Os débitos directos são um recurso com diversas, mas poderão ter um impacto negativo nas nossas finanças? Esclareça as suas dúvidas com a ajuda deste artigo.
Pedro Pais é o fundador do financaspessoais.pt e do forumfinancas.pt. O Pedro é um dos maiores promotores de literacia financeira em Portugal contribuindo com centenas de artigos, ferramentas e simuladores que ajudam as pessoas a poupar, a investir ou a decifrar os mistérios da fiscalidade.
Os débitos directos são uma forma prática e automática de pagar contas recorrentes (água, gás, electricidade,…), mas serão uma boa ideia para quem quer gerir eficazmente as suas finanças pessoais?
Na minha opinião são, pois apresentam as seguintes vantagens:
- Comodidade;
- Segurança;
- Potencial de poupança.
Comodidade
Ao automatizar os pagamentos recorrentes vai poupar tempo e paciência, que pode utilizar noutras actividades de maior valor acrescentado ou de lazer. Se contabilizar o tempo que demora a pagar cada uma das contas (nunca menos de 5-7 minutos por cada) e comparar isso com os 5 minutos que vai passar a necessitar para conferir o extracto bancário (confere o extracto, não confere?), vai rapidamente aperceber-se que pode ganhar muito tempo para si.
Segurança
Se pensa que os débitos directos são uma carta branca para as empresas lhe cobrarem o que bem entendem, desengane-se:
- Quando cria uma autorização de débito directo pode (e deve) colocar um limite por cada débito. Desta forma qualquer débito acima desse valor é automaticamente rejeitado pelo banco;
- Se por acaso lhe cobrarem um valor que considera indevido, pode exigir ao seu banco que lhe credite a conta até 30 dias após o crédito, sem ter de dar qualquer explicação. Para confirmar este e outros mecanismos de protecção ao devedor, consulte o caderno de débitos directos do Banco de Portugal.
Potencial de poupança
Automatizar os pagamentos é uma das vertentes de uma gestão financeira equilibrada (automatizar a poupança e os investimentos são outras, mas isso fica para um próximo artigo). Ao fazê-lo vai dispor de mais tempo para analisar os seus custos, sendo que certamente encontrará oportunidades de os baixar (pode por exemplo simular qual será a melhor tarifa de electricidade para si).
Adicionalmente, evitará o pagamento de multas e reactivações de serviços porque se esqueceu de pagar alguma conta a tempo.
Sugestões importantes
Para que tudo corra bem com os débitos directos, deixo-lhe as seguintes sugestões:
- Coloque sempre um limite de valor para as autorizações de débito directo que criar;
- Não se esqueça de guardar 5 minutos por mês para confirmar que os débitos efectuados correspondem às facturas que lhe dizem respeito;
- Garanta que a sua conta dispõe dos fundos necessários;
- Se detectar alguma inconformidade numa factura, mande cancelar imediatamente a autorização de débito directo e se a sua conta já tiver sido debitada peça ao banco para reverter a operação;
- Não use os débitos directos como forma de se esquecer das suas obrigações. Periodicamente verifique as suas contas e veja se é possível optar por alternativas mais baratas;
- Utilize o fórum para partilhar as suas experiências e dúvidas.
Já agora! Mantenha as suas finanças controladas nas compras na internet e leia o artigo “5 regras para proteger os seus cartões em compras online”.
Comentários
25 comentários a “Débitos directos: sim ou não?”
Facil na altura de subscrever. Experimentem tentar cancelar……
A nova legislação é uma aberração ao dar unicamente ao prestador do serviço ou bem, a possibilidade de anular a ADC. O dono da conta não tem mais essa opção.
Por mim dispenso.
Caderno do banco de portugal:
http://www.spc.pt/DL/sobrespc/historia/cadernosdobancodeportugaldebitosdirectos.pdf
Olá Pedro,
a página apontada pelo link “caderno de débitos directos do Banco de Portugal” já não existe. É possível actualizar?
Obrigado.
Ola a todos, tenho uma duvida, qual e a data em que o debito e realizado? a equivalente ao ultimo dia do prazo de pagamento da factura normal? obrigada
Ou seja.. quando o serviço da mais problemas que soluções….
Enfim tirem as vossas conclusões.
@alm,
O melhor é mesmo consultar o seu banco e perguntar-lhes o porquê de não terem autorizado o débito.
