Vale a pena investir num PPR antes do fim do ano?

Se tem dinheiro disponível, pondere subscrever um PPR até ao fim do ano e aproveitar os benefícios fiscais.

Faz sentido gastar dinheiro num PPR só para o IRS? Numa resposta simplista, eu diria que claramente sim. Imagine um depósito a prazo que lhe rende 20% “limpos”. Seria bom? Não seria bom, seria ótimo!

Basicamente, a fiscalidade dos PPR permite fazer essa conta simples. Isto não é um conselho para investir em PPR, nem me pergunte qual deveria subscrever. Isso é totalmente consigo. Só quero pô-lo a pensar um bocadinho.

Não é por acaso que vai começar a ver, ler e ouvir muita publicidade a PPR antes do fim do ano. É assim todos os anos. Mas escolha bem o seu PPR. Há alguns que comem todos os lucros eventuais em comissões.

Outro alerta rápido: se está a pensar subscrever um, faça-o rápido. Há dezenas de milhares de portugueses já a fazê-lo e, se deixar para a última semana do ano, - com os feriados - corre o risco de alguma coisa derrapar e basta a ordem ser dada a 1 de janeiro que já perdeu a dedução. Tem o ano inteiro, porque é que todos esperam pelo fim de dezembro? Será que é porque só agora recebem o subsídio de Natal? Ou pode ser também falta de planeamento? Não sei. Planeie as suas finanças com antecedência para rentabilizar ao máximo o seu dinheiro.

Leia ainda: Guia sobre PPR: Chega de dúvidas sobre Planos Poupança Reforma

Como funciona a dedução no IRS

De acordo com a Lei, pode deduzir no IRS a entregar no ano que vem (relativo a este ano) 20% do valor que investir agora até ao fim do ano. Obviamente, tem de fazer retenções na fonte e tem limites máximos para essas deduções. De forma resumida são estas as contas:

Idade

Investimento

Dedução no IRS

Inferior a 35 anos

2.000€

400€

De 35 a 50 anos

1.750€

350€

Mais de 50 anos

1.500€

300€

Se já está reformado, pode fazer um PPR na mesma, mas já não deduz nada no IRS.

Só para ter um termo de comparação, se tivesse um depósito a prazo a render 0,2%, teria de ter lá 200.000 euros para receber cerca de 300 euros líquidos. Com 2.000 euros e menos de 35 anos conseguiria muito mais do que isso no IRS, bastando para isso investir esse valor num PPR (um qualquer). 

Leia ainda: Quais são as penalizações por resgatar o meu PPR antes do prazo?

A fiscalidade dos PPR

Os Planos Poupança Reforma têm também uma fiscalidade muito favorável e desconhecida por muitos portugueses. A tributação sobre as mais-valias é calculada apenas no momento do reembolso, e beneficia de uma taxa muito reduzida, se mantiver o seu investimento pelo menos 5 anos, ou ainda mais reduzida caso mantenha o PPR durante 8 anos (8%). Os outros produtos de poupança têm um imposto no resgate de 28%.

Para além dessa vantagem, é importante que saiba que, no caso dos Planos Poupança Reforma, o imposto só é aplicado no resgate, permitindo a capitalização dos juros e ganhos até ao momento do levantamento dos valores aplicados.

Atenção que, ao receber a dedução no IRS, se resgatar o seu dinheiro sem ser dentro dos requisitos legais, vai ter de devolver a dedução, mais 10% desse valor por cada ano que passou. Isso seria um mau negócio para si.

Pode resgatar o dinheiro a qualquer momento sem penalização se ficar desempregado de longa duração, doente (ou familiar direto), um filho entrar no ensino superior e para pagar a prestação da casa (após 5 anos).

E, de vez em quando, os governos permitem situações excecionais para levantar certas quantias, como agora por causa da subida da Euribor e da inflação alta.

Em resumo, se tem dinheiro disponível pondere seriamente subscrever um PPR nestes dias que restam de 2022. É o que se chama fazer dinheiro com o seu dinheiro.

Leia ainda: PPR: Em 2023 pode resgatar até 5.744,40 euros sem penalização

Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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