesmo que os valores em dívida sejam reduzidos, convém regularizar antes de avançar com o pedido. 
  • Evitar novos créditos enquanto o processo está em análise: Solicitar mais financiamento durante a avaliação da consolidação pode reduzir as probabilidades de aprovação. 
  • Recorrer a um intermediário de crédito: Um profissional especializado pode ajudá-lo a perceber se cumpre os critérios, apresentar a documentação certa e a negociar melhores condições junto das instituições. 

Quando faz sentido consolidar créditos? 

A consolidação de créditos pode ser uma ferramenta poderosa de reorganização financeira – mas não é a melhor opção para todos os casos. Estas são algumas das situações em que esta solução pode trazer vantagens claras: 

1. Quando tem várias prestações mensais a pesar no orçamento 

Se está a pagar vários créditos em simultâneo – como crédito automóvel, cartões de crédito, crédito pessoal, etc. – e sente dificuldade em cumprir todas as obrigações, consolidar pode simplificar e aliviar a sua gestão financeira. Em vez de vários débitos mensais, passa a ter uma só prestação, com uma taxa de juro potencialmente mais baixa

2. Quando a taxa de esforço é elevada 

Se mais de 35% a 40% do seu rendimento mensal líquido está comprometido com prestações de crédito, pode estar a entrar numa situação de sobreendividamento. Nestes casos, a consolidação pode ser uma forma de baixar a prestação mensal e reequilibrar a taxa de esforço

3. Quando está a pagar taxas de juro muito elevadas 

Os cartões de crédito estão entre os produtos com taxas de juro mais altas no mercado. Consolidar este tipo de dívida num crédito com TAEG (taxa anual de encargos efetiva global) mais baixa pode representar uma poupança significativa ao longo do tempo

4. Quando tem prestações em atraso iminente 

A consolidação de créditos pode ser uma forma de evitar entrar em incumprimento. Ao reestruturar os pagamentos mensais, é possível voltar a ter controlo sobre o orçamento e cumprir com as obrigações. 

5. Quando precisa de novo financiamento e quer evitar aumentar a taxa de esforço 

Em alguns casos, a consolidação de créditos pode permitir acesso a financiamento adicional, sem que a prestação mensal aumente muito – precisamente porque o prazo é alargado e os créditos são unificados. No entanto, esta opção deve ser bem ponderada para não agravar a situação financeira. 

6. Quando quer simplificar a gestão financeira 

Mesmo que consiga cumprir com todas as prestações, pode querer simplificar a sua vida financeira. Ter apenas uma prestação, uma data de pagamento e uma entidade financeira a gerir pode reduzir o risco de esquecimentos ou atrasos, além de facilitar o controlo do orçamento. 

Situações em que pode não fazer sentido consolidar os créditos 

  • Quando a consolidação implica um aumento demasiado grande do prazo, tornando a dívida mais cara no total (montante total imputado ao consumidor – MTIC elevado); 
  • Quando tem créditos com boas taxas de juro e sem dificuldades em pagá-los; 
  • Se tem dívidas pequenas que podem ser liquidadas rapidamente; 
  • Se a nova prestação não representa uma poupança real ou uma comodidade significativa face à situação atual. 

Leia ainda: MTIC e TAEG: Os melhores amigos na comparação de propostas de crédito 

Como funciona a consolidação de crédito? 

Depois de perceber o que é, quais as vantagens e em que situações pode ser útil, é importante saber como funciona a consolidação de crédito na prática. Estes são os principais passos do processo: 

1. Análise da situação financeira atual 

O primeiro passo é fazer uma avaliação rigorosa dos seus créditos em curso – número de contratos, montantes em dívida, taxas de juro, prestações mensais, prazos, comissões e seguros associados. Além disso, é necessário analisar: 

  • Rendimento mensal líquido (individual ou do agregado); 
  • Taxa de esforço atual; 
  • Existência de incumprimentos ou prestações em atraso; 
  • Historial de crédito. 

Esta análise ajuda a perceber se a consolidação é viável e vantajosa. 

2. Simulação da consolidação de crédito 

Com base nos dados recolhidos, são feitas simulações com diferentes instituições financeiras para encontrar a melhor proposta possível. Nesta fase, é essencial comparar as diferentes propostas, considerando: 

  • A nova prestação mensal; 
  • A TAEG; 
  • O MTIC; 
  • A duração do novo contrato; 
  • Comissões, seguros e outras despesas associadas. 

