Nos últimos tempos muito se tem falado das obrigações da Benfica SAD, pelo que decidi também contribuir com a minha opinião pessoal. De qualquer forma, deixo a ressalva que se trata apenas de uma opinião e que deve tomar qualquer decisão com base na sua própria análise no prospeto do produto.
Características-chave das Obrigações da Benfica SAD
As obrigações de que falo hoje têm as seguintes características-chave:
- Duração de 3 anos;
- Pagamento semestral de juros de 6% (4,8% líquidos);
- Valor nominal de cada obrigação é de €5, sendo que o mínimo de subscrição são 20 (€100 euros);
- A data limite para o pedido é 20 de Abril. O resultado da subscrição é conhecido dia 21 de Abril e dia 23 de Abril é feita a liquidação financeira.
Em relação às restantes (e algumas importantes) características do produto pode facilmente encontrar mais informação pela Internet, nomeadamente no fórum e no prospeto do produto.
Riscos e chamadas de atenção
Rateio
Neste tipo de ofertas em que existe bastante divulgação é comum (mas não certo) haver lugar a rateio, uma vez que a procura supera a oferta. Se esse for o caso, um investidor pede a subscrição de X obrigações, mas pode na realidade apenas obter Y (Y < X), o que pode tornar complexo a gestão do investimento.
Imagine que queria subscrever €500, mas está com expectativas de que o rateio seja de 1 para 4. Nesse caso, poderia fazer um pedido de €2000 (€500*4), o que daria os €500 se as suas expectativas se concretizassem. Mas e se por acaso não houvesse rateio? Nesse caso o seu investimento já seria de €2000, possivelmente bem acima daquilo que queria.
Portanto, é necessário ter em atenção este ponto, sendo que aconselho a subscrição das obrigações o mais tardar possível, pois é possível que se consiga obter alguma informação até dia 20 de Abril.
Custos associados:
À subscrição das obrigações estão associados variados custos que deve ter em conta. Entre esses custos saliento:
- Comissão de subscrição
- Despesas de custódia dos títulos;
- Comissão por pagamento de juros.
Deverá verificar junto do seu banco quais as comissões aplicáveis e o valor das mesmas. Esta questão das comissões é muito relevante, especialmente para pequenos investidores, uma vez que por vezes uma taxa alta rapidamente se torna pouco atrativa se existirem muitas comissões fixas.
Pagamento
Existe a possibilidade (ainda que remota, na minha opinião) da Benfica SAD não ter capacidade para fazer face aos compromissos, ou seja, o obrigacionista torna-se credor da Benfica SAD e em caso de incumprimento tem alguns direitos relacionados com o património e receitas da Benfica SAD (juntamente com quaisquer demais credores), mas não é uma garantia minimamente comparável com a dos depósitos a prazo. Em suma, tenha em conta que não é um investimento com garantia de capital ou de juros.
Negociação
No caso de necessitar do dinheiro investido a sua única hipótese é negociar as obrigações subscritas na Euronext Lisbon (em princípio a admissão à negociação deverá ocorrer a 23 de Abril), mas pode haver pouca liquidez, tornando difícil encontrar um comprador. Mesmo havendo liquidez suficiente, é possível que não consiga obter o valor justo das suas obrigações. Por fim, também é necessário ter em conta possíveis custos relacionados com a venda das obrigações.
Opinião
Em relação aos riscos e chamadas de atenção não pretendem ser um desmotivador do investimento, mas sim um alerta para que se fizer este investimento tenha em consideração todos os pormenores. É natural que numa época em que os juros estão historicamente baixos um investimento com uma taxa atrativa comporte riscos, temos é de os entender e avaliar.
Em suma, a minha opinião é de que estas obrigações podem ser um investimento interessante nas seguintes condições*:
- O investidor tem um perfil de risco moderado a alto;
- As obrigações da Benfica SAD não representarem uma componente demasiado substancial do total de investimentos do investidor;
- As obrigações fizerem parte de um cabaz alargado de investimento do investidor, com diversas classes de risco e prazos;
- O investidor entender na plenitude os riscos em que incorre e considerar que são adequados à rentabilidade que espera obter.
Lembre-se: tome a decisão com base na sua própria análise e consultando sempre o prospeto oficial. Se não compreender o investimento na totalidade ou não estiver disposto a correr riscos, então não arrisque.
*Mais uma vez, não considere esta opinião como um aconselhamento de investimento. É a minha opinião, baseada na análise que fiz com a melhor das intenções, mas que pode ter lapsos e/ou não se adequar à sua situação em particular. Caso detete algum lapso neste artigo, por favor deixe um comentário.