O Banco Central Europeu (BCE) voltou a aumentar as taxas de juro de referência para a Zona Euro, depois de ter anunciado, em julho, a primeira subida em 11 anos.

Desta vez, e tal como era antecipado pelo mercado, foi um aumento recorde de 75 pontos-base, que elevou a taxa de juro aplicável às principais operações de refinanciamento de 0,5% para 1,25%, a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez de 0,75% para 1,5% e a taxa dos depósitos de 0% para 0,75%.

Esta decisão do banco central da Zona Euro surge em resposta à subida acentuada da inflação, que se iniciou no contexto de recuperação da crise global provocada pela pandemia da covid-19, e que se acentuou com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e com a crise energética. O objetivo do BCE é que a inflação fique controlada perto dos 2%.

No entanto, o crescimento dos preços na região da moeda única está muito acima desse nível. Em agosto, a inflação atingiu os 9,1%, e as perspetivas são agora ainda menos animadoras: o BCE espera que, este ano, o crescimento dos preços seja de 8,1% (a estimativa de junho apontava para 6,8%) e que, em 2023, seja de 5,5% (contra 3,5% na anterior projeção). Só em 2024 é que autoridade monetária vê a inflação a aproximar-se da meta, nos 2,3%.

Novos aumentos à vista?

É o comportamento da economia que irá ditar a evolução dos juros. Mas, tendo em conta o cenário atual, podemos contar com novos aumentos nos próximos meses. Isso mesmo foi admitido pela presidente do BCE, Christine Lagarde, que diz que ainda estamos “muito longe das taxas de juro necessárias para levar a inflação de volta à meta dos 2%”.

Segundo a responsável, deverão ser necessários mais três ou quatro aumentos nas próximas reuniões, o que colocará os juros de referência acima dos 2%.

Há analistas que acreditam que a crise económica colocará um travão no crescimento dos preços, levando o BCE a reverter o aumento dos juros, enquanto outros antecipam um controlo mais difícil da inflação, que obrigará o banco central a colocar os juros na faixa dos 4% nos próximos anos.

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Custo do crédito volta a subir

Esta subida dos juros tem um impacto direto no orçamento de muitas famílias, já que aumentará os custos do crédito habitação. Isto porque a Euribor – que define o juro a pagar ao banco, juntamente com o spread – é influenciada por este agravamento, devendo continuar a subir nos próximos tempos.

Recordemos que as taxas Euribor, que estavam negativas desde 2015, começaram a subir em fevereiro, quando já se antecipava que o BCE iria reverter a sua política e aumentar os juros para tentar controlar o crescimento dos preços.

Desde então, as Euribor já atingiram máximos em todos os prazos, encarecendo a fatura de juros dos empréstimos. Se está a pagar a sua casa ao banco, pode já preparar-se para novos aumentos.

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Até onde pode aumentar a prestação da casa?

Considerando a projeção atual do BCE, de mais três ou quatro aumentos dos juros nas próximas reuniões, a taxa de referência estará certamente acima dos 2% no primeiro trimestre do próximo ano. As taxas Euribor, que se baseiam na média dos juros praticados pelos bancos da Zona Euro nos empréstimos que fazem entre si, acompanharão esse aumento.

Mas vamos a exemplos concretos: uma família com um crédito habitação a 20 anos indexado à Euribor a 6 meses, no valor de 200 mil euros e um spread de 1,2%, paga hoje ao banco 980 euros mensais (assumindo revisão em agosto).

Com os juros nos 2%, essa mesma família verá a prestação mensal agravar-se para 1.129 euros, ou seja, mais 149 euros do que atualmente.

Assumindo um cenário mais extremo em que o BCE seja mais agressivo na sua resposta à inflação, e as Euribor atinjam os 5% (como ocorreu em 2000 e 2008), a prestação subiria para 1.456 euros, mais 476 euros do que hoje.

Embora não seja possível prever a evolução das taxas Euribor, sabemos que o banco central tem preparados novos aumentos dos juros diretores, e os próprios mercados financeiros antecipam uma subida para um nível próximo dos 2,5% (tendo em conta a taxa swap a 5 anos, que se aproxima já desse patamar).

Para facilitar as suas contas, recorra ao simulador da variação da Euribor no crédito habitação, onde pode ensaiar possíveis aumentos da Euribor e perceber que impacto terão no seu crédito.

Leia ainda: Com a Euribor a subir, devo optar por uma taxa mista?

Prestações a subir: o que fazer?

No caso de ter capitais próprios que o permitam, é a altura certa para amortizar o seu crédito habitação. Como vimos, os juros vão continuar a subir e, ainda que o rendimento dos depósitos também aumente, não é vantajoso ter dinheiro parqueado no banco.

Pode optar por reduzir a sua prestação mensal ou encurtar o prazo do empréstimo, poupando significativamente na fatura de juros ao longo do contrato.

Utilize o simulador da prestação de crédito após amortização antecipada para ter uma ideia do valor mensal que vai pagar ao banco após amortizar o crédito.

Se não tem possibilidade de pagar antecipadamente o seu crédito, pode e deve rever as condições do seu contrato, incluindo spread, produtos associados e outros encargos. 

Leia ainda: Subida da Euribor: é o momento certo para amortizar o crédito habitação?

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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