Alugar um cofre no banco: Como proceder e quais os custos?

Tem objetos valiosos em casa e gostava de encontrar uma forma mais segura de os guardar? Pois bem, a solução pode passar por alugar um cofre num banco. Na verdade, esta é uma das formas mais seguras de guardar bens de algum valor sem ser propriamente dinheiro.

Ainda assim, esta é uma solução que ainda poucos estão familiarizados ou até que desconhecem. Por outro lado, pode representar custos elevados e que por isso exige uma avaliação cuidada da situação. Em seguida explicamos porquê, as vantagens e desvantagens bem como os cuidados que deve ter.

Porque deve alugar um cofre no banco?

Conforme já referido, alugar um cofre num banco para guardar objetos valiosos (ou até dinheiro) é a forma mais segura de proteger os seus pertences de valor. Na prática, está a transferir para o seu banco a responsabilidade de guardar os seus valores. Digamos que, o que é seu fica protegido por um sistema altamente seguro e a boa noticia é que não precisa de cuidar dele pois o banco encarrega-se de o fazer por si.

Assim, deve analisar todos os pros e contras e se realmente se justifica tomar esta medida.

Em primeiro lugar, para alugar um cofre tem de entrar em contato com o seu banco e pedir para fazer um contrato de aluguer de um cofre. Em seguida, o banco vai solicitar-lhe vários documentos e terá obrigatoriamente de ser certificado pelo sistema. Como não poderia deixar de ser, este processo vai ter custos. Assim, pode contar com a cobrança de várias taxas e comissões.

Após alugar o tão desejado cofre, é-lhe dada a preciosa chave. Vai precisar dela sempre que quiser aceder ao seu “tesouro”.

Qualquer pessoa pode alugar um cofre, mas existem bancos que exigem que quem fizer o contrato tenha uma conta à ordem ativa no banco e outros que apenas alugam aos seus clientes que subscreverem determinados produtos financeiros.

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Quais os custos de alugar um cofre no banco?

Pois é, este serviço paga-se e não é propriamente barato. Em outras palavras, terá de pagar:

Assim sendo, analise e faça bem as contas. Desde que tenha possibilidades económicas de o fazer, vale sempre a pena! Vejamos em seguida mais ao detalhe os custos que deve considerar.

Comissão de celebração do contrato

Nalguns bancos, mal assina o contrato de aluguer, começa logo a pagar a uma taxa. É como se fosse uma “prendinha” no mau sentido, para início deste processo.

Caução

Em seguida, depois de assinada a papelada, vem a famosa caução. Esta é o valor que tem de pagar para receber a chave. Ainda assim, como o próprio nome indica, se tudo correr bem, esse valor é-lhe devolvido quando terminar o contrato.

No entanto, se perder a chave do cofre pode considerar este valor como perdido. Por isso, cuide bem da sua chave, guarde-a religiosamente!

Nalguns casos, se perder a chave e quiser que lhe abram o cofre, poderá ter de pagar uma comissão de arrombamento.

Anuidade

Além dos custos já referidos, alugar um cofre no banco implica ainda o pagamento de um valor anual fixo – a chamada anuidade. Este valor varia consoante a instituição e o tamanho do cofre escolhido.

Comissões de visita

Mas os custos ainda não acabaram! Ou seja, tem mais umas comissões a pagar! Isto porque, o banco vai exigir-lhe que pague sempre que quiser aceder ao conteúdo do cofre.

Ainda assim, alguns bancos apenas cobram esta comissão após “X” número de visitas no mesmo ano.

Por fim, além de todos os custos já enumerados, pode contar ainda com os custos de manutenção da conta à ordem, quase sempre exigida para a celebração de um contrato de aluguer do cofre.

Alugar um cofre no banco: exemplos de tarifários em vigor

Nesta altura já deve ter percebido que, alugar um cofre no banco pode custar-lhe várias centenas de euros por ano. Por outro lado, conforme já referido, os preços variam de banco para banco e de acordo com o tamanho do cofre.

Em seguida, a título de exemplo, indicamos os preços em vigor de alugar um cofre em 4 dos principais bancos de Portugal.

De salientar ainda que, aos preços abaixo indicados, acresce IVA, nomeadamente no:

BPI – Aluguer trimestral

Tamanho (dm3)            

0 a 20 - custa 25,00€

21 a 50 - custa 37,50€

51 a 100 - custa 50,00€

101 a 200 - custa 75,00€

1842 - 424,00€

3045 - 623,50€

Caução – custa 130€ (acresce ainda Imposto de selo - 0,6%)

Visitas – custam 5€

Caixa Geral de Depósitos (CGD) – Aluguer anual

Tamanho (dm3)

0 a 20,99 - 55,00€

21 a 30,99 - 77,00€

31 a 50,99 - 110,00€

51 a 130,99 - 165,00€

131 a 180,99 - 220,00€

181 a 600,99 - 330,00€

601 a 1699,99 - 792,00€

mais de 1700 – 1.900,00€

Celebração de novo contrato - 5,25€

Caução - 175€ (acresce imposto de selo - 0,6%)