3. Entrega da documentação 

Se decidir avançar, deverá reunir e entregar todos os documentos exigidos para a análise formal da proposta. Estes documentos serão analisados pela instituição para verificar se cumpre os critérios de aprovação. 

4. Aprovação e liquidação dos créditos existentes 

Se a consolidação tiver luz verde, o novo crédito é formalizado e o montante aprovado é usado para liquidar os créditos existentes junto das respetivas entidades. Passa assim a pagar uma única prestação mensal, correspondente ao novo contrato. 

Na maioria dos casos, esta liquidação é feita diretamente pela nova entidade financeira ou pelo intermediário de crédito que acompanha o processo. 

5. Início do novo plano de pagamentos 

Depois de concluído o processo, começa a pagar a nova prestação única, com as condições acordadas: prazo, valor mensal, taxa de juro e eventuais encargos. 

A partir daqui, é essencial manter o controlo financeiro, evitando recorrer a novo crédito de forma precipitada. Afinal, a consolidação deve ser um ponto de viragem para melhores hábitos financeiros. 

Leia ainda: 10 atitudes para mudar a sua vida financeira 

O que é necessário para pedir uma consolidação de crédito? 

Os documentos necessários podem variar ligeiramente entre instituições, mas estes são os mais comuns: 

  • Cartão de Cidadão ou documento de identificação válido; 
  • Comprovativos de rendimento (ex.: os três últimos recibos de vencimento, pensões ou outros rendimentos regulares); 
  • Declaração de IRS do último ano; 
  • Notas de liquidação do IRS; 
  • Comprovativo de IBAN (número de conta); 
  • Comprovativo de morada (ex.: fatura de eletricidade, água ou telecomunicações); 
  • Recibos de rendas (normalmente dos últimos três meses); 
  • Extratos bancários recentes (normalmente dos últimos 3 meses); 
  • Comprovativos dos créditos atuais (ex.: contratos ou extratos com saldos em dívida, prestações, prazos e entidades credoras). 

Além desta documentação, é importante que tenha também uma lista dos créditos que pretende consolidar, dos montantes em dívida, prazos remanescentes, taxas de juro e seguros associados a cada crédito. Caso recorra a um intermediário de crédito, será orientado ao longo de todo o processo. 

Crédito consolidado com ou sem hipoteca: Qual a diferença? 

No crédito consolidado com hipoteca, é utilizado um bem imóvel como garantia ao empréstimo. Esta segurança adicional permite à instituição de crédito ficar mais confortável em emprestar-lhe dinheiro, pelo que a taxa de juro deverá ser mais baixa. Por outro lado, em caso de incumprimento, a sua casa poderá ser dada como reembolso ao banco

Em alguns casos, considerados de maior risco, a inclusão de uma hipoteca poderá ser a única forma de obter a consolidação. No entanto, para quem tem as duas opções disponíveis, a escolha depende do perfil do cliente, do valor da dívida e do tipo de ativos disponíveis (como um imóvel em nome próprio). 

CRÉDITO CONSOLIDADO 

SEM HIPOTECA

COM HIPOTECA

Não exige garantias reais (como um imóvel) 

Risco de perder o imóvel dado como garantia 

Prazo mais curto (normalmente até 84 ou 120 meses) 

Prazos mais longos (20 anos ou até mais, dependendo da idade) 

Taxas de juro mais elevadas do que nas soluções com hipoteca 

Taxas de juro mais baixas, uma vez que o risco para o banco é menor 

Montantes mais limitados (normalmente até 75.000 euros) 

Montantes mais elevados (podem ser superiores a 100.000 euros) 

Como escolher a melhor solução de consolidação de crédito? 

Ao longo deste guia, vimos que há várias formas de reunir os seus créditos num só. Mas como saber qual a solução mais adequada ao seu caso? A resposta depende de vários fatores: o montante total da dívida, a sua taxa de esforço, a existência (ou não) de garantias reais, a urgência em reduzir a prestação mensal e a sua estabilidade financeira. 