Bom dia, A minha situação é a seguinte, Tenho um crédito automovel em que o débito directo está no contracto a ser efectuado a cada dia 4 do mês, este mês ainda não efectuaram o debito, liguei para lá a perguntar porquê e disseram que o debito foi recusado por falta de verbas e que agora me vão cobrar juros de mora (30 euros). Retirei o extracto do meu banco e verifiquei que o pagamento do meu salário foi feito no dia 4, sendo assim teria saldo para efectuar o debito! É possivel que tenham ido ao banco proceder o débito de manhã e eu recebi a transferencia do ordenado apenas de tárde, mas náo tenho até ao final do dia para fazer o pagamento? Espero resposta breve Obrigado
@Fábio,
À partida tudo dependerá do que estiver contratado entre si e o Cetelem (e o preçário deles). Tem alguma informação sobre isso?
Boa tarde, estou com uma duvida que no futuro pode virar um problema. Comprei um portatil e fiz debito direto na minha conta que tambem tem o debito da casa, como ficou com um mês em atrazo todo o dinheiro que entra o banco retira e falta dinheiro para o debito do portatil que cobram 3,75 pela devolução.
Atravez do banco fiz o cancelamento do debito, so que continuam a fazer a cobrança da devolução e o mês de Novembro passou ser 20 euros. Já liguei a empresa Cetelem e falaram que não tem jeito tenho que pagar.
Agora pergunto, a Cetelem esta certa ou posso fazer o cancelamento e pagar atravez da fatura?
OBS: nunca atrazei um pagamento sempre em dia.
É tão importante conferir a factura do talho, como conferir o extracto do banco.Oa bancos enganam-se mais do que muitos possam imaginar e, mesmo depois, do erro detectado, demoram uma eternidade a corrigir o erro.Dou um exemplo, contractei em 2001 um crédito pessoal, no âmbito do encerramento de uma empresa, onde era sócio, em virtude nessa empresa, haver uma c/c caucionada e , sendo eu o sócio maioritário, aceitei pagar na ínbtegra esse passivo.Dei uma hipoteca e negociei um taxa, razoável atendendo ao risco da operação.Em 2003 a taxa euribor começa a baixar e o banco cobrava-me sempre o mesmo.O empréstimo estava indexado á euribor+spread .Em 2006 reclamei das importâncias pagas em excesso.Deram-me razão, mas, só depois de eu pagar o empréstimo na íntegra e faltavam ainda 2 anos (2008) é que creditaram +-2500 euros.Descordei dos valores, uma vez que tive capital estéril durante 4 anos.Aguarda ainda, que me sejam creditados valores referentes a esses capitais não remunerados.
@RF,
Quando cobram indevidamente o BANCO (não a entidade à qual pagou) é obrigado a a devolver-lhe o dinheiro, sem que sequer tenha de dar nenhuma justificação.
Digamos que a opção dos débitos directos é essencialmente uma opção de poupança de tempo.
O meu comentário vai ser simples e directo: não dou autorização a ninguem a ter qualquer tipo de acesso directo ao meu dinheiro, à minha conta. Resultado? Zero problemas com cobranças indevidas.
Se uma empresa me cobrar indevidamente, não deveria ter eu direito a aceder à conta deles e reaver o meu dinheiro? Então pq hão-de ter eles acesso à minha??
Quando cobram indevidamente, não devolvem imediatamente…
@Paulo,
Não vejo motivos para que seja diferente daquilo que acontece com o MB.
O caderno do Banco de Portugal, apenas fala em multibanco como sendo a forma automática, caso seja processado pelo banco terá de se confirmar os dados junto de quem apresenta a cobrança, a minha duvida está, quando efectuamos a operação via internet, não funciona como se fosse ir ao multibanco ?
Se alguem conseguir desfazer a minha duvida, para não ter surpresas posteriormente, fico agradecido.
Um abraço
Sónia,
Podes cancelar/alterar/consultar uma ADC, a qualquer hora e em qualquer momento, numa ATM (com o cartão afecto à conta da autorização).
Existe ainda um outro problema com os débitos directos, e que a maioria das pessoas acaba por deixar andar e não deveria.
Os próprios bancos confirmam que as pessoas têm um crédito a ser pago por débito directo. Após o seu término, devemos de nos dirigir ao banco (ou fazê-lo através da internet, que também é possível) cancelar essa autorização da nossa conta.
