Investimentos

Fevereiro: Gestão de expectativas

Depois de um mês de janeiro muito positivo, fevereiro trouxe alguma racionalidade aos mercados financeiros.

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Fevereiro: Gestão de expectativas

Depois de um mês de janeiro muito positivo, fevereiro trouxe alguma racionalidade aos mercados financeiros.

Alguns temas continuam a dominar as atenções dos investidores e a ter um papel determinante no desenvolvimento da economia mundial.

Inflação

Da há um ano para cá este tem sido o tema dominante quando se abordam as expectativas económicas globais. A subida generalizada dos preços dos bens e serviços, sem a devida correspondência no aumento de rendimentos das famílias, é uma ameaça ao crescimento económico. De uma forma simples, conforme a inflação vai aumentando, todos perdemos poder de compra. Para tornar todo este cenário mais complexo, a fórmula de combater a inflação passa por subir as taxas de juro com o objetivo de refrear o consumo, o que faz com que quem está alavancado (tem créditos) fique duplamente penalizado (subida de preços dos bens + subida dos custos de financiamento).

Tendo a noção do problema que tem em mãos, no último ano, os bancos centrais reagiram de uma forma enérgica com subidas de taxas de juro agressivas. Depois de uma tomada de posição firme e consecutiva, as expectativas dos investidores foi que, a partir daqui, iríamos começar a ter uma normalização da política monetária e da inflação. Se janeiro apontava nesse sentido, fevereiro passou uma ideia contrária. Por um lado, a inflação apresentou sinais de redução, mas de uma forma mais moderada do que o esperado, enquanto em alguns blocos mundiais até subiu.

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Crescimento moderado

Depois de um início de ano animador, com expectativas positivas, fevereiro veio colocar “alguma água na fervura”. Os indicadores económicos reforçaram a convicção de um crescimento baixo que, aparentemente, poderá evitar uma recessão. Assim, depois de alguma euforia em janeiro, os investidores colocaram os pés no chão e voltaram à realidade. Foi com naturalidade que verificámos uma contração nos mercados financeiros, sobretudo no segmento obrigacionista, uma vez que os bancos centrais voltaram a reforçar a necessidade de novas subidas de taxas de juro, que penalizaram este segmento.

Aumento de tensões geopolíticas

No dia 24 de fevereiro fez um ano desde a invasão da Rússia à Ucrânia. Há 365 dias, depois da tomada de posição da Rússia, todos esperávamos que a situação se resolvesse rapidamente. Não só ainda não existe solução para esta postura hostil por parte dos russos, como não se vislumbra uma resolução no horizonte. Em termos estratégicos, este conflito veio agudizar as tensões entre EUA e Rússia. A recente visita surpresa por parte de Joe Biden à Ucrânia veio aumentar as discrepâncias e o tom de acusações entre estes dois blocos. No mesmo sentido, as relações EUA/China continuam a ter um grande impacto no rumo da economia mundial e dos mercados financeiros. Temos assistido a uma troca de palavras moderada entre os dois países, mas que demonstra desconfiança de lado a lado. Este sentimento acaba por se refletir na performance da economia mundial e, sobretudo, no comportamento dos mercados financeiros.

Não se investe para o momento

Desde que criámos uma carteira modelo, uma das notas mais importantes que temos passado aos nossos leitores é que o processo de investimento não tem ou pode não ter resultados imediatos. Por exemplo, ninguém consegue plantar uma árvore e, no dia a seguir, retirar frutos da mesma. Investir nos mercados financeiros pressupõe tempo, que deve ser complementado com um conjunto de caraterísticas individuais (objetivos do investidor) e de mercado (tipo de ativos, contexto que atravessamos). A composição do investimento (carteira de investimento final) deve ser o resultado destas duas vertentes juntas, de forma que o investidor tenha um portefólio que vá ao encontro das suas expectativas. Voltamos a reforçar que não devemos estar à procura do ativo que irá duplicar de valor. A nossa preocupação deverá passar por ter equilíbrio e diversificação na carteira de investimento.

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Carteira em fevereiro

As carteiras moderada e dinâmica apresentaram um mês negativo. No ano, o saldo ainda é bastante positivo. O segmento obrigacionista continua a ter uma performance negativa, pelo facto de as expectativas em torno de novas subidas de taxa de juro terem aumentado. No segmento acionista também tivemos recuo face a janeiro. Por um lado, a inflação teima em manter-se em níveis muito elevados, por outro, os indicadores económicos demonstram preocupação relativamente ao crescimento no curto prazo. Como tal, de uma forma geral, os ativos que compõem as carteiras tiveram um mês negativo.

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Desempenho da carteira com perfil moderado

Carteira - perfil moderado

Composição da carteira com perfil moderado

Desempenho da carteira com perfil dinâmico

Carteira - perfil dinâmico

Composição da carteira com perfil dinâmico

Objetivo das nossas carteiras

Quando, em março de 2021, criámos estas duas carteiras virtuais, o nosso objetivo passou sempre por saber explicar os movimentos de mercado e a influência que tinham nas nossas carteiras. Temos tido sempre esta preocupação, até porque o investimento é um processo que se prolonga no tempo.

Como exemplo, em maio de 2021, reduzimos risco nas carteiras por entendermos que a performance dos mercados financeiros não tinha uma justificação lógica ou racional. Demorou algum tempo, mas a realidade é que o nosso posicionamento atual, apesar de apresentar uma performance negativa, está melhor do que a carteira inicial.

É importante também realçar que ao longo da viagem ou processo de investimento irão existir muitas oscilações e momentos de enorme volatilidade. O fundamental é perceber onde estamos investidos e porquê. Perceber que no meio do pânico existem sempre oportunidades, e ter a racionalidade para distinguir e encontrar ativos de qualidade. Porque esses, quando tudo acalmar, irão recuperar e gerar retorno…

Nota: As carteiras do Doutor Finanças não são nem devem ser entendidas como um conselho a investir neste ou naquele tipo de instrumento financeiro. As nossas carteiras foram criadas apenas para permitir ilustrar quais os riscos e os benefícios potenciais de investir, direta ou indiretamente, em instrumentos financeiros como ações e obrigações.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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