Contratar um crédito de forma responsável implica conhecer todas as características de um financiamento e o impacto que este tem nas suas finanças pessoais. Desta forma, pode fazer uma escolha informada, beneficiar de melhores condições e até evitar uma situação de incumprimento.
Para não cometer erros desnecessários, criámos um guia de como contratar um crédito de forma responsável.
Informações que vai encontrar no guia
- A importância da literacia financeira para contratar um crédito de forma responsável
- Taxas e siglas mais comuns num contrato de crédito
- Como comparar propostas de crédito?
- Contratar um crédito de forma responsável implica conhecer os encargos associados
- Como as instituições avaliam o risco de um financiamento
- Contratar um crédito habitação: Principais pontos a considerar
- Especificidades do crédito pessoal
- Características de um crédito automóvel
- Contratar cartões de crédito de forma responsável
- Como saber qual é a melhor solução para os seus objetivos
- Atenção aos créditos rápidos e sem burocracias
- Quais os principais motivos para um crédito ser recusado?
- Negociar um crédito: Principais pontos antes de fazer uma proposta ao seu banco
- O que é a consolidação de créditos?
- Contratar um crédito de forma responsável: Com ou sem ajuda de um intermediário de crédito?
- Perante o risco de incumprimento saiba que há mecanismos de ajuda
- Entrou em incumprimento? O que deve fazer
- Como prevenir uma nova situação de incumprimento?
A importância da literacia financeira para contratar um crédito de forma responsável
Contratar um crédito é uma decisão que pode ter um impacto significativo no seu orçamento familiar. Por isso, se é a primeira vez que vai pedir um financiamento, é fundamental que esteja a par de certos conceitos de literacia financeira. Afinal, pedir um empréstimo ao banco implica ficar com uma dívida durante vários anos ou até décadas. E para beneficiar das melhores condições no mercado, existem termos, siglas e informações que precisa dominar.
Além disso, deve estar a par de como funcionam as taxas de juro, as várias modalidades que existem, os encargos associados e como perceber se uma instituição de crédito é ou não legal para conceder o seu financiamento.
Se estabilizar as suas finanças pessoais e se preparar para dar este passo, consegue contratar um crédito de forma responsável e evitar entrar num período de maior aperto financeiro ou entrar em incumprimento no decorrer do contrato.
Leia ainda: Os erros financeiros mais comuns e como evitá-los
Taxas e siglas mais comuns num contrato de crédito
Quando o assunto é contratar um crédito de forma responsável, há todo um mundo novo de termos, siglas e taxas que precisa compreender. Estes termos, siglas e taxas fazem parte das condições contratuais do seu financiamento.
E antes de um crédito ser aprovado, o banco emite a Ficha de Informação Normalizada Europeia (FINE), no caso de um crédito habitação e outros créditos hipotecários, ou a Ficha de Informação Normalizada (FIN), nos restantes tipos de crédito. É através deste documento que tem um primeiro contacto com as condições e campanhas que a instituição de crédito está disposta a conceder-lhe.
Leia ainda: Como analisar a FINE de uma proposta de crédito habitação?
Mas para perceber se as condições são ou não vantajosas, tem de estar familiarizado com as taxas que envolvem o seu financiamento, como a Taxa Anual Nominal (TAN), a Taxa Anual Efetiva (TAE), a Taxa Anual Efetiva Global (TAEG) e o Montante Total Imputado ao Consumidor (MTIC).
Como estas siglas podem causar várias dúvidas, explicamos o significado de cada uma.
Spread
O spread é a taxa que representa o lucro das instituições de crédito quando concedem um financiamento. Este valor é estipulado consoante o risco do financiamento e as garantias do empréstimo, tendo em conta o valor do bem que quer adquirir e o valor financiado.
Para perceber melhor, quanto maior é o risco, mais elevado será o spread. Logo, o valor não é igual para todos os clientes. Por isso, ao deparar-se com uma campanha com um spread muito baixo, além de este ser o valor mínimo praticado pela instituição, pode não se aplicar ao seu contrato.
Só no momento do contrato é que o spread final é estabelecido. A partir daí, este não pode sofrer alterações, exceto se as condições contratuais mudarem ou se houver nova negociação.
Leia ainda: O que é o spread no crédito habitação?
Euribor
Se esteve atento às notícias nos últimos tempos, certamente já ouviu falar das taxas Euribor, uma vez que são o indexante mais recorrente no crédito habitação em Portugal. A taxa Euribor tem como base a média dos juros praticados por um conjunto específico de bancos da União Europeia (UE) nos empréstimos que fazem entre si, num determinado período.
No entanto, existem várias maturidades desta taxa, sendo que em Portugal, os créditos costumam estar associados à Euribor a três, seis ou 12 meses. As taxas Euribor estão associadas a créditos com uma modalidade de juros variável (taxa variável ou taxa mista).
Já a nível do cálculo das prestações de crédito com uma modalidade de juros variável, é usada a média mensal das taxas Euribor. No final de cada período, o valor da Euribor é determinado pela média do mês anterior, ficando esse valor a vigorar durante o ciclo seguinte.
Quando é anunciada uma subida ou descida das taxas Euribor, não sente essa alteração de forma automática na sua prestação de crédito. No entanto, vai acabar por sentir esse impacto consoante a maturidade contratada. Assim, é normal ouvir dizer que quando a taxa Euribor que contratou sobe, a sua prestação vai aumentar. E se a taxