Hidrogénio: O que é e como pode poupar com esta “força da natureza”

O hidrogénio tem vindo a conquistar adeptos e é apontado como a energia do futuro. Portugal, a par da União Europeia, definiu em 2020 uma estratégia para a exploração do hidrogénio, enquanto pilar da transição para uma economia descarbonizada.

Mas, o que sabemos afinal sobre este gás? As principais questões que se colocam passam por saber onde se encontra, se é perigoso, como se utiliza ou se é efetivamente uma energia limpa. Contudo, pode também questionar-se se, afinal, o hidrogénio pode ser um aliado das suas poupanças.

Para que possa conhecer melhor esta "força da natureza", respondemos a estes, e outros, pontos centrais deste tema.

Hidrogénio: o 1.º elemento da tabela periódica

O hidrogénio foi descoberto no século XVI, mas só dois séculos depois foi reconhecido como elemento autónomo. É a substância mais simples que existe na natureza e está em quase tudo: solo, água, fauna e flora.

De acordo com a AP2H2 – Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio, não tem cheiro, sabor ou cor, não é tóxico e é extremamente inflamável. Apesar de existir em abundância em todo o universo, não é fácil encontrá-lo de forma isolada, em forma de gás. Por isso, para poder ser utilizado como fonte energética, precisa ser separado dos outros elementos.

Hidrogénio é amigo do ambiente. Verdade ou mito?

Os dois. Tudo depende de como é produzido e a partir de onde. Por isso, afirmar que o hidrogénio é uma energia limpa e livre de emissões de dióxido de carbono não é o mais correto. Ou seja, produzir hidrogénio sem implicar a emissão de gases poluentes não só é possível como é desejável, mas pode não acontecer. Razão pela qual o hidrogénio verde é tido como a energia do futuro: renovável e livre de poluição.

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As cores do hidrogénio: verde, cinzento e azul

Sim, o hidrogénio é um gás incolor. Porém, não é todo igual. Porquê? Porque pode ou não ser poluente. Para fazer essa distinção atribuíram-se cores: verde, azul e cinzento.

Verde

A versão verde deste gás conjuga o melhor dos dois mundos: provém de fontes inesgotáveis e é completamente limpo. Assim, a partir deste gás, é possível aumentar a independência energética e reduzir substancialmente as emissões de gases poluentes. No entanto, se esta versão é a mais desejável é também a menos produzida. Menos de 1% do hidrogénio global provém de fontes fontes limpas e não causa emissões de dióxido de carbono para a atmosfera. O desafio está em encontrar tecnologia que permita a sua exploração e produção em escala.

Cinzento

O hidrogénio cinzento representa mais de 90% da produção. Como o próprio nome deixa adivinhar, é o mais poluente. Provém do gás natural e do carvão que, além de serem fontes não renováveis, na produção, libertam um alto teor de dióxido de carbono porque provém de combustíveis fósseis como petróleo e carvão. Estima-se que, por cada tonelada de hidrogénio, libertam-se sete toneladas de dióxido de carbono.

Azul

A versão azul deste gás provém de fontes não renováveis como a energia nuclear ou o gás natural. É muito menos poluente que o hidrogénio cinzento. A redução da poluição do hidrogénio azul está diretamente ligada ao seu processo de produção e matéria-prima. Desse modo, mais de 90% do dióxido de carbono libertado durante esse processo é capturado, armazenado e enterrado no solo, em vez de emitido para a atmosfera. Representa 2% da produção, mas pode vir a aumentar substancialmente. Apesar de não ser a solução ideal (nem sustentável porque depende de recursos finitos) pode ser uma boa alternativa de transição. É relativamente barata pelo que pode vir a substituir o hidrogénio cinzento no curto prazo, com alguma facilidade.

É caro?

Para diferentes tipos de hidrogénio, diferentes preços. O mais caro é o verde seguido do azul e o mais barato é o cinzento. O hidrogénio cinzento tem um custo médio entre 1 e 1,5 dólares por quilo. Já o azul custa mais um dólar com os preços a situarem-se entre 2 e 2,5 dólares por quilo. Quanto ao verde o seu preço pode ir dos 2,5 aos 6 dólares por quilo. Mas, de acordo com as previsões da IEA - Agência Internacional da Energia, espera-se que o preço do hidrogénio limpo desça gradualmente e, em 2050, custe menos de um terço do que custa atualmente.

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É perigoso?

O maior perigo do hidrogénio é ser altamente inflamável, podendo desencadear explosões se entrar em contacto com fontes de ignição. Este gás tem também uma chama difícil de detetar e pouco visível. Tal como acontece com o gás natural, o hidrogénio requer uma monitorização cautelosa, sobretudo em espaços fechados dada a sua capacidade de se acumular.

Aplicações e utilizações

A versatilidade deste gás é uma das suas características e um dos seus maiores trunfos. A indústria química e petroquímica não vive sem ele. É uma matéria-prima essencial e é para lá que vai 60% da produção global. Também é indispensável para indústrias tão distintas como a vidreira, metalúrgica, farmacêutica e alimentar. Consegue produzir eletricidade, calor e ser combustível para transportes, incluindo para navios que percorrem longas distâncias.

As suas principais aplicações são:

O que torna o hidrogénio a energia do futuro?

Como poupar com o hidrogénio?

Apesar de o hidrogénio verde ainda ser relativamente caro, as políticas de incentivos para a sua utilização podem permitir poupar. Esses subsídios chegam sob a forma de redução ou de isenção de taxas e atribuição de subsídios. Por exemplo, os veículos que utilizem hidrogénio verde podem ter um tratamento semelhante aos veículos elétricos que estão isentos do pagamento de IUC, além da poupança em gasolina ou gasóleo que vai deixar de comprar.

Por outro lado, segundo noticiou o Jornal de negócios, estão também a ser estudados, por fiscalistas e engenheiros, benefícios fiscais específicos para o hidrogénio para empresas e para os cidadãos. Isto porque o aumento da produção e consumo de hidrogénio facilita a transição energética e a descarbonização da economia.

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