Está preparado para os aumentos de preços?

O que as coisas podem mudar em apenas um mês… Mais uma vez, quando pensávamos que estávamos a sair de uma crise e que íamos a caminho de uma fase de recuperação económica, volta tudo atrás e com nuvens muito negras no horizonte. Uma guerra a dezenas de milhares de quilómetros vai mais uma vez colocar um desafio imenso às nossas finanças pessoais. Como vai lidar com os problemas que aí vêm?

Um deles - e o que é menos visível a olho nu - é a inflação. Ou seja, os preços das coisas estão cada vez mais caros e os nossos salários continuam iguais. Ou seja, o dinheiro que ganhamos rapidamente vai deixar de ser suficiente para manter o nosso atual custo de vida ou vai ser cada vez mais difícil viver como estamos habituados.

Vamos a números. A inflação em fevereiro (de 2022) subiu para 4,2%. É o máximo em uma década. No mês anterior, janeiro, era de 3,1%. Como devem imaginar, esta escalada é preocupante. E não vai parar por aqui.

O INE (Instituto Nacional de Estatística) identifica dois setores principais para esta subida da inflação: a energia (combustíveis, eletricidade, gás, etc.) e a alimentação. Em apenas duas semanas, o gasóleo subiu cerca de 30 cêntimos e a gasolina cerca de 20 cêntimos. 

Registaram-se filas como há muito não se via nos postos de combustível para tentar abastecer antes dos aumentos. Ou seja, muitos portugueses foram para as filas esperar uma hora ou mais para pouparem 7 euros num depósito (0,14 € x 50 litros). Será que faz sentido este tipo de poupança?

Bem, de um ponto de vista puramente matemático, faz. Sete euros é uma poupança, mas recordo aos mais distraídos que desde 1 de janeiro o gasóleo já subiu 16 cêntimos e as pessoas provavelmente continuaram a abastecer nos postos mais caros, achando que é normal.

Não é com atitudes de corrida aos postos de combustível apenas nos fins de semana de grandes aumentos que se combate a inflação. É no dia-a-dia, todas as semanas, todos os meses. Pegando num contexto militar, combater a inflação é uma guerra de trincheiras, de resistência e de paciência.

Infelizmente, com a guerra na Ucrânia, temo que estes valores da inflação não fiquem por aqui.

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Como se pode proteger?

Procurando ativamente os preços mais baixos no mercado nos dois setores que referi. Tem de perder (investir) tempo a procurar os preços de eletricidade e gás mais baratos, o posto de combustível mais barato perto de si e correr dois ou 3 hipermercados para tentar conter os seus gastos com alimentação sem perder qualidade de vida.

Os muitos portugueses que perderam duas horas na fila para abastecer o carro, são provavelmente os mesmos que dizem no dia-a-dia que não têm tempo para renegociar o contrato de eletricidade, gás ou para trocar para um banco grátis e deixar de pagar 7 euros por mês em comissões de manutenção de conta.

Se quiser combater a sua inflação pessoal, vai ter de recorrer - se ainda não o faz - aos folhetos dos hipermercados e aproveitar todas as promoções e vales de desconto

Aproveite para comprar em quantidade quando encontrar preços abaixo do normal. Se puder, aproveite alguns bons preços na Makro, Recheio e similares. Basta passar recibos verdes para pedir o cartão deles.

Se conseguir conter os custos nestas duas grandes categorias vai poder baixar a sua inflação pessoal.

Note que o INE vê os preços das prateleiras para calcular a inflação, mas você não é obrigado a comprar aos preços que lá estão, nem é obrigado a abastecer no posto da marca mais cara da sua cidade, ou a continuar a pagar a eletricidade ao preço de ouro quando há empresas que são mais baratas. Essa é a parte que está nas suas mãos.

Há muitas situações em que as pessoas só gastam mais se quiserem.

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