Vou comprar uma casa que precisa de obras. Como fazer?

O aumento dos preços das casas nos últimos anos tem colocado os portugueses a fazerem contas à vida. A solução pode passar pela compra de uma casa a precisar de obras. Apesar de o processo ser mais demorado e trabalhoso, pode sair mais barato do que comprar uma casa pronta a habitar.  

Existem duas formas de obter financiamento quando pretende comprar uma casa que necessita de obras: pode solicitar um crédito habitação e obras ou um crédito pessoal para obras.

crédito habitação e obras é um dois-em-um. Trata-se de um empréstimo que engloba o montante para a compra da casa e para as obras a realizar na habitação em questão. Este produto tem como garantia a hipoteca do imóvel. Nesta opção, normalmente, as taxas de juro são mais baixas e os prazos de reembolso mais alargados. 

Por outro lado, o crédito pessoal para obras consiste num crédito ao consumo tradicional. Optar por este produto envolve menos burocracia e o processo de aprovação costuma ser menos complexo do que o anterior. Contudo, este tipo de crédito tem, por norma, taxas de juro mais elevadas e um prazo de reembolso mais curto, o que se pode traduzir numa prestação mensal mais alta.  

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Como é feita a avaliação?

Se optar por um crédito habitação e obras, é necessário fazer a avaliação do imóvel. No entanto, este procedimento é feito de uma forma diferente, uma vez que a habitação não está pronta a habitar.  

Deve avaliar-se o imóvel já considerando a obra concluída e é aplicada uma percentagem de depreciação, tendo em conta o estado atual. Ou seja, quando se inicia uma obra de remodelação, o perito estima o valor atual e o valor final.  E, para isso é necessário apresentar o projeto/orçamento da obra.

Por exemplo, a casa a necessitar de obras é avaliada em 150 mil euros. Contudo, é valorizada em mais 50 mil euros, que dizem respeito ao financiamento específico para a remodelação. O banco vai disponibilizar até 90% dos 150 mil euros em primeiro lugar - que dizem respeito ao crédito para a aquisição do imóvel. O restante - até 90% dos 50 mil euros - é libertado por tranches ao longo das obras.

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O dinheiro das obras é libertado por fases

Durante as obras, o perito vai fazendo vistorias, para que o banco vá libertando as tranches do financiamento correspondente até à conclusão do projeto. Como o dinheiro só é libertado após as vistorias, o cliente tem de ter algum fundo de maneio para avançar com as obras.

As vistorias têm um custo, que acresce à comissão da avaliação. O valor depende de banco para banco e é cobrado sempre que houver uma vistoria. Depois de uma pesquisa pelos preçários dos bancos a operar em Portugal, é possível perceber que o custo pode superar os 200 euros por cada vistoria. 

O número de vistorias necessárias também depende da entidade onde contratou o crédito e do tipo de projeto de obra. Por regra, as entidades financeiras vão libertando tranches do financiamento à medida que vão fazendo as vistorias e verificando que o que estava no projeto está a ser cumprido.