Amortizo o meu crédito à habitação ou invisto?

Se tem algum dinheiro de parte, faça contas para perceber o que compensa mais: amortizar o crédito da casa ou investir. Não deixe é o dinheiro parado.

Esta é daquelas perguntas “boas” que significam que ainda tem liberdade de escolha na sua vida financeira. Quem não conseguiu/não quis poupar no passado (na altura da Covid-19, por exemplo, ou das taxas de juro negativas da Euribor) ou quem não conseguiu ainda criar fontes extras de rendimento mensal, naturalmente só pode limitar-se a pagar os aumentos da prestação do crédito à habitação e esperar que não aumentem muito mais. Infelizmente não é esse o cenário previsto para 2023. Espere mais aumentos.

Uma das formas de travar essa subida mensal das prestações ao banco é justamente amortizar antecipadamente parte ou a totalidade do seu crédito à habitação. Mas recebo dezenas de vezes esta pergunta: não seria melhor investir esse dinheiro em vez de o gastar definitivamente amortizando? É que assim posso aumentar o bolo para amortizar lá mais para a frente… E se precisar do dinheiro, ele ainda está do meu lado. Se amortizar, nunca mais o vejo.

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Como decidir?

Vou explicar-lhe como pode decidir racionalmente qual compensa mais. Depois, concluirá que a decisão será provavelmente mais emocional do que racional. E não há propriamente uma solução certa ou errada. Qualquer uma das duas terá vantagens. Não fazer nada é que será sempre uma má decisão, caso tenha dinheiro disponível.

Como sabe, as prestações da casa continuam a disparar e a Euribor certamente vai ultrapassar os 4%.  Isso quer dizer que as prestações da casa do crédito habitação vão subir para valores quase incomportáveis. Isso vai afetar bastante a nossa vida financeira mensal e anual e, portanto, uma das hipóteses que está em cima da mesa para aqueles que têm alguma poupança acumulada é amortizar o seu crédito à habitação. Essa ação baixa automaticamente o valor a pagar mensalmente.

Há milhares de portugueses que estão a liquidar a totalidade do seu crédito habitação. Estão a aproveitar também a oportunidade da isenção da penalização de 0,5% da amortização antecipada para se verem livres dos bancos. Quem puder fazê-lo, não deve pensar nisso duas vezes. Mas atenção, nunca fique sem o seu Fundo de Emergência. Mantenha sempre uma rede financeira.

Vamos imaginar então que tem 5.000 €, 10.000 €, 15.000 €, ou 20.000 € disponíveis. Amortizo ou invisto? 

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Olhe para a taxa de juro

O critério fundamental para decidir é simplesmente a taxa de juro. Faça as contas a quanto está a pagar atualmente de taxa de juro ao seu banco. Se tiver um spread de 1%, com a Euribor a 3,5% ou 4%, estará a pagar ao banco o correspondente a 4,5% ou 5% líquidos. Compare com o rendimento líquido dos seus investimentos. Os Certificados de Aforro estão a render neste momento (1º trimestre de 2023) o máximo possível que é de 3,5%. A partir do segundo ano, tem um prémio de permanência de 0,5%, logo passa a ter uma rentabilidade de 4%.

Logo por aqui, percebe que amortizar - matematicamente - é uma boa opção neste momento. A outra vantagem é que a poupança na prestação é permanente até ao fim do contrato. Para além disso, não se esqueça de que deve acrescentar a baixa correspondente do seguro de vida que é proporcional ao valor em dívida. 

Use simuladores na internet para saber quanto vai baixar a sua prestação ao banco se amortizar o valor que tem disponível ou peça uma simulação de plano de pagamentos ao seu gestor de conta do banco para saber exatamente quanto vai poupar.

Multiplica por 12 meses a poupança no crédito à habitação e faz a conta a quanto renderá o mesmo valor em Certificados de Aforro, por exemplo, ao fim do mesmo ano. Acrescente a poupança no seguro de vida. E não se esqueça de que o rendimento dos Certificados de Aforro é bruto (tem de descontar 28% para o Estado), enquanto a poupança na prestação ao banco é líquida. Isso também faz muita diferença.

Em resumo, faça contas! Não deixe é o seu dinheiro parado, sem amortizar nem investir. 

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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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