BCE volta a subir juros e avisa que aumentos vão continuar

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou a quarta subida consecutiva dos juros na Zona Euro, nesta que foi a última reunião de política monetária de 2023. Tal como era esperado pela maioria dos economistas, o aumento é de 50 pontos base, inferior às duas últimas subidas, de 75 pontos base.

Assim, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento aumenta de 2% para 2,5%, enquanto a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez passa de 2,25% para 2,75%. Já a taxa dos depósitos avança de 1,5% para 2%, com efeitos a partir de 21 de dezembro de 2022.

“O Conselho do BCE decidiu hoje aumentar as três taxas de juro diretoras do BCE em 50 pontos base e, com base na revisão em alta substancial das perspetivas quanto à inflação, espera continuar a aumentá‑las”, refere o comunicado da autoridade monetária.

O BCE tem vindo a subir os juros de referência na Zona Euro a um ritmo sem precedentes, desde julho, com o objetivo de tentar conter os preços na região, que escalaram desde a reabertura das economias após a pandemia da Covid-19, puxados por constrangimentos ao nível da oferta e pela forte subida dos custos da energia na sequência da invasão russa da Ucrânia.

Leia ainda: Descodificar a linguagem dos bancos centrais

Novos aumentos em 2023?

No próximo ano, podemos esperar novos aumentos dos juros por parte do Banco Central Europeu, que continuarão a ditar acréscimos nos custos de financiamento para as famílias e empresas. Quem tem crédito habitação, pode contar com novos acréscimos nas prestações mensais em 2023.

Isto porque a inflação deverá permanecer acima da meta do banco central de 2% pelo menos até 2025, obrigando a autoridade liderada por Christine Lagarde a prosseguir com o aperto da política monetária.

“O Conselho do BCE considera que as taxas de juro ainda terão de aumentar de forma significativa a um ritmo constante, no sentido de serem atingidos níveis que sejam suficientemente restritivos para assegurar um retorno atempado da inflação ao objetivo de 2% a médio prazo”, informa o comunicado.

De acordo com a estimativa provisória do Eurostat, a inflação situou‑se nos 10% em novembro, ligeiramente abaixo dos 10,6% de outubro, mas ainda muito distante do objetivo do BCE, que é manter o crescimento dos preços próximo mais abaixo de 2%.

Leia ainda: Crédito habitação: Famílias podem ter “alívio” mensal no IRS em 2023

BCE revê em alta estimativas para a inflação e antecipa contração económica

As perspetivas de novos aumentos dos juros estão apoiadas em estimativas mais pessimistas para a inflação na área do euro nos próximos anos.

No contexto atual, de elevada incerteza, os especialistas do Eurosistema reviram significativamente em alta as suas projeções para a inflação, considerando agora que a inflação média atingirá 8,4% em 2022 e descerá depois para 6,3% em 2023, esperando‑se uma descida marcada da inflação no decurso do ano.

Para 2024, as estimativas atualizadas apontam para uma taxa de inflação de 3,4% e, em 2025, de 2,3%.

O BCE admitiu ainda que a atividade económica na Zona Euro “poderá registar uma contração no presente trimestre e no próximo, devido à crise energética, à elevada incerteza, ao enfraquecimento da atividade económica mundial e às condições de financiamento mais restritivas”.

De acordo com as projeções, “uma recessão seria relativamente curta e pouco profunda”, esperando-se, contudo, que o crescimento seja fraco no próximo ano. As estimativas são agora de um crescimento de 3,4% em 2022, 0,5% em 2023, 1,9% em 2024 e 1,8% em 2025.

Leia ainda: Crédito habitação: Amortização antecipada livre de comissões em 2023