Finanças pessoais

Como ensinar as crianças a poupar

A literacia financeira deve ser introduzida desde cedo na vida das crianças. A noção da importância do dinheiro e da poupança será relevante para a vida adulta.

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Como ensinar as crianças a poupar

A literacia financeira deve ser introduzida desde cedo na vida das crianças. A noção da importância do dinheiro e da poupança será relevante para a vida adulta.

Hoje assinala-se o Dia Mundial da Criança. Um dia que é aproveitado por muitos para mimar os mais pequenos da casa. Esses mimos que muitas vezes também se traduzem em ofertas de coisas que a pequenada tanto queria.

Mas será que eles sabem o que é necessário para se adquirir esses presentes e que é necessário poupar para comprá-los? Esta pode ser então uma boa oportunidade para explicar a importância do dinheiro e da poupança na nossa vida, e aproveitar os famosos ditados populares, como por exemplo “Grão a grão enche a galinha o papo”, para reforçar a ideia.  

Não se esqueça que: as crianças são o futuro. Eles serão a próxima geração que irá lidar com a economia, o emprego, os créditos e as dívidas. Por isso, é muito importante que, desde cedo, tenham contacto com alguns termos financeiros para que consigam ir percebendo a importância da poupança e de ter um orçamento

Leia ainda: Educar para ser livre: a importância da literacia financeira

Como devo explicar-lhes o que é a poupança? 

Uma vez que a educação começa pelo exemplo, é importante que, tanto na área financeira como em qualquer outra área, mantenha sempre a coerência entre aquilo que explica e aquilo que pratica. Ou seja, muitas vezes, os próprios adultos são os primeiros a terem alguma dificuldade em gerir o seu próprio dinheiro, tornando assim o processo de explicar às crianças ainda mais complicado.

Portanto, primeiro que tudo, é importante que os tutores mostrem aos mais pequenos como as suas práticas diárias permitem que tenham uma carteira mais saudável. Para tal, deve começar por demonstrar comportamentos financeiros responsáveis, tais como: elaborar mensalmente um orçamento familiar, ter um fundo de emergência e poupar regularmente. 

O segundo passo passa por adotar algumas estratégias. Por exemplo, um método que se revela bastante eficaz junto dos mais pequenos e que ainda está pouco explorado em Portugal é o “Spend, Save, Share”, que em português significa “Gastar, Poupar, Ajudar”. A base desta metodologia tem como ponto de partida a ideia de divisão do dinheiro em três mealheiros que representam três diferentes fins a dar ao dinheiro. O primeiro mealheiro corresponde ao “Gastar” e tem como finalidade alocar o dinheiro para as despesas já existentes e para o que pretende realizar no imediato. Já o mealheiro do “Poupar” vai ajudá-lo a que tenha a noção de que tem de deixar algum montante de parte para poder fazer algum investimento maior no futuro, por exemplo. Com o mealheiro do Ajudar, está também a introduzir uma noção de solidariedade e de partilha com os outros, aumentando a consciência social das crianças. 

Foi também inspirado neste método que nós, Doutor Finanças, nos inspiramos para lançar o nosso primeiro livro infantil “Doutor Finanças e a Bata Mágica”. 

Mealheiros livro doutor finanças

Leia ainda: Literacia financeira com brinquedos: como as crianças podem aprender o valor do dinheiro?

Quanto é que as crianças devem poupar e gastar? 

Explorando as ideias de o método “Gastar, Poupar e Ajudar”, este pode ser aplicado em diversas proporções que vão evoluindo com as necessidades específicas de cada faixa etária. Nas crianças podemos aplicá-lo prevendo que 50% das suas receitas sejam usadas para poupar e aplicar no futuro em algo que queiram ou precisem, 40% para gastar nas despesas correntes, e 10% para ajudar alguém ou uma causa em que acreditem. Por exemplo, se der 1€ ao seu filho, este poderá utilizá-lo da seguinte maneira: 

  • 0,50€ para o mealheiro do poupar, um valor que pode ser utilizado para "projetos" futuros
  • 0,40€ para o mealheiro do gastar, um valor disponível para despesas do dia-a-dia; 
  • 0,10€ para o mealheiro do ajudar, um valor que é doado a causas e instituições de ajuda à sociedade. 

