Nunca se renegociou tanto crédito habitação

Nunca se renegociou tanto crédito habitação como em 2023. Os dados do Banco de Portugal mostram quase 9 mil milhões de euros renegociados.

Durante o ano de 2023, 8,8 mil milhões de euros foram renegociados em crédito habitação, de acordo com os dados do Banco de Portugal. Este montante corresponde a 40,82% do total de novo crédito concedido ao longo do ano passado, tratando-se de um recorde histórico.

O forte aumento das taxas de juro, a impactar diretamente no montante das prestações bancárias de muitas famílias em Portugal, aliado aos programas aprovados pelo ainda Governo de Portugal, muito ajudaram a que esta situação se tivesse verificado durante o ano passado. Aparentemente, os bancos responderam afirmativamente.

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Novo crédito concedido quebra em 2023

Olhando para os dados publicados pelo Banco de Portugal, nota-se um montante recorde de novo crédito habitação contratado, de 21,655 mil milhões de euros. No entanto, considerando o montante também ele recorde de contratos renegociados, na realidade o novo crédito concedido, para aquisição de habitação, é bastante inferior.

Se olharmos para os dados históricos sobre crédito habitação contraído, procurando expurgar montantes renegociados, concluímos que durante o ano de 2023 se registou inclusive uma quebra nos montantes concedidos.

Durante o ano passado, os bancos em Portugal emprestaram cerca de 12,8 mil milhões de euros para aquisição de habitação, quase 12% abaixo do valor registado em 2022. Apesar disso, o mercado está ainda longe dos montantes registados no período que antecedeu a crise do subprime:

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Taxas de juro a subir

A taxa de juro praticada nos contratos de crédito habitação renegociados, registou sucessivos aumentos ao longo de 2023, fechando o ano nos 4,39%, bem acima dos 3,02% registados em janeiro, reflectindo assim, e de forma natural, o ritmo de subida dos indexantes.

Ao compararmos os juros praticados em renegociação de créditos, com as taxas dos novos contratos, concluímos que as primeiras foram inferiores até ao verão. A partir desse momento, o diferencial inverteu-se com os créditos renegociados a apresentarem uma taxa de juro superior à dos novos contratos:

Bons negócios (imobiliários)!

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Gonçalo Nascimento Rodrigues é Consultor em Finanças Imobiliárias, tendo trabalhado em empresas como Ernst & Young, Colliers International e Essentia. É Coordenador e Docente numa Pós-Graduação em Investimentos Imobiliários no ISCTE Executive Education. Adicionalmente, exerce atividade de consultoria, prestando serviços de assessoria ao investimento imobiliário. Detém um master em Gestão e Finanças Imobiliárias e um master em Finanças, ambos pelo ISCTE Business School, além de uma licenciatura em Gestão de Empresas na Universidade Católica Portuguesa. É autor do blogue Out of the Box.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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