Censos 2021: Rendas mensais aumentaram 42,1% numa década

O preço dos arrendamentos em Portugal aumentou 42,1% entre 2011 e 2021, ano em que o preço médio das rendas foi de 334 euros. Esta é uma das conclusões dos Censos 2021, cujos resultados definitivos foram publicados pelo Instituto Nacional de Estatística.

Os dados apurados no âmbito do XVI Recenseamento Geral da População e do VI Recenseamento Geral da Habitação fazem um retrato detalhado da realidade portuguesa não só ao nível da habitação, como também da evolução demográfica, padrões familiares, formação académica e até da emigração e imigração. Neste artigo, destacamos algumas principais conclusões dos Censos 2021.

Rendas dispararam na última década para média de 334 euros

Como referido, o aumento do valor médio mensal das rendas na última década é um dos dados que salta à vista nos Censos 2021. Segundo o relatório, o valor médio mensal da renda nos alojamentos arrendados era de 334 euros em 2021. Mas, em 2011, o valor médio fixava-se nos 235 euros.

Ou seja, estamos perante um acréscimo de 42,1% no espaço de uma década. E este aumento verificou-se em todas as NUTS II. As NUTS II (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos) são divisões regionais existentes em todos os Estados-membros da União Europeia. São usadas pelo Eurostat na hora de elaborar as estatísticas, mas também influenciam as políticas regionais e atribuição de fundos pela União Europeia. Em Portugal, as NUTS II são constituídas por sete regiões: cinco no continente e as duas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

A Área Metropolitana de Lisboa é a região onde o valor das rendas é mais elevado. O relatório demonstra que o valor médio mensal era de 403 euros em 2021. No extremo oposto está o Alentejo, onde o valor médio mensal das rendas é de 261 euros.

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Em média, 22,3% das habitações ocupadas em Portugal estão arrendadas

Em Portugal, a maioria das habitações são ocupadas pelos proprietários, representando uma percentagem de 70% no total dos alojamentos. No entanto, na última década, houve um aumento significativo dos alojamentos ocupados em regime de arrendamento. Atualmente, as casas arrendadas representam 22,3% do total dos alojamentos ocupados. 

Se a análise se debruçar nas NUTS II, o Centro do país é onde existem menos habitações arrendadas, verificando-se uma taxa de 15,8%. Por outro lado, a Área Metropolitana de Lisboa é onde o arrendamento tem maior expressão. Segundo os dados dos Censos 2021, os alojamentos ocupados por arrendatários na Área Metropolitana de Lisboa representam 29,2%. 

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Mais de 60% dos proprietários não têm encargos financeiros com a aquisição da sua habitação

Um dos dados revelados pelos Censos 2021 é que a maioria dos proprietários de habitações não têm encargos financeiros relacionados com a aquisição da habitação. Embora possa ser um pouco surpreendente face à necessidade de recorrer a um crédito habitação e a maturidade dos contratos, a verdade é que 61,6% dos proprietários que vivem na sua habitação não têm qualquer tipo de encargo financeiro relativo à compra do imóvel.

Assim, 38,4% dos proprietários têm encargos relativos à aquisição da sua casa. Em termos médios, o valor mensal dos encargos desceu face a 2011, encontrando-se em 360,50 euros no ano passado.

Tal como se verificou nos outros dados, na Área Metropolitana de Lisboa, os proprietários têm um custo médio mais elevado. E com a aquisição não é diferente. A média é de 397 euros. Contudo, na Região Autónoma da Madeira e no Algarve, os valores médios não ficam muito abaixo, fixando-se nos 394 euros e 374 euros, respetivamente. O Alentejo volta a ser a região onde o valor médio é mais baixo: 328 euros.

É de salientar que houve um decréscimo relativo aos encargos com a compra de habitação própria em todas as regiões do país.

Há mais alojamentos, mas o ritmo de crescimento desceu

Tendo em conta os novos dados dos Censos 2021, o número de alojamentos destinados à habitação cresceu 0,8% (3.573.416) face a 2011. Já o número de alojamentos aumentou 1,7%, passando para 5.981.482. Esta subida é inferior à observada na década anterior, com os dados do INE a mostrarem que na primeira década de 2000, o crescimento situou-se entre os 12 e os 16%.

Censos 2021 mostram uma quebra nas residências secundárias

Não é novidade que a maioria dos alojamentos são destinados à primeira habitação. Os Censos 2021 mostram que 69,4% dos alojamentos são destinados à primeira habitação, o que traduz um aumento de 1,3% face a 2011. No que diz respeito à habitação secundária, esta diminui 0,8%. Já os alojamentos vagos decresceram 0,4%.

Em termos regionais, a AML é a região com maior percentagem de alojamentos de residência habitual: 79,6%. Mas há outros dados interessantes como:

Há menos edifícios a precisar de reparações

Outra conclusão do Censos relativa à habitação é que a maioria dos edifícios em Portugal não requer reparações. Segundo as respostas dos inquiridos, cerca de 64,5% dos edifícios para habitação não precisavam de reparações. No entanto, fica a nota dos seguintes dados quanto aos edifícios que necessitam de reparações:

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Outras conclusões dos Censos 2021

Os dados do Censos 2021 permitem ainda fazer um retrato detalhado da evolução da população nos últimos 10 anos. Entre os vários dados e análises, destacam-se as seguintes informações:

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