Esta é uma regra simples, fácil de seguir e que pode ser o começo da educação financeira das crianças. Desta forma, os mais pequenos vão conseguir perceber que não devem gastar o euro por inteiro, e que este deve ser rentabilizado em várias frentes. 

Pode ainda incentivá-los a poupar, explicando que ao colocarem dinheiro de parte poderão, mais tarde, comprar aquele brinquedo, roupa ou outra coisa que tanto querem. 

Leia ainda: Como utilizar a regra 50-40-10 para as crianças aprenderem a poupar?

Existe um momento adequado para as crianças começarem a poupar?

Não existe uma idade ou um momento exato que seja o mais adequado. Tal como já mencionámos, quanto mais cedo introduzir a literacia financeira na vida das crianças, melhor.

Contudo, o aconselhado é que a partir dos 3/4 anos de idade já comece a explicar-lhe alguns conceitos básicos. Ao longo dos anos, e com a entrada deles para a escola, poderá introduzir novos conhecimentos da poupança e da gestão de dinheiro.

Com o tempo também vai acabar por surgir a necessidade de existir uma semanada/mesada.

Se ainda não introduziu este tema ao seu filho, não se preocupe, nunca é tarde para o fazer. O importante mesmo é que os mais novos tenham acesso à educação financeira de maneira a que possam gerir da melhor forma o seu dinheiro no futuro.

Devo dar mesada ou semanada ao meu filho? 

Com a atribuição de uma mesada/semanada ao seu filho, vai estar a incutir-lhe a responsabilidade de tomar decisões sobre o seu próprio dinheiro. Por isso, esta decisão deve também ela ser baseada nas idades das crianças e/ou jovens em questão.

Aconselhamos que comece primeiro por dar um valor semanal, pois a criança ainda não terá uma boa noção de gerir dinheiro a um prazo longo de 30 dias. Na idade da adolescência poderá passar a dar uma mesada, uma vez que a criança passa a ter mais sentido de responsabilidade e já aprendeu alguns conceitos importantes na gestão do dinheiro. 

Leia ainda: Mesada para crianças – um guia prático

E quanto devo dar? 

Não existe um valor certo a dar, tudo vai depender da sua realidade e a do seu filho. Primeiro, deve verificar o seu orçamento familiar, tendo sempre em conta todas as suas despesas fixas mensais, como por exemplo as mensalidades dos créditos, as despesas com transporte e alimentação. A partir daí defina um valor justo para os dois e coloque esse mesmo valor como uma nova despesa fixa do vosso orçamento familiar, tendo sempre em conta que em certas alturas poderá variar.  

É muito importante que deixe bem claro que encargos passarão a ficar a cargo dessa mesma semanada/mesada, incentivando sempre a poupar parte dela.

No caso de o seu filho gastar todo o dinheiro que lhe foi dado antes do tempo, deverá explicar-lhe que o dinheiro não é uma fonte inesgotável e mostrar-lhe como poderá fazer uma melhor gestão no futuro. Contudo, é importante que não lhe dê mais dinheiro do que aquele que foi estipulado, para que possa aprender que da próxima vez deve aguardar antes de gastá-lo rapidamente.   

Aconselhamos a que a semanada e a mesada não sejam recompensas por tarefas que fazem parte da rotina diária de uma criança, como arrumar o quartou ou estudar.  

Leia ainda: Está a dar a semanada certa aos seus filhos? 

Veja ainda outros vídeos sobre o valor do dinheiro e sobre o que é essencial e acessório:

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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