Saiba como gerir melhor os seus cartões de crédito

No início de 2019, o Gabinete de Protecção Financeira da DECO alertou para aumento de famílias endividadas face ao ano anterior. Segundo os dados revelados pelo GPF, em média, os consumidores têm cinco créditos, sendo a maioria créditos de consumo.

Pelos dados registados e pedidos de ajuda deste ano, é possível que o número de sobre-endividados continue aumentar em Portugal nos próximos tempos. Segunda uma entrevista de Natália Nunes, Directora do GPF, ao Jornal Público "Em 2019, vemos as pessoas a pedirem-nos ajuda relativamente a créditos contratados em 2018, sobretudo cartões de crédito".

Perfil do sobre-endividado português

Segundo o Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado da DECO, estes são os traços de portugueses mais endividados:

Ao ver o agravamento desta situação, apresentamos 5 conselhos úteis para ajudá-lo a gerir melhor a sua vida financeira, mas principalmente os seus cartões de crédito.

Um orçamento familiar é fundamental para não se endividar

Muitos portugueses não têm o hábito de fazer um orçamento familiar, o que acaba muitas vezes por levar a descontrolo das finanças.

Se ainda não tem um orçamento familiar está na altura de começar por anotar os seus rendimentos mensais, deduzir as despesas fixas e variáveis aos seus rendimentos. Lembre-se que para ter uma boa gestão financeira deve sempre sobrar uma quantia para despesas inesperadas, e se possível algum dinheiro para poupanças ou fundo de emergência.

Um dos erros mais comuns é fazer um orçamento familiar que cobre as despesas à risca, pois há sempre uma forte probabilidade de aparecer uma despesa inesperada.

Lembre-se que os pequenos gastos mensais, compras extras que costuma fazer, entre outros, também devem ser incluídos no orçamento familiar. Tudo aquilo em que gasta dinheiro mensalmente deve estar registado para que a gestão do orçamento seja feita corretamente.

Em caso de dúvida pode sempre consultar os vários artigos sobre orçamento familiar no nosso Portal.

Calcule a sua taxa de esforço e tente que esta não ultrapasse o valor ideal

Quando vai pedir um crédito, o banco calcula a taxa de esforço do agregado familiar para perceber se este tem condições para conseguir pagar mensalmente a prestação do empréstimo.

O cálculo é simples: [Total de Prestações Financeiras / Rendimento do Agregado Familiar] x 100 = total em percentagem.

Segundo os dados avançados pela DECO, existem muitos portugueses com uma taxa de esforço nos 80% devido à acumulação de créditos. Com taxas de esforço altíssimas fica impossível ter uma vida financeira despreocupada.

Taxa de esforço: Qual o valor ideal e a percentagem que não deve ultrapassar?

Se já tem um crédito (seja este habitação, automóvel ou de consumo), calcule a sua taxa de esforço antes de pedir um novo empréstimo ou pedir um cartão de crédito. A sua taxa de esforço não deve passar os 50%, pois a juntar ao pagamentos dos seus créditos estão todas as suas despesas mensais, como a água, luz, gás, pacote de tv e internet, telemóveis, alimentação, educação, saúde, impostos, entre outras.

Segundo vários especialistas financeiros, o ideal é que a taxa de esforço não ultrapasse os 35% para ter uma vida financeira estável. Por isso se puder abater um crédito com algo dinheiro extra não hesite em fazê-lo sempre que possível. Embora seja frustrante usar o dinheiro extra para abater uma dívida, na maioria das vezes é a melhor opção que pode tomar.

A importância das datas de vencimento da fatura do cartão de crédito.

Como referido anteriormente, os cartão de crédito são a principal razão para muitas famílias portuguesas estarem sobre-endividadas. Na maioria dos casos os problemas com os cartões de crédito começam por não pagarmos a fatura dos mesmos a tempo e horas.

Seja por esquecimento ou por má gestão do orçamento mensal, a verdade é que sempre que se atrasa no pagamento do seu cartão de crédito, seja o pagamento na totalidade ou em prestações, o banco irá cobrar juros. Desta forma a sua dívida de cartão de crédito começa a aumentar, e cada vez que se atrasa fica mais difícil de gerir a mesma.

Dica: faça um planeamento dos seus pagamentos mensais, colocando alarmes para alguns dias antes da data de vencimentos dos seus pagamentos. Pague logo as suas despesas fixas quando recebe ou guarde o dinheiro e pague assim que seja possível. Não deixe os pagamentos para a data limite.

Ler mais: Cartão de crédito, amigo ou inimigo da poupança?

Pague sempre que possível a fatura do seu cartão de crédito a 100%

Outro dos grandes problemas associados à má gestão de um cartão de crédito é a divisão de um pagamento em várias vezes, pagando o mínimo possível. Quando usa o seu cartão de crédito lembre-se que tem uma data limite definida para o pagamento do montante utilizado.

Se pagar na totalidade o valor que gastou dentro da data limite não terá que pagar juros.

Muitos portugueses optam por pagar a fatura do seu cartão de crédito em várias prestações, podendo escolher entre pagamentos de 75% até 3% do valor da dívida. Quanto menor for a percentagem que escolher, mais juros irá pagar, elevando o valor em dívida. Se não consegue mesmo saldar os 100% da sua dívida no prazo estipulado, opte sempre pela percentagem mais elevada que pode pagar.

A utilização do cartão de crédito deve ser feita de forma inteligente

Nunca nos devemos esquecer que os cartões de crédito representam um empréstimo a um banco ou a uma entidade financeira. O plafond do cartão deve ser usado em situações muito específicas e de forma inteligente.

Se utiliza o cartão de crédito para pagar as suas despesas correntes saiba que está a cometer um grave erro na sua gestão financeira. Todas as suas despesas correntes devem ser pagas com os ordenados ou pensões do agregado familiar. O cartão de crédito deve apenas ser usado com despesas extras que não pode pagar naquele mês, mas vai saldar o mais rápido possível.

Lembre-se que ter vários cartões de crédito só vai agravar a sua situação financeira.

Se quer fazer uma compra, mas o seu orçamento mensal já está no limite, já tem créditos e quer continuar a pagar todas as suas despesas, só tem duas opções: ou desiste da compra, ou poupa dinheiro mensalmente até conseguir comprar aquilo que pretende. Por vezes temos que passar por algumas privações para termos uma vida financeira saudável e estável.

Se precisa de ajuda para resolver alguns problemas financeiros ou reduzir o valor dos seus empréstimos, não hesite em contactar um especialista na área financeira. O Doutor Finanças pode ajudá-lo a ter a uma vida financeira mais estável, e com muito menos preocupações.