Semanada ou mesada: Qual a melhor solução?

Quando tem filhos muito pequenos, é normal que estes não tenham acesso ao dinheiro, excluindo uma moeda ou outra em momentos ocasionais. Mas quanto mais cedo introduzir conceitos de literacia financeira aos seus filhos, como é o caso da semanada ou mesada, mais ferramentas eles terão para gerirem o dinheiro no dia a dia.

Há pais que optam por dar algum dinheiro aos filhos para estes colocarem num mealheiro. No fundo, estão a introduzir o conceito de poupança. Mas, na vida, não conseguimos poupar todo o dinheiro que temos. Afinal, existem encargos mensais e outro tipo de gastos no dia a dia. Por isso, conceder uma semanada ou mesada aos seus filhos é uma ótima estratégia para eles começarem a ser autónomos na gestão do dinheiro que lhes é dado. Além disso, é uma forma de passarem a valorizar o dinheiro.

No entanto, nesta fase, muitos pais têm dúvidas se devem dar uma semanada ou mesada aos seus filhos. Afinal qual é a melhor opção? Na verdade, a resposta depende muito da idade do seu filho e da maturidade que este tem para gerir o dinheiro.

De acordo vários especialistas, a partir dos 5 anos, o dinheiro deve ser uma temática que faz parte da vida das crianças. Claro que, em termos de literacia financeira, deve começar pelas bases e a apresentação de certos conceitos deve ser o mais simples e divertida possível.

Mas para esclarecer esta questão, de seguida, fique a saber qual é a melhor solução.

Leia ainda: Guia para ajudar o seu filho a construir uma poupança

Devo dar uma semanada ou mesada ao meu filho?

Tal como o nome indica, o que distingue a semanada da mesada é que a primeira é dada semanalmente e a outra mensalmente. Ou seja, estamos a falar de diferentes periodicidades de dar dinheiro aos seus filhos para gerirem. Por norma, uma semanada tem um valor inferior ao de uma mesada. Logo, as crianças mais pequenas têm mais facilidade em gerir montantes menores para períodos de tempo mais curtos.

À medida que a idade vai avançando, as necessidades de ter outras quantias aumentam. E aqui muitos pais hesitam se devem manter a atribuição de uma semanada ou uma mesada.

Semanada

Embora alguns especialistas em educação financeira defendam que a semanada deve ser atribuída até aos 12 anos, a semanada ou mesada deve ser atribuída de acordo com o resultar melhor para os seus filhos, uma vez que as crianças não são todas iguais. O que é realmente fundamental é que as crianças e jovens aprendam a gerir o dinheiro que lhes é atribuído e com este consigam pagar o que "pretendem" e ainda poupar.

Caso tenha dúvidas se o seu filho já está preparado para receber uma semanada, pode fazer uma experiência de como ele gere uma quantia pequena que pode ir de 2 a 4 euros. Se ele já estiver na escola primária, os conceitos de somar, subtrair, multiplicar e dividir já não devem ser totalmente desconhecidos.

Assim, imagine que pretende dar 2 euros ao seu filho. Em vez de lhe dar uma moeda de 2 euros, opte por dar várias moedas que resultem nessa quantia. Desta forma, o seu filho pode dividir o dinheiro para cada dia. Além disso, a criança deve possuir vários mealheiros para facilitar a aprendizagem de certos conceitos. Para o ajudar, ofereça-lhe três mealheiros, sendo que um é para gastar, outro para poupar e outro para ajudar quem mais precisa.

Mesada

Após os seus filhos adquirirem alguma maturidade, talvez esteja na altura de passar para uma mesada. Esta deve ser atribuída quando há uma melhor noção do tempo. Caso contrário, a gestão do dinheiro para um mês pode ser mais complexa.

Outro dos fatores a ter em conta é que, entre os 10 e os 12 anos, deve definir que tipo de despesas são suportadas pela mesada do seu filho. Por exemplo, pense se a mesada vai cobrir despesas do dia a dia e pequenos prazeres, como idas ao cinema, compras a longo prazo, lanches, etc.

