Poupar ou investir: o que devo fazer?

No universo das finanças, poupança e investimento são dois conceitos que se confundem muitas vezes. Apesar das semelhanças, há uma coisa que os distingue: o seu propósito.

Devo, então, poupar ou investir? A resposta é ambos. Uma gestão equilibrada das finanças pessoais implica reservar parte dos rendimentos à constituição de uma poupança e, sempre que possível, a uma componente destinada ao investimento, para que consiga atingir os seus objetivos financeiros no curto, médio e longo prazo.

Poupança vs. investimento

De uma forma muito simples, poupar implica colocar dinheiro de parte num local seguro e acessível para utilizar no futuro. A criação dessa poupança, ou fundo de emergência, é essencial para acomodar o impacto financeiro de situações imprevistas, como desemprego, doença, ou qualquer gasto inesperado que fuja ao seu orçamento habitual.

Para criar este fundo de emergência, contabilize todas as despesas que costuma ter durante o mês, como renda da casa, eletricidade, água, alimentação, combustível, etc. O ideal é que o seu fundo de emergência tenha, pelo menos, seis vezes esse valor.

Da mesma forma, a constituição de uma poupança pode ter um objetivo específico de curto ou médio prazo, como a compra de um bem ou serviço, ou a realização de um projeto, como por exemplo, viajar no próximo verão, trocar de carro, reformar a cozinha ou fazer um curso.

Seja qual for o objetivo, a poupança está associada à acessibilidade do dinheiro – deve poder resgatá-lo imediatamente ou num breve período de tempo – ao baixo risco e, consequentemente, a uma baixa rendibilidade. A ideia é que haja o mínimo risco de perda de capital e que o seu dinheiro vá gerando algum retorno até que precise dele.

Investir, por outro lado, implica utilizar parte do seu dinheiro para comprar um ativo com a capacidade de gerar um bom retorno com o tempo, aumentando a sua disponibilidade financeira no longo prazo.

Neste caso, falamos de capital que não estará tão facilmente acessível, em que o rendimento e o próprio capital não estão garantidos, mas com potencial de retornos muito mais elevados.

Com a criação desta componente poderá ter em vista objetivos de mais longo prazo, como pagar a universidade dos seus filhos, constituir um fundo de reforma ou simplesmente maximizar os seus ganhos futuros.

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Por onde começar?

O primeiro passo deverá ser a constituição do fundo de emergência. É esta reserva que lhe permitirá fazer face a despesas inesperadas que ameacem comprometer a sua saúde financeira. Para tal, poderá comprometer-se a economizar uma determinada percentagem do rendimento mensal, que deve alocar a este fundo.

Dependendo da sua situação financeira, poderá continuar a fazer reforços regulares para incrementar esta almofada de segurança, que lhe dará a segurança de ter fundos disponíveis para acomodar qualquer emergência.

Constituído este fundo, comece a poupar para objetivos de curto e médio prazo. Quer fazer a sua viagem de sonho? Iniciar o seu próprio negócio? Oferecer um presente mais caro a um familiar? Independentemente do objetivo, é importante que vá colocando de parte o dinheiro que precisa para o cumprir.

O passo seguinte será a constituição de uma componente destinada ao investimento, tendo em vista a geração de retornos mais elevados no futuro. A esta componente só deverá aplicar dinheiro que esteja seguro de que não irá necessitar pelo menos no médio prazo. Ganhou um dinheiro extra com a venda de um bem? Recebeu uma herança? Já tem uma poupança e continua a economizar? É esse dinheiro que poderá destinar ao investimento. Ainda assim, é fundamental fazer escolhas responsáveis e equilibradas para aplicar o dinheiro, já que há risco de perda de capital.

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Que produtos escolher?

Para a constituição de uma poupança, é desejável a opção por produtos de baixo risco como depósitos a prazo, contas-poupança, Certificados de Aforro, Certificados do Tesouro e alguns PPR com capital garantido. O retorno não será elevado em nenhuma das opções, mas terá a segurança de poder resgatar facilmente o seu dinheiro e com risco mínimo de perda.

Em matéria de investimento, há um vasto leque de possibilidades, desde ações, obrigações, fundos de investimento, ETF, até imobiliário. A escolha deverá sempre depender do seu perfil de investimento e obedecer a uma regra de ouro: diversificação.

Diversificar um investimento implica distribuí-lo por diferentes classes de ativos, geografias, setores de atividade, e prazos, de forma a dividir o risco e o retorno de uma forma equilibrada. Desta forma, estará a investir em vários instrumentos financeiros que reagem de forma diferenciada ao mercado e também aos ciclos económicos.

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Princípios básicos para a escolha das aplicações financeiras

Há alguns princípios que deve seguir antes de decidir qual o destino do seu dinheiro:

Numa fase inicial, é sempre desejável que procure a ajuda de profissionais, que o poderão informar sobre as opções disponíveis e as características de cada produto. Seja no seu banco ou junto de qualquer outro intermediário esclareça as suas dúvidas e nunca opte por um produto que não conhece ou não compreende.

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