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BCE corta juros pela primeira vez desde 2019 mas não se compromete com mais descidas

Depois de nove meses consecutivos de juros estáveis, o BCE decidiu avançar com uma descida de 25 pontos base nas taxas de referência.

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BCE corta juros pela primeira vez desde 2019 mas não se compromete com mais descidas

Depois de nove meses consecutivos de juros estáveis, o BCE decidiu avançar com uma descida de 25 pontos base nas taxas de referência.

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira, 6 de junho, a primeira descida das taxas de juro de referência na Zona Euro desde setembro de 2019.

Tal como era antecipado pelo mercado, a autoridade monetária liderada por Christine Lagarde decidiu avançar com um corte de 25 pontos base nas três taxas diretoras, uma redução que, a partir de 12 de junho, colocará a taxa de depósitos nos 3,75%, a taxa aplicável às principais operações de refinanciamento nos 4,25% e a taxa de cedência de liquidez nos 4,5%.

Depois do mais agressivo ciclo de subida de juros da sua história, o banco central da região do euro decidiu começar a inverter o rumo da política monetária com base “numa avaliação atualizada das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”, de acordo com o comunicado emitido após a reunião do Conselho do BCE.

“Desde a reunião do Conselho do BCE em setembro de 2023, a inflação caiu mais de 2,5 pontos percentuais e as perspetivas para a inflação melhoraram acentuadamente”, lê-se no comunicado. “A inflação subjacente também diminuiu, reforçando os sinais de que as pressões sobre os preços enfraqueceram e as expectativas de inflação diminuíram em todos os horizontes”.

Recorde-se que, depois de um período prolongado de juros negativos na Zona Euro, o BCE iniciou, em julho de 2022, um agressivo ciclo de aumentos do preço do dinheiro, com o objetivo de travar a crise inflacionista, espoletada, inicialmente, pela invasão da Ucrânia pela Rússia no início desse ano. O resultado foram dez subidas num total de 450 pontos base, que se traduziram num forte aperto das condições de financiamento.

Leia ainda: BCE anuncia nova subida dos juros e sugere que pode ser a última

BCE revê em alta estimativas para a inflação

Apesar dos progressos observados nos últimos trimestres, o BCE alerta que “as pressões internas sobre os preços permanecem fortes uma vez que o crescimento dos salários é elevado”, sendo “provável que a inflação se mantenha acima da meta durante o próximo ano”.

De acordo com as estimativas atualizadas dos especialistas do banco central, a inflação deverá ficar em 2,5% este ano, 2,2% em 2025 e ir ao encontro do objetivo apenas em 2026, fixando-se em 1,9%. O BCE, cujo mandato é a estabilidade de preços na região da moeda única, tem como objetivo que a inflação se mantenha próxima, mas abaixo, dos 2%.

No que respeita à inflação subjacente, que exclui os preços voláteis da energia e produtos alimentares, as projeções apontam para uma média de 2,8% em 2024, 2,2% em 2025 e 2,0% em 2026.

Quanto ao crescimento económico da região, o BCE antecipa que deverá acelerar para 0,9% em 2024, 1,4% em 2025 e 1,6% em 2026.

Leia ainda: Descida de juros do BCE: Qual o impacto para as famílias?

Mais cortes de juros? Lagarde não se compromete

Christine Lagarde, diretora-geral do BCE, não se compromete com novas descidas de juros nos próximos meses, já que essa decisão estará sempre dependente da evolução dos dados sobre a evolução da inflação e da transmissão da política monetária.

“Não vamos comprometer-nos previamente com uma trajetória para as taxas de juro”, assegurou a responsável, na conferência que se seguiu à reunião desta quinta-feira, reforçando a mensagem já deixada no comunicado do banco central de que o BCE continuará a seguir um modelo dependente de dados, e reunião a reunião.

A garantia, para já, é de que “o Conselho do BCE está determinado a assegurar que a inflação regresse ao seu objetivo de médio prazo de 2%” e que, por isso, “manterá as taxas diretoras suficientemente restritivas durante o tempo necessário para alcançar este objetivo”.

Com a descida anunciada esta quinta-feira, o Banco Central Europeu antecipou-se ao congénere dos Unidos, a Reserva Federal, que, historicamente, tem assumido a dianteira na definição do rumo da política monetária. Contudo, desta vez, o BCE nem foi o primeiro a inverter o rumo.

Isto porque, na quarta-feira, o Banco do Canadá tornou-se o primeiro banco central do G7 a avançar com um corte de juros, anunciando uma descida de 25 pontos base para 4,75%, pela primeira vez desde março de 2020.

A expectativa do mercado é que a Reserva Federal, presidida por Jerome Powell, avance em setembro.

As próximas reuniões de política monetária do BCE estão marcadas para 18 de julho, 12 de setembro e 17 de outubro.

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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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