Visitas - 5,00€

Millenium BCP – Aluguer Anual

Tamanho (dm3)

0 a 20,99 - 47,50€

21 a 30,99 - 62,50€

31 a 50,99 - 93,75€

51 a 100,99 - 125,00€

101 a 130,99 - 156,25€

131 a 300 - 250,00€

Caução - 200,00€

Visitas  5,00 €

Santander – Aluguer Anual

Tamanho (dm3)

0 a 10 - 47,00€

10,01 a 20 - 49,00€

20,01 a 30 - 64,00€

30,01 a 40 - 92,50€

40,01 a 50 - 100,00€

50,01 a 75 - 122,50€

75,01 a 100 - 138,50€

100,01 a 130 - 187,50€

130,01 a 180 - 247,50€

180,01 a 300 - 260,00€

300,01 a 450 - 280,00€

450,01 a 600 - 320,00€

600,01 a 750 - 375,00€

750,01 a 1000 - 500,00€

mais de 1000,01 - 720,00€

Caução - 180,00€ (acresce imposto de selo - 0,6%)

Visitas - 5,00€

Em suma, conforme podem verificar, os preços variam consoante o banco e o tamanho do cofre. De notar que, em alguns bancos o aluguer é trimestral enquanto noutros (a maioria) é anual. O custo das visitas é igual em todos bancos, sendo os restantes custos variáveis conforme a instituição bancária. Por fim, importa referir que, destes quatro bancos como exemplo, o único que cobra taxa de celebração do contrato é a CGD.

Leia ainda: Como evitar as comissões de manutenção de conta?

Vantagens de alugar um cofre no banco

Nunca é demais reforçar que alugar um cofre no banco é importante sempre que quiser guardar algo de muito valor.

Maior segurança

Na verdade, quando se tem bens valiosos em casa, a qualquer momento pode acontecer um imprevisto e de repente ficamos sem nada. Por exemplo, pode haver um roubo, um incêndio ou num desastre natural. Como reagiria se acontecesse consigo?

Ora, os bancos, pela responsabilidade que têm a seu cargo, estão mais bem preparados para lidar com algum imprevisto como os acima enumerados. Os edifícios apresentam uma maior segurança do que qualquer uma das nossas casas. Aqui tudo está mais seguro.

Confidencialidade

Além disso, num banco assegura também a confidencialidade dos seus pertences. Aqui ninguém lhe vai perguntar o que tem dentro do cofre, nem mesmo o Estado tem esse direito! Afinal de contas, o que está dentro do cofre é secreto.

Dimensão do cofre

Por fim, outra vantagem de alugar um cofre no banco é a dimensão que estes podem ter. Ou seja, no banco pode ter um cofre muito maior do que aquele que teria em casa. Contudo, nestes casos a anuidade é mais elevada. Ainda assim, é sempre preferível e compensa sempre mais do que comprar um cofre do mesmo tamanho e instalá-lo em casa.

Desvantagens de alugar um cofre no banco

Como quase tudo na vida, nem tudo são só vantagens. Assim, alugar um cofre no banco pode também ter alguns contras. É isso que explicamos em seguida.

A localização

Um dos principais problemas é a localização. Isto porque, os bancos não têm cofres em todas as sucursais. Regra geral, os bancos concentram os cofres todos no mesmo estabelecimento.

Assim, nalguns casos, poderá ter de se deslocar a um balcão específico sempre que quiser guardar ou aceder aos seus valores (e pode não ser assim tão perto de sua casa).

Pouca oferta

Outra desvantagem a considerar é a oferta limitada. Em outras palavras, os bancos têm poucos cofres para aluguer, e pode dar-se o caso de apenas estar disponível um cofre maior do que o que precisa. Nesse caso,  pode contar com uma subida da anuidade.

Há casos, inclusive, em que os bancos não disponibilizam cofres ao público em geral. Ou seja, reservam os cofres apenas a clientes de outros produtos bancários.

Não é 100% seguro

Por último, importa salientar que alugar um cofre no banco não significa que tem os seus bens 100% seguros. Ou seja, em boa verdade, nem sequer existe um seguro de depósito para o que está guardado nos cofres. Isto acontece, pois, os bancos não perguntam o que guardamos no cofre. Assim, se tiver o azar de haver um roubo ou outro incidente do género, pode perder os pertences que lá estavam guardados.

Ainda assim, a probabilidade de ter um incidente que o leve a perder os seus valiosos bens, é muito maior em sua casa do que em qualquer instituição bancária.

Por último, mas não menos importante, poderá autorizar outras pessoas a aceder ao cofre, mediante o cumprimento das regras que o banco estipular. Tal pode implicar a apresentação de documentação de identificação e recolha de assinaturas a cada visita.

De recordar ainda que, desde junho de 2021, os bancos são obrigados a transmitir ao Banco de Portugal dados mensais sobre os clientes a quem alugam cofres. A medida surgiu no âmbito das novas regras de prevenção do branqueamento de capitais.

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