Se já tem um filho adolescente, então já devem entrar outras despesas na mesada. Nestes casos, a mesada deve refletir as responsabilidades que são dadas ao adolescente para prepará-lo um pouco melhor para vida adulta. Assim, a mesada pode contemplar despesas fixas, como o carregamento do telemóvel, cartão do bar da escola, uma subscrição de um serviço, além de outros encargos.

Leia ainda: 6 dicas para gerir os sonhos e desejos das crianças

Qual o valor mais aconselhável para a semanada ou mesada?

O valor aconselhável a dar de semanada ou mesada deve depender do seu orçamento familiar e da idade dos seus filhos. Na maioria das famílias, a semanada deve variar entre os 2 e os 4 euros, sendo que o montante máximo é dado a crianças um pouco mais velhas.

Mensalmente, os pais devem reservar entre 10 e 20 euros para este fim. Depois, devem fazer a divisão deste valor pelas semanas e entregá-lo aos mais novos para que eles consigam fazer a sua própria gestão (com alguns conselhos e supervisão na fase inicial). Consoante as necessidades vão aumentando, o valor deve ser adaptado, mas sempre tendo em conta o seu orçamento familiar.

Um ponto muito importante quando decide atribuir uma semanada ou mesada é que o valor atribuído deve ser sempre fixo. Contudo, em momentos excecionais, pode reforçar este valor. Mas não torne este gesto um hábito.

Outra das considerações a ter é que a semanada ou mesada não deve ser condicionada pelo aproveitamento escolar ou por tarefas adicionais que servem de prémios aos mais novos. Lembre-se que o que está a ensinar aos seus filhos é como gerir um orçamento. Logo, a lógica deve ser a gestão de um orçamento normal que não é condicionado por prémios ou penalizações.

Devo ter uma conversa com o meu filho antes de lhe atribuir o dinheiro semanal ou mensal?

Sim. Falar sobre dinheiro com os filhos não tem de ser um bicho de sete cabeças. Aliás, o dinheiro é algo que faz parte do dia a dia de todos os nós. Por isso, antes de começar a atribuir uma semanada ou mesada ao seu filho, deve falar-lhe sobre o dinheiro. Pode dizer-lhe que o dinheiro chega à sua família através do trabalho dos pais e que é gerido de forma criteriosa para pagar as contas todas.

Depois, quando chegar a fase de lhe conceder uma semanada ou mesada, explique de forma honesta o objetivo de estar a dar-lhe esse dinheiro. Por exemplo, quer que ele aprenda a gerir melhor o dinheiro sozinho e a conseguir poupar. Quanto mais claro for com o seu filho e o desafiar a cumprir esse objetivo, maior é a probabilidade de ele compreender o que espera e conseguir alcançar o desafio.

Por fim, cabe aos pais estipular o orçamento com as despesas fixas da semanada ou mesada e dizer aos mais novos onde devem, e não devem, gastar o dinheiro. No entanto, se o seu filho não conseguir cumprir o objetivo nas primeiras semanas, não seja duro com ele. Em vez de discutir, explique como ele pode melhorar a gestão do dinheiro.

Quando ele começar a gerir melhor a semanada ou mesada, é hora de reforçar a importância de ele poupar. Sempre que sobra dinheiro, explique-lhe a importância de colocar esse dinheiro de parte para uma ocasião especial, para uma emergência ou para um bem essencial.

Para o ajudar a gerir melhor o dinheiro, ensine-lhe a técnica dos três mealheiros, uma vez que é uma forma mais divertida de gerir um orçamento, poupar e ainda ser solidário.

Por último, explique a importância de evitar atos consumistas e que o dinheiro deve ser bem aplicado, caso ele queira alcançar os seus objetivos ao longo da vida.

Leia ainda: 11 dicas para ajudar o seu filho a ter bons hábitos de consumo