Investidor numa sala de mercados

Já criou o fundo de emergência, analisou qual o seu perfil de investidor e sente que está na hora de dar o próximo passo. Agora, só precisa de criar conta numa plataforma para comprar e vender ativos, como uma corretora online, e escolher o produto que quer. Para o encontrar, pode usar várias formas de pesquisa: por nome, ticker ou código ISIN.

Pode usá-los para diferentes tipos de ativos, sejam ações, obrigações, fundos de investimento ou fundos de índice (os cada vez mais populares ETF).

Pesquisa por nome: Mais intuitiva (mas potencialmente mais confusa)

A pesquisa pelo nome pode ser útil para quando ainda está a explorar e não sabe exatamente qual o produto que quer. Ou seja, se está à procura de ações da Apple, pode simplesmente escrever o nome da empresa na barra de pesquisa da plataforma que usar.

No entanto, este modo de pesquisa é tão intuitivo como confuso. Pode parecer uma contradição, mas não. É que ao escrever apenas Apple os resultados podem ser muito dispersos.

Fizemos o teste em duas das principais corretoras online a operar em Portugal: a Degiro e a XTB. Ao pesquisarmos apenas por Apple, não aparecem só resultados para as ações da criadora do iPhone. Além desses, aparecem ações da Apple Hospitality REIT, uma empresa de investimento imobiliário sediada na Virgínia.

Mas não só. Na Degiro, a pesquisa devolve-nos ainda resultados para produtos alavancados que contêm Apple no nome, e na XTB mostra-nos contratos por diferença (CFD), um investimento mais arriscado e não recomendável a investidores pouco experientes.

Pode até argumentar que quem quer investir em ações da Apple não a irá confundir com a Apple Hospitality REIT, mas os erros acontecem. E no caso da XTB, não será difícil um investidor menos atento e sensibilizado clicar num CFD da Apple.

Confusão pode ser ainda maior nos ETF

Neste campo, os ETF podem ser um campo ainda mais fértil à confusão, até porque há vários produtos associados a um mesmo índice.

Vamos fazer o mesmo exercício para os ETF do S&P 500 geridos pela BlackRock. Deixamos o alerta de que a escolha do exemplo não serve como sugestão de investimento, que deve ser sempre uma decisão pessoal, tendo em conta o perfil e objetivos.

Se pesquisarmos por “iShares Core S&P 500”, tanto a Degiro como a XTB nos mostram vários ETF que começam dessa forma: um acumulativo, um distributivo e um distributivo que tem proteção cambial da libra esterlina face à moeda em que o ETF está cotado.

Além disso, a XTB devolve resultados para um produto que não é um ETF, mas um CFD. O problema é que o nome apresentado nos resultados é exatamente igual aos outros. E por muita pesquisa prévia que o investidor tenha feito, pode acabar a escolher o ETF errado… ou a nem escolher um ETF.

Assim, há que reduzir ao máximo o risco, algo que pode conseguir através da pesquisa por ticker ou código ISIN.

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Código ISIN: Como um bilhete de identidade

O código ISIN (International Securities Identification Number) permite identificar sem dúvidas o instrumento financeiro em que quer investir. É um código alfanumérico formado por 12 caracteres alfanuméricos, sendo os dois primeiros referentes ao país onde o título foi emitido.

Por ser um código internacional, tem a certeza de que a sua pesquisa vai encontrar o ativo que quer, independentemente da bolsa em que estiver cotado ou da plataforma de negociação que usar.

Tem, no entanto, a desvantagem de não ser tão prático (até por ser quase impossível de decorar) e de ser preciso saber qual o código de cada instrumento. Ainda assim, dá uma segurança que a pesquisa por nome não consegue dar.

Voltemos ao exemplo da Apple (ISIN US0378331005). Se usarmos este código, vão aparecer apenas as ações da famosa marca da maçã, tornando bem mais fácil evitar erros.

O mesmo acontece no ETF do S&P 500 gerido pela BlackRock. Se quisermos a versão acumulativa, basta procurar pelo código ISIN IE00B5BMR087. Tanto num caso como no outro, o investidor só tem de escolher a bolsa em que quer comprar.

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Ticker: Quando sabe a bolsa em que quer investir

O ticker também é um código, mas mais curto do que o ISIN. Se sabe exatamente em que bolsa de valores quer comprar o ativo, pode lá chegar rapidamente através do ticker. É que um mesmo código ISIN pode ter vários tickers, dependendo da bolsa em que o instrumento estiver a ser negociado.

Por exemplo, a Apple tem o ticker AAPL em Wall Street, mas se comprar ações pela Bolsa de Frankfurt, vai encontrar o ticker APC. Em todo o caso, estará sempre a comprar ações da empresa tecnológica. Se tiver dúvidas, veja o ISIN. Vai reparar que é o tal US0378331005 em ambos os casos.

Mais uma vez, vamos ver o exemplo do ETF iShares Core S&P 500 UCITS ETF USD (Acc) e como o ticker é diferente de bolsa para bolsa, sem nunca deixar de ser o mesmo instrumento. Em Frankfurt tem o ticker SXR8, em Amesterdão é o CSPX e em Milão o CSSPX, por exemplo.

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Perguntas frequentes

O ISIN (International Securities Identification Number) é um código alfanumérico de 12 caracteres. Por ser um código internacional, permite identificar inequivocamente ativos financeiros como ações, fundos ou ETF.

Independentemente da bolsa em que estiver cotado, um instrumento financeiro tem sempre o mesmo código ISIN.

As duas primeiras letras do ISIN identificam o país em que o título foi emitido.

O ticker é um código que pode ser composto só por letras ou por letras e números. Permite identificar ativos financeiros de forma rápida.

Ao contrário do ISIN, o ticker pode mudar de bolsa para bolsa, sem nunca deixar de ser exatamente o mesmo instrumento. A Apple, por exemplo, tem o ticker AAPL no Nasdaq e o ticker APC na Bolsa de Frankfurt.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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