Mesmo em relação aos bancos temos que estar atentos, a mim aconteceu-me à pouco tempo, que apesar de ainda ter uma conta jovem, com débitos na conta, com domiciliação do ordenado, debitaram-me a anuidade do cartão. Liguei para a CaixaDirecta (para mim um serviço essencial), fiz a minha reclamação por telefone e restituiram-me o dinheiro na conta.
Se todas as pessoas tivessem atentas talvez eles não continuassem a tentar…
Bom trabalho
http://clientebancario.bportugal.pt/ , convém saber que nós consumidores finais temos uma palavra a dar, de consentimento ou não. Neste link, exclarece as dúvidas frequentes deste tipo de operações.
No entanto, como em tudo convém estarmos atentos e isso é uma responsabilidade que cabe a cada um de nós individualmente.
@Maria,
Compreendo perfeitamente a sua preocupação, mas há que distinguir comodidade de desleixo.
Os débitos directos devem ser vistos como uma forma de nos facilitar a vida, mas não devemos incorrer no erro de deixar de confirmar os débitos efectuados e compará-los com as facturas recebidas.
O seu caso é um daqueles (supondo que esse tipo de operação é débito directo e não se enquadra noutro regime) em que podia ter exigido ao banco a anulação imediata e incondicional do débito. Atenção que isto não é um favor, é um direito que tem (veja no link do BdP que deixei no artigo) e para o qual nem sequer precisa de dar qualquer explicação.
Digamos que no caso dos débitos directos, em caso de lapso, deve agir-se da seguinte forma:
1 – A entidade credora manda debitar X na conta;
2 – Esse valor está errado;
3 – O devedor (nós) exige ao banco o cancelamento do débito;
4 – O banco cancela (obrigatoriamente) o débito;
5 – Falamos com a entidade credora para perceber o que se passou.
Caro Pedro, sou uma leitora apenas ocasional (e acho o seu blog fantástico!), mas em relação a este post, não podia discordar mais:
– ao colocar um limite devemos sempre dar uma margem para meses em que gastamos mais e aí, uma factura errada pode ter cabimento,
– o débito directo, a não ser para pessoa extremamente regradas é mais uma forma de “desgoverno”, porque acho que a maioria das pessoas não confirma nada.
– por outro lado, saber que a conta cai e é paga automaticamente faz com que olhemos menos para a factura e detectar gastos exagerados e perder oportunidades de controlar o que se gasta
– aconteceu-me com o seguro da casa. Eu já o havia cancelado, mas a funcionária do banco, por descuido (desleixo? de propósito?) perdeu a informação e não fez o cancelamento, resultado, paguei um seguro que não tinha que pagar e o estorno foi reduzido dos dias que passaram até a situação se resolver…
Sinceramente, a insistência das empresas no débito directo pareceme uma vantagem só para elas. Perder algum tempo a controlar pagamentos e gastos parece-me um investimento e não uma perda.
Há dias fui confrontada inclusivamente com uma ONG em que os donativos só podiam ser feitos por débito directo, fiquei indignada.
Bem haja
Aconselho vivamente a não se optar por esta modalidade na TVCabo…que agora se chama ZON. É altamente inseguro pois são de uma desorganização arrepiante.
Concordo inteiramente com o comentário da D.Esperança Silva pois com a comidade de hoje em dia, pago as contas no mesmo dia em que elas chegam ao correio, no conforto do sofá, no banco online. Conferir extractos e cruzá-los com as facturas recebidas demora a meu ver muito mais.
São só os meus 5 escudos.
Grande abraço e continuação de um dos blogs mais úteis que conheço!
@Pedro
Excelente.
Corroboro a sua opinião, pois os bancos enganam-se mais vezes do que supomos, salvaguardando a dedicação extrema da maioria dos bancários.
Bons conselhos que deveriam ser adoptados por todos.
@João Seabra,
Não sei se o problema era a construção frásica, mas se sim já está corrigido.
Pedro:
“… qualquer explicação, até 30 dias após o …” débito.
Sobre os débitos directos, na minha modesta opinião não são só vantagens, tem até uma grande desvantagem, o pormenor da maioria das entidades não seguirem rigorosamente um dia certo para o débito, muitas das vezes oscilam entre vários dias diferentes e complica a vida a quem tem o orçamento definido por datas! A EDP até define um calendário anual e segue-o á risca, mas existem muitas entidades que não o fazem!
Hoje em dia com o sistema on-line fazemos os nossos pagamentos com toda a comodidade sem ter de perder tempo em filas intermináveis nas mais diversas secções que precisamos ;-))
Fiquem bem
Muito útil 😉