Conta ordenado: ter ou não ter?

Certamente, numa das visitas ao seu banco, já lhe foi sugerida a abertura de uma conta ordenado. Mas será que este serviço é mesmo vantajoso para si?

Ter uma conta ordenado significa mais do que ter acesso a um descoberto autorizado. Se o seu banco o considerar elegível, este benefício poderá realmente ser uma ajuda nos meses de maior aperto. No entanto, a conta ordenado inclui outras características além desta.

Abaixo explicamos-lhe o que é, quais os riscos e os benefícios, bem como a melhor forma de fazer uma utilização responsável da sua conta ordenado.

O que significa ter uma Conta Ordenado?

Ter uma conta ordenado significa que está a fazer a domiciliação do seu vencimento numa determinada instituição bancária. Trata-se uma conta de depósito à ordem para onde a sua entidade patronal faz a transferência do seu vencimento.

A esta conta está também associada aquela que é considerada a maior vantagem de todas, o descoberto autorizado.  Se o banco o considerar elegível poderá utilizar um “plafond extra“, que pode atingir 100% do valor total do seu ordenado. No fundo, é como se lhe estivessem a disponibilizar o salário do mês seguinte ou parte dele. 

A conta ordenado, normalmente, tem associada uma linha de crédito que funciona como um suporte ou garantia de liquidez para despesas inesperadas. No final do mês, quando lhe é depositado o ordenado, este crédito que lhe foi concedido é devolvido automaticamente ao banco, acrescentando as respectivas comissões e juros.

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Quais os benefícios?

Existem dois grandes benefícios associados às contas ordenado, para além do descoberto autorizado.

“Existe algum risco para as minhas finanças pessoais?”

Sim. Não se esqueça que apesar das vantagens acima referidas se trata de um crédito, a muito curto prazo, mas ainda assim um crédito. Este poderá ainda ter associadas taxas de juros que são semelhantes às dos cartões de crédito.

Se, por outro lado, às taxas de juros associarmos o convite ao consumo que este “plafond extra” representa facilmente perceberá que este benefício poderá ser o primeiro passo para perder o controlo às suas finanças.

Como?

Utilizando um descoberto de 100% uma vez, o cliente passa a estar "na mão" da entidade bancária. Se utilizou o plafond extra todo, só quando ocorrer uma entrada de dinheiro extra (subsídio de férias ou Natal, por exemplo) é que o saldo voltará a ser positivo. Se ao dia 20, por exemplo, já utilizou o valor do ordenado e o plafond extra todo, quando o seu salário entrar de novo na conta será apenas para cobrir a dívida do descoberto. Isto significa que para as suas despesas do mês voltará a ter de utilizar o descoberto autorizado.

Assim, sem se aperceber entrou numa espiral de endividamento que necessita de combater (A Renegociação de Créditos poderá ser uma solução para si).

"Então não devo ter uma conta ordenado?"

Apesar dos riscos esta pode de ser uma opção válida, se utilizada com disciplina e responsabilidade.

Uma das formas de se proteger um pouco mais é não aceitar que lhe seja atribuído um descoberto bancário a 100%. Faça as contas às despesas que caem na sua conta logo no início do mês (exemplo: renda da casa) e negoceie com o seu banco um valor razoável para fazer face às mesmas, no caso de algum atraso no seu salário, por exemplo.

Mais seguro ainda será conseguir fazer um “pé de meia” para fazer face a imprevistos imediatos.

Se para além de ter ultrapassado plafond da conta ordenado também fez outros créditos, talvez ainda haja saída e consiga recuperar a saúde das suas finanças. O Doutor Finanças pode ajudá-lo através do Crédito Consolidado, que vai permitir que junte o montante do descoberto utilizado ao valor dos créditos em apenas um, com uma taxa de juro mais baixa que média de todos os créditos que realizou. 

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