Qual é a sua taxa de ansiedade?

Qual é a taxa de juro do seu crédito? Qual é a sua taxa de esforço? Qual o retorno potencial dos seus investimentos? Estas são perguntas habituais a que já nos acostumámos. Mas há outra questão que devemos conseguir responder: qual é a sua taxa de ansiedade?

Diria mesmo que a resposta a esta última pergunta deve ser dada antes de tomar qualquer decisão, seja de endividamento, seja de investimento.

Leia ainda: Os juros estão a subir, o que nos espera e o que fazer?

Mas afinal o que é isto da taxa de ansiedade?

Não é nada mais, nada menos, do que a nossa capacidade de lidar com imprevistos e oscilações que não controlamos. Saber qual é a nossa taxa de ansiedade é fundamental para tomarmos decisões financeiras.

Esta taxa vai permitir percebermos qual é a melhor solução de financiamento para o nosso perfil e, claro, as soluções de investimento que melhor se adequam à nossa realidade.

Quanto mais ansiosos somos, maior proteção devemos garantir, de forma a reduzirmos este ruído na gestão do nosso dia a dia.

Uma das perguntas que mais me têm feito nos últimos meses é se é melhor optar por uma taxa fixa, mista ou variável. E é neste ambiente que surge a taxa de ansiedade. Porque a resposta a esta questão não é linear. Depende de vários fatores, em especial da forma como lidamos com o desconhecido e da nossa capacidade financeira para enfrentar “surpresas”.

Leia ainda: Como evitar a ansiedade financeira?

Crédito habitação: Taxa fixa, variável ou mista?

Desde o ano passado que sentimos o efeito da subida de juros. Quem tem crédito habitação, associado a uma taxa variável, tem visto os seus encargos com a prestação aumentarem. E foi este contexto que levou muitas pessoas a procurarem a taxa fixa. Porquê? Para se protegerem da subida de juros.

Será esta a melhor decisão? Depende. Tal como disse anteriormente, depende de vários fatores, sendo que, neste artigo, vou concentrar-me apenas na taxa de ansiedade, que é o tema que me traz aqui.

Se eu for uma pessoa com uma taxa de ansiedade alta, devo optar por uma taxa fixa. Se sou uma pessoa que lida mal com as oscilações dos juros, então o melhor é proteger-me. Não nos podemos esquecer que, ao contratar uma taxa fixa, vamos pagar um prémio. Uma boa analogia é o seguro de vida. Pagamos este seguro sempre na esperança de nunca precisarmos de o usar.

A taxa fixa funciona como uma rede de proteção que temos para casos extremos. Serve para não termos dores de cabeça no futuro, para termos a tranquilidade e o descanso de que o valor da prestação não oscila.

Por outro lado, se tivermos uma taxa de ansiedade média, podemos optar por uma taxa mista, em que, durante um período pequeno (dois ou três anos), temos a taxa fixa, à espera que este período de maior turbulência atenue.

Já se não temos ansiedade de todo, optar por uma taxa variável pode ser a melhor decisão. Isto numa perspetiva otimista de que as taxas vão descer num futuro próximo, o que não é um cenário tão longínquo quanto se possa pensar. Já existem alguns indicadores que apontam para a possibilidade de descidas no segundo semestre.

Na prática, precisamos de perceber se conseguimos acomodar as oscilações dentro do nosso orçamento e se conseguimos dormir tranquilamente num período de maior turbulência.

Olhando para o comportamento histórico da Euribor, temos provas de que a médio/longo prazo compensa mais optar por ter o crédito indexado a uma taxa Euribor do que a uma taxa fixa. Contudo, este não deve ser o argumento de decisão. O importante é garantirmos que temos capacidade financeira para enfrentar estes períodos, por mais pequenos que sejam.

Resumindo, antes de avançarmos para um crédito habitação, a primeira coisa a medir é a nossa taxa de ansiedade. Depois, temos três opções, sendo que uma delas é muito mais stressante (taxa variável), e outra muito mais tranquila, mas com um prémio em termos de custo (taxa fixa).

Já sabe qual é a sua taxa de ansiedade?

Leia ainda: Juros a subir: Até onde pode aumentar a prestação do meu crédito?