Juros dos depósitos com maior aumento em 11 anos

No arranque deste ano, os bancos voltaram a aumentar a remuneração paga pelas poupanças dos portugueses, refletindo a subida progressiva das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu (BCE). Ainda que os juros dos depósitos em Portugal continuem entre os mais baixos da Zona Euro, a subida registada em janeiro foi a mais expressiva dos últimos 11 anos.

De acordo com os dados do Banco de Portugal, a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares aumentou de 0,35%, em dezembro, para 0,56%, em janeiro, o maior acréscimo mensal desde janeiro de 2012.

A trajetória de aumentos iniciou-se em outubro do ano passado, quando a taxa de juro média passou de 0,05% para 0,24%, voltou a subir em novembro para 0,35%, tendo-se mantido inalterada no último mês do ano. Em janeiro alcançou então os 0,56%, o nível mais alto desde outubro de 2015 (0,61%). Quer isto dizer que há mais de sete anos que os bancos em Portugal não pagam tanto pelos depósitos das famílias.

A acompanhar a subida dos juros, também o montante de novos depósitos cresceu em janeiro. Foram 5.727 milhões de euros em novos depósitos a prazo, acima de 5.156 milhões em dezembro. Quase um quinto deste montante (19%) correspondeu a depósitos com prazo entre 1 e 2 anos, remunerados a uma taxa de juro média de 1,13%, que compara com 1% no mês anterior.

Juros dos depósitos: Portugal mantém-se abaixo da média do euro

Com o aumento dos juros observado em janeiro, Portugal deixou o último lugar da lista dos países do euro que menos paga pelos depósitos. No entanto, com uma taxa de juro de 0,56%, mantém-se muito abaixo da média dos parceiros da moeda única, que é de 1,64%.

Atrás de Portugal surgem apenas a Croácia, Chipre e Grécia, cuja taxa de juro média dos novos depósitos se fixou, em janeiro, nos 0,14%, 0,25% e 0,49%, respetivamente.

No que respeita às empresas, a remuneração média dos depósitos em Portugal aumentou pelo quinto mês consecutivo, tendo passado de 0,97%, em dezembro, para 1,05% no arranque do ano.

Segundo o Banco de Portugal, os novos depósitos a prazo de empresas totalizaram, em janeiro, 4.883 milhões de euros, dos quais 98% foram aplicados em depósitos a prazo até 1 ano.

Bancos concederam menos crédito

Os dados do Banco de Portugal mostram também que os bancos concederam 1.920 milhões de euros de novos empréstimos aos particulares, menos 102 milhões do que em dezembro. Os montantes concedidos em janeiro foram inferiores aos do mês anterior em todas as finalidades.

No crédito habitação, a taxa de juro média dos novos empréstimos passou de 3,24%, em dezembro, para 3,32% em janeiro, uma subida inferior à registada no mês anterior. No que respeita ao crédito ao consumo, a taxa de juro média aumentou de 7,97% para 8,48%.

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Crédito habitação: 24% dos novos contratos já são com taxa mista

A análise do Banco de Portugal mostra que, apesar de os portugueses continuarem a preferir a taxa variável no crédito habitação, a opção pela taxa mista tem aumentado nos últimos meses, com a subida dos juros.

Do montante total de novos empréstimos concedidos para a compra de casa, em janeiro, 24% foi com taxa mista. Esta modalidade de juros representava apenas 7% do montante total de novos empréstimos em setembro, subiu para 9% em outubro, para 13% em novembro e para 16% em dezembro, tendo alcançado agora os 24%, ou seja, praticamente um quarto do valor dos novos contratos. A taxa variável viu o seu peso diminuir para 69%, enquanto a taxa fixa manteve o seu peso de 7%.

Ao mesmo tempo, as renegociações também aumentaram o seu peso no montante de novos empréstimos à habitação, passando de 22%, em dezembro, para 32%, em janeiro. Esta percentagem diz respeito aos contratos renegociados em que a renegociação não resultou de uma situação de incumprimento e na qual os clientes tiveram participação ativa.

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