Com a pandemia e a digitalização, quais são as profissões do futuro mais procuradas?

Quais as profissões do futuro que vão ter mais procura nos próximos cinco anos? Quais as grandes áreas de desenvolvimento? Estas são algumas perguntas que o mais recente estudo do World Economic Forum tenta responder.

O ano de 2020 viu muitas alterações na atuação das empresas. Com a pandemia do Covid-19, muitos trabalhadores foram para casa e estiveram em teletrabalho a maior parte do tempo. Assim, em vez de reuniões e pausas de cafés, vieram as teleconferências, o coaching à distância e uma maior atenção para as pessoas não se sentirem isoladas. A transformação digital atingiu em força as empresas, que tiveram de investir em infraestruturas e competências para continuar o seu trabalho através do meio digital.

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Do lado dos trabalhadores, muitos viram as suas carreiras congeladas, principalmente em setores mais afetados pela pandemia, como o turismo, transportes, viagens. Por isso, houve uma maior preocupação na requalificação de competências, para que pudessem desenvolver as suas competências num meio mais digital. Assim, o que se pode pensar sobre as profissões do futuro?

O crescimento da automação vai ditar os empregos do futuro

Segundo o relatório "The Future of Jobs Report", do World Economic Forum (WEF), o ritmo de adoção tecnológica é expectável que se mantenha e que até tenha acelerado em algumas áreas.

As principais tendências de evolução verificam-se no campo da Cloud Computing (soluções em nuvem), Big Data e E-commerce (comércio eletrónico), tendo sido as principais prioridades reportadas por empresários que participaram no estudo. Contudo, a nova tecnologia tem custos humanos associados: 43% dos empresários que participaram no inquérito indicaram que estão a pensar reduzir a sua força laboral, devido à integração tecnológica, e 41% planeiam expandir o uso de fornecedores para trabalho focado em tarefas; bem como 34% apontam que vão contratar mais profissionais.

Até 2025, estima-se que o trabalho será repartido por humanos, máquinas e algoritmos.

Do ponto de vista da criação de emprego, os empresários esperam reduzir funções redundantes, mas também haverá novos postos de trabalho. Contudo, o estudo indica que a destruição de emprego devido à adoção da tecnologia está a ser mais rápida do que a criação de emprego devido à digitalização, pelo que é preciso as empresas e os trabalhadores adaptarem-se a este novo contexto.

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Nas profissões do futuro, quais as competências mais procuradas?

Com este cenário em que existe um maior "gap" entre as competências dos trabalhadores e as competências pedidas, é necessário investir na requalificação. Em média, as empresas estimam que 40% dos seus trabalhadores vai precisar de requalificação de 6 ou menos meses; e 94% dos lideres reportam que esperam que os empregados desenvolvam novas competências no trabalho (uma subida grande, comparado com os 64% reportados no mesmo relatório realizado em 2018).

O interesse na formação e na educação online cresceu muito, pois o número de indivíduos à procura de oportunidades de aprendizagem online por iniciativa própria quadruplicou. No entanto, há diferenças para quem está empregado e para quem não tem emprego. Os que estão empregados são a grande maioria destes participantes e procuram cursos de desenvolvimento pessoal. Já aqueles que estão desempregados focam-se mais em aprender competências digitais, como análise de dados, ciências de computação e tecnologias da informação. 

Segundo o relatório, as competências mais procuradas estão ligadas ao pensamento crítico, competências analíticas, resolução de problemas, bem como soft skills como capacidade de aprendizagem, resiliência, flexibilidade e tolerância ao stress.

Do lado dos colaboradores, 84% sabem que rapidamente os seus processos de trabalho vão passar pela digitalização e que o trabalho remoto é uma tendência para ficar. Considerando o tema da produtividade e do bem-estar, cerca de um terço de todos os empregadores espera tomar medidas para criar um maior sentimento de comunidade, coneção e um sentimento de pertença entre os colaboradores através de ferramentas digitais e também enfrentar desafios que a mudança para o trabalho remoto traz. 

Quais as profissões do futuro?

Enfrentar os desafios da disrupção tecnológica juntamente com uma recessão económica é um tremendo desafio tanto para empresas como colaboradores.

Um dos principais destaques da pandemia foi ter forçado a transformação digital das funções e dos trabalhos, colocando em perspetiva que há funções que podem desaparecer nos próximos anos e que há novos trabalhos a aparecer.

Estas são as 10 profissões com mais procura e as 10 profissões cuja procura vai diminuir nos próximos cinco anos:

Profissões com maior procuraProfissões com menor procura
1Analistas e Cientistas de DadosSuporte administrativo na introdução de dados
2AI e Machine Learning (especialista de)Secretárias administrativas e executivas
3Big Data (especialista de)Profissionais administrativos de contabilidade e pagamentos
4Marketing e Estratégia digitais (especialista de)Contabilistas e auditores
5Automação de processos (especialista de)Trabalhadores de fábrica
6Desenvolvimento de negócio (profissionais)Gestores de Serviços e Administração
7Transformação Digital (especialista de)Trabalhadores de Informação e Serviço ao Cliente
8Profissional de Segurança InformáticaGestores de operações
9Developer de software e aplicaçõesReparadores de maquinaria e mecânica
10Internet of Things (especialista de)Responsáveis por material de gravação
Fonte: Future of Jobs Survey 2020, World Economic Forum

O que podemos esperar da transformação digital das empresas pós-pandemia?

A "Quarta Revolução Industrial" está assente na disrupção que a automação vai trazer às empresas e aos colaboradores. E a pandemia exacerbou as transformações digitais que já estavam a decorrer nos últimos anos. Ainda não é possível perceber as consequências a longo prazo, principalmente as indústrias afetadas.

Considerando o quadro das profissões mais procuradas, o desafio mais relevante para negócios, governos e cidadãos é perceber como o mercado de trabalho global vai gerir a extensão da automação do trabalho humano, tentando chegar a um maior equilíbrio entre humanos, máquinas e algoritmos.

Além disso, é necessário investir rapidamente na requalificação de funções e competências de colaboradores, uma vez que a criação de trabalho está a começar a ser mais lenta que a destruição de postos de trabalhos, afetando aquelas que podem ficar para trás nesta nova evolução. Por isso, é urgente também aumentar a proteção social para colaboradores de risco enquanto a requalificação é feita, para que se possam explorar novas oportunidade no mercado.