Empresas

A transformação da economia portuguesa: Uns factos, umas ideias e um contributo

A esmagadora maioria das empresas em Portugal são PME. Os fundos comunitários são uma ajuda preciosa, mas é preciso mais do que dinheiro.

O tecido empresarial português é maioritariamente constituído por empresas de pequena e média dimensão (PME).

Em concreto, em 2019, havia cerca de um milhão e cem mil PME, correspondentes a 99,9% do total de empresas em Portugal. As PME empregavam então mais de três milhões e trezentas mil pessoas, correspondentes a 77% do total dos mais de quatro milhões de trabalhadores ao serviço das empresas.

Por fim, nesse mesmo ano de 2019, as PME faturaram 248 mil milhões de euros, o que correspondeu a 56,5% da faturação total das empresas naquele ano.

No jornal Expresso de 9 de Julho de 2021, foi divulgado o estudo “Avaliação dos incentivos financeiros às empresas em Portugal” produzido pela equipa do Prof. Fernando Alexandre da Universidade do Minho. O estudo parte de uma premissa incontestável: que “um objetivo fundamental dos incentivos do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) é contribuir para a transformação estrutural da economia portuguesa”.

Para este estudo foram medidos os desempenhos das empresas apoiadas pelos incentivos 3 anos após os terem recebido, comparando-os depois com os desempenhos de todas as outras empresas. O que se esperava comprovar era que as empresas apoiadas haviam tido “um melhor desempenho face ao resto da economia”. Contudo as conclusões deste estudo foram outras, realçando-se que mais de um terço das empresas desceu em vez de subir no ranking da produtividade.

Algumas ideias

1.ª - A ênfase no crescimento das PME

Num recente artigo de opinião publicado no Expresso, o Eng. Luis Todo Bom enfatizou a diferença entre a estrutura produtiva de Portugal e de outros países europeus de igual dimensão. Lembrou-nos ele que a “Holanda, Suíça e Bélgica, países com dimensão semelhante à nossa, têm empresas com dimensão, capazes de desenvolverem processos robustos de inovação radical e de se internacionalizarem, com criação de valor”, para depois concluir com algo que podemos considerar evidente, mas que muitas vezes teimamos em esquecer: ou seja, “o aumento da dimensão das empresas que atuam em Portugal só será possível através do crescimento das nossas PME, por fusões e aquisições, e pela atração de empresas estrangeiras, com dimensão, que produzam bens transacionáveis”.

2.ª - A cultura de inovação importa (e muito)

Como referiu o Dr. Miguel Poiares Maduro (também num artigo do Expresso), a propósito dos programas de recuperação , como PPR, apoiados pelo orçamento comunitário: “A União Europeia oferece-nos uma oportunidade única de financiar uma transformação profunda da nossa economia e sociedade, que nos deveria conduzir nos próximos anos a taxas de crescimento regularmente acima dos 5% ou 6%.” Contudo, o autor avisa-nos que tais programas não são por si só uma condição suficiente de transformação, até porque: “Apesar de sermos um dos países europeus que mais incentivos diretos oferece às empresas, não conseguimos introduzir nestas uma cultura de inovação”.

Mais ideias e um contributo

O Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) é, efetivamente, uma extraordinária oportunidade de transformação da nossa economia e da nossa sociedade, mas apenas se conseguirmos aproveitar esta oportunidade para mudarmos as nossas empresas. Uma coisa é certa: É pelas empresas que passa o essencial do crescimento da economia e logo, do bem-estar da sociedade.  

É um facto que, hoje, as empresas portuguesas competem à escala global. As suas ambições de crescer, de aumentar a eficiência e rentabilidade, e de garantir a sua perenidade são sujeitas a pressões concorrenciais de empresas que, através dos canais físicos ou digitais, disputam o mesmo mercado, a partir das mais variadas geografias.

É neste quadro competitivo mais exigente que as nossas empresas têm que procurar financiamento para a sua atividade, ajustar a sua estrutura de capital, mobilizar os seus colaboradores, promover a eficiência dos seus processos e projetar e executar as suas ambições, preparando-se para os desafios do crescimento.

Parece evidente para todos, mesmo para os mais pressionados, que os incentivos às empresas não são a panaceia de todo o mal, nem tão pouco a solução universal dos problemas das empresas.

Os incentivos “comunitários” são um contributo “para a transformação estrutural da economia portuguesa”, que está e sempre estará nas mãos dos líderes das empresas. Só eles (com ou sem apoios externos) poderão fazer algo de diferente nas suas [nossas] empresas!

Como enfatizámos antes, este processo de transformação das empresas, só é possível se dotarmos as empresas de capital humano qualificado, capaz de se adaptar rapidamente à constante evolução da realidade e de encontrar as melhores soluções para a sustentabilidade e o crescimento das empresas.

No sentido de contribuir para esta transformação das empresas portuguesas, através da capacitação dos seus líderes, a Universidade Europeia criou o PAE – Programa em Administração de Empresas.

O PAE visa transmitir, de forma prática e intuitiva, os mais modernos e úteis conceitos de gestão aos líderes das empresas portuguesas de forma que estes possam conduzir as suas empresas com sucesso a um crescimento saudável, num ambiente de maior e crescente complexidade e competitividade.

Para saber mais sobre como o PAE pode efetivamente apoiar as empresas portuguesas na construção dos seus projetos de futuro, aceda à informação da oferta formativa de formação de executivos.

Licenciado em Economia pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa e Pós Graduado em “Strategic Finance” pelo IMD - Institute for Management Development, Lausanne. Tem o Executive MBA e é Mestre em Gestão, ambos pela ISCTE Business School, Lisboa. Foi Técnico de Marketing Estratégico no Banco Espírito Santo; Assessor Financeiro no Grupo Auto Industrial; Diretor Financeiro do grupo Banif Mais SGPS (antes Tecnicrédito SGPS) onde se inclui o Banco Banif Mais (antes Banco Mais e Tecnicrédito FAC). Foi Diretor Financeiro Jurídico e de Risco, Diretor Comercial Auto e membro do Comité de Direção da Cofidis Portugal e Administrador do Banco Cofidis, SA., até à sua fusão na Cofidis Portugal. Consultor de empresas, investidor e mentor de projetos de empreendedorismo, professor e Diretor de programas universitários, formador e investigador. É coordenador na área de Gestão da Universidade Europeia. Publicou o livro sobre recuperação de empresas: “Como recuperar empresas em dificuldades – Turnaround em Portugal”, 1.ª edição em novembro 2010, 2.ª em dezembro 2014.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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