A era do Big Data para o imobiliário chegou e vem em força

O que é o Big Data e de que forma pode ajudar a mediação imobiliária? Neste artigo vou abordar esta "revolução" e de que forma podemos beneficiar dela. É essencial acompanhar a evolução dos tempo.

Big Data?

Na mediação Imobiliária as decisões nascem, tradicionalmente, na experiência profissional e com base em factos e tendências passadas. A forma como se recolhe e trata a informação imensa e dispersa neste setor, e que está interligada a este setor, é ainda muito difusa, o que nos dias de hoje, com o acelerar da necessidade de informação relevante, traz riscos para a tomada de decisão de quem está ou intervém com esta área.

Não basta ter tecnologias big data para o setor do imobiliário, há que saber como cruzar e interpretar dados que podem ajudar ou prejudicar os profissionais do imobiliário, dependendo da forma como são tratados e por quem são tratados quando se fala em tendências de mercado ou consumidor.

Mas, independentemente do risco de usar ou interpretar dados de forma errada, o inegável é que hoje é impensável não ter acesso a estes e não os usar para construção de valor e, claro, de melhores decisões.

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Mas que vantagens traz o Big Data?

A primeira grande vantagem desta tecnologia é a capacidade de interpretar uma grande quantidade de dados de uma só vez, a uma velocidade significativamente curta. Mais tempo para dedicar a atividades que dependem e envolvem o fator humano!

A segunda, a capacidade de analisar dados não estruturados que nos chegam ou que podem ser recolhidos de várias fontes como e-mail, documentos de texto, redes sociais, etc. Aumenta-se a abrangência da análise e tornam-se dados em informação relevantes para decisões assertivas, seguras e rápidas.

A terceira, a capacidade de interligar dados que nos podem ajudar a interpretar tendências de ocorrências ou comportamentos que podem auxiliar na visualização e adaptação a situações futuras.

Por exemplo, através de análise de dados, posso acompanhar manifestações emocionais de clientes que chegam de várias fontes de informação. Permite diagnosticar com antecedência tendências ou situações de insatisfação para que eu possa ganhar tempo de as abordar ou neutralizar antes do cliente pensar em escolher outra solução ou oferta.

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E para o imobiliário?

O big data pode melhorar a forma como os imóveis são angariados e promovidos pela mediação.

Um dos grandes impactos que o big data traz ao imobiliário é a capacidade de perceber as pequenas, no entanto cruciais, diferenças entre países, cidades, zonas, bairros e mesmo zonas dentro de cada bairro. Ajuda a definir de forma muito mais assertiva os valores e características de oferta não apenas no geral, mas no específico, por ser capaz de cruzar preços de venda ou mesmo de compra com outros fatores e especificidades que influenciam uma avaliação de valor como procura, infraestruturas do edifício e envolventes, mobilidade, segurança, limpeza, estilos de vida da zona, etc.

Quem não desejaria analisar as preferências dos compradores, orçamentos e até mesmo o seu nível de compromisso para potencialmente fechar um negócio num único local onde soubesse que os dados estavam agregados e tratados com relevância (quantidade) e exatidão (cruzados e filtrados)?

Penso que a resposta deve ser consensual, muitos, senão a maioria!

As ferramentas de análise com base em big data que são construídas a pensar em agentes e agências podem recolher dados de motores de pesquisa e publicidade digital para os ajudar a refinar o seu público e pré-qualificar compradores relevantes.

Indicadores como pré-aprovação de hipotecas, pontuações de crédito e quaisquer registos públicos autorizados que indiquem o comportamento anterior do consumidor, são preciosos para construção de uma pré-qualificação cada vez mais refinada. Mais uma vez, bom para ambos os lados. Ganha-se tempo e foco na solução realmente possível.

De futuro acredito que se consiga fazer o mesmo para potenciais vendedores usando dados que permitam obter uma previsão de comportamento de preços e potencial oferta e procura com níveis de exatidão aceitáveis para construção de estratégias e apoio na tomada de decisão com relativa segurança preditiva.

Por exemplo, recorrendo ao big data pode-se recolher dados e avaliar a situação financeira de cada zona geográfica ou cluster de clientes e refinar até ao cliente individual com o objetivo de perceber qual é de facto a sua capacidade de compra atual ou futura.

Podemos ainda ir mais longe e cruzar com dados obtidos de outras fontes para perceber comportamentos, tendências socioecónomicas, preferências ou outros dados correlacionáveis que possam ajudar na construção de uma solução financeira de criação de condições de compra ou venda de casa que se adapte ao estilo de vida atual e futuro de cada grupo ou pessoa. Também se pode desenvolver promoção e produto com base nesta mesma informação.

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Big Data, chegou e vem em força

Estas ferramentas estão a mudar a forma como os grandes players do setor fazem negócios e tomam decisões. Apoiam-se cada vez mais em dados e digitalização do processo de mediação e se não os souber acompanhar, pode correr o risco de não estar em pé de igualdade com a crescente maioria, não porque não percebe o mercado da mediação, mas porque não está a usar as ferramentas que o vão tornar mais competitivo, rápido e assertivo.

Os dados crescem de maneira exponencial todos os dias e se os soubermos analisar e explorar, podemos obter informações sobre o comportamento de pessoas ou do mercado que são preciosas, concretas e relevantes para estar um passo à frente das suas necessidades e para saber o que lhe podemos oferecer.

Ser capaz de analisar a um nível micro e refinado é uma preciosa ajuda para qualquer setor e também para a mediação imobiliária que encontram nesta forma de trabalhar uma solução para tomar decisões. Mas é muito importante perceber: os dados só funcionam quando se tem capacidade crítica e experiência profissionais para o fazer e para o conseguir, nada como estar no terreno todos os dias em contacto com pessoas reais!

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