Avaliar as condições da proposta 

Antes de tomar qualquer decisão, é essencial comparar as várias propostas disponíveis no mercado. Para isso, deve ter em conta os principais indicadores: 

  • Taxa anual nominal (TAN) – Reflete os juros cobrados anualmente pela instituição financeira, sem incluir comissões ou outros encargos. 
  • TAEG – Engloba a TAN e todos os custos associados ao crédito, como comissões, seguros e impostos. Permite uma comparação mais realista entre diferentes propostas. 
  • MTIC – Corresponde ao valor total que terá de pagar até ao final do contrato. Quanto mais baixo, melhor. 
  • Prazos – Um prazo mais alargado reduz a prestação mensal, mas pode aumentar o custo total do crédito. Deve encontrar um equilíbrio entre o que consegue pagar e o que faz sentido a longo prazo. 
  • Comissões – Verifique se há comissões de abertura, de processamento, de reembolso antecipado ou outras. 
  • Seguros associados – Algumas soluções exigem seguros de vida ou proteção ao crédito. Confira o impacto desses custos na prestação final. 

Comparar propostas de várias instituições 

Nem todas as instituições financeiras oferecem as mesmas condições. O ideal é analisar várias opções, especialmente se estiver a consolidar um valor significativo. Pode usar simuladores online ou recorrer ao apoio de um intermediário de crédito para receber propostas personalizadas e adequadas ao seu perfil. 

Além disso, nem todos os bancos trabalham com consolidações com hipoteca ou aceitam clientes com um nível de risco mais elevado – por exemplo, com uma taxa de esforço acima do recomendado. 

Verificar a credibilidade do intermediário de crédito 

Se decidir recorrer a um intermediário, certifique-se de que está autorizado e registado no Banco de Portugal. Um bom intermediário de crédito: 

  • Analisa a sua situação financeira de forma gratuita; 
  • Explica de forma clara todas as condições associadas à proposta; 
  • Ajuda a organizar a documentação; 
  • Acompanha o processo até à conclusão da consolidação. 

Adequar a solução à sua realidade 

Por fim, a melhor solução de consolidação é aquela que lhe permite recuperar o controlo das suas finanças, sem comprometer a sua estabilidade futura. Evite cair na tentação de aproveitar para contrair novos créditos logo após a consolidação. Lembre-se: o objetivo principal é reduzir a pressão financeira e não aumentar o endividamento. 

Casos práticos 

Para compreender melhor como os indicadores referidos podem afetar a prestação mensal e o custo total da dívida, vejamos três simulações (meramente exemplificativas) com situações distintas. 

Caso 1 – Sem hipoteca, crédito moderado 

  • Dívida atual: 25.000 euros (créditos pessoais e cartões) 
  • Prestação total atual: 780 euros 
  • Nova proposta: crédito consolidado sem hipoteca, 84 meses, TAEG de 16 % 
  • Nova prestação: 470 euros 
  • MTIC: cerca de 40.200 euros 

Nesta proposta, a prestação mensal desce de forma significativa, embora o custo total da dívida aumente devido à TAEG e ao prazo. Poderia ser uma boa solução para quem precise de folga no orçamento mensal e não disponha de garantias. 

Caso 2 – Com hipoteca, dívida elevada 

  • Dívida atual: 85.000 euros (créditos pessoais + crédito automóvel) 
  • Prestação total atual: 1.350 euros 
  • Nova proposta: crédito consolidado com hipoteca sobre imóvel próprio, 300 meses, TAEG de 6,1 % 
  • Nova prestação: 585 euros 
  • MTIC: cerca de 105.300 euros 

Esta proposta permitiria reduzir muito significativamente a prestação, com uma taxa de juro mais baixa. Apesar de exigir um imóvel como garantia e apresentar custos de formalização, esta solução poderá ser a mais vantajosa a longo prazo. 

Caso 3 – Montante baixo, sem hipoteca 

  • Dívida atual: 8.000 euros (dois cartões de crédito) 
  • Prestação total atual: 260 euros 
  • Nova proposta: crédito consolidado sem hipoteca, 60 meses, TAEG de 15,8% 
  • Nova prestação: 185 euros 
  • MTIC: cerca de 11.300 euros 

Aqui, a redução da prestação é mais modesta. Como o montante é baixo, o custo total da dívida aumenta.️ Pode ser uma solução útil para simplificar pagamentos e evitar as elevadas taxas de juro dos cartões, mas, provavelmente, seria preferível amortizar a dívida diretamente, se possível.  

Estas simulações mostram que a consolidação de crédito deve ser sempre avaliada de forma personalizada. Focar-se apenas na redução da prestação mensal pode ser enganador, uma vez que o montante total imputado ao consumidor tende a aumentar. Por outro lado, escolher unicamente a opção com menor custo total nem sempre é a decisão mais acertada para quem precisa de aliviar a taxa de esforço no imediato. 

Avaliar todos os indicadores – prestação, prazo, TAEG e MTIC – permite tomar uma decisão informada, ajustada às suas necessidades e objetivos financeiros. 

Independentemente de optar ou não pela consolidação, o fundamental no que respeita ao crédito é a disciplina financeira. Encare a consolidação como uma ferramenta para facilitar a sua gestão do dinheiro e cumprir objetivos, de modo responsável, e não como uma forma mágica de fugir aos problemas, sob pena de voltar a uma situação complicada em breve.   

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Perguntas frequentes sobre consolidação de crédito 

A consolidação de crédito baixa o valor total da dívida? 

Nem sempre. O objetivo principal da consolidação de crédito é reduzir a prestação mensal, através da extensão do prazo e da negociação de uma nova taxa de juro. Por isso, é normal que o montante total imputado ao consumidor aumente. O que se ganha, geralmente, é alguma folga orçamental no curto e médio prazo. 

Posso escolher os créditos que quero consolidar? 

Sim. Regra geral, é possível indicar quais os créditos que pretende incluir na consolidação – desde que sejam elegíveis.  

Há limites de valor para consolidar? 

Sim. Cada instituição define os seus limites mínimos e máximos. Em Portugal, a maioria dos créditos consolidados sem hipoteca situa-se entre 2.500 e 75.000 euros. Acima desses valores, poderá ser necessário apresentar garantias, como um imóvel. 

Posso incluir créditos em nome de duas pessoas? 

Sim, é possível consolidar créditos que estejam em nome de dois titulares. Neste caso, ambos serão responsáveis pelo pagamento da nova prestação, e as condições da consolidação irão refletir a análise conjunta das finanças de cada um. 

Quanto tempo demora o processo? 

Depende da entidade e da complexidade do processo. Em situações simples, o processo pode demorar entre 24 e 48 horas após a entrega de toda a documentação. No caso de consolidação com hipoteca, o prazo pode prolongar-se por algumas semanas, devido à necessidade de avaliação do imóvel e outros trâmites legais. 

O crédito consolidado implica seguros? 

A contratação de um seguro associado a um crédito pessoal não é obrigatória por lei. Mas as instituições financeiras podem exigir a subscrição de alguns seguros para conceder o empréstimo, sobretudo em situações de maior risco. 

No caso de consolidação com hipoteca, podem também ser necessários seguros como o multirriscos-habitação (obrigatório em apartamentos) ou o de vida (que, apesar de não ser obrigatório por lei, é requerido por todos os bancos). 

Posso voltar a ter cartões de crédito após consolidar? 

Pode, mas não é recomendável. Ao consolidar créditos, o ideal é adotar uma postura de maior controlo financeiro, evitando novas linhas de crédito que possam comprometer o equilíbrio conquistado. Muitas instituições exigem, inclusive, o encerramento dos cartões durante o processo. 

A consolidação de crédito pode penalizar-me no acesso futuro a crédito habitação? 

Não. Um dos critérios mais importantes para que uma instituição bancária lhe conceda crédito é a sua taxa de esforço. Portanto, ao reduzi-la através da consolidação de crédito, estará, à partida, com uma situação financeira mais saudável. Isto partindo do pressuposto que, após a consolidação, não contraiu novos créditos, aumentando a taxa de esforço. 

A consolidação de crédito afeta a minha pontuação de crédito? 

Sim. A consolidação pode provocar uma redução temporária na sua pontuação de crédito, pois representa uma reestruturação da dívida. Contudo, se cumprir as novas obrigações, a sua pontuação pode recuperar e até melhorar com o tempo. 

O que acontece se não conseguir pagar o crédito consolidado? 

Tal como em qualquer crédito, o incumprimento pode levar a penalizações, registo no Banco de Portugal como devedor em incumprimento, ações judiciais e, em casos com garantia hipotecária, à perda do imóvel. Por isso, é essencial garantir que a nova prestação é comportável e ajustada ao seu orçamento. 

Posso amortizar o crédito consolidado antecipadamente? 

Sim. O crédito pode ser amortizado total ou parcialmente, mesmo antes do fim do contrato. Tenha em atenção que poderá haver uma comissão de reembolso antecipado, normalmente de 0,25 % a 2 %, consoante o tipo de crédito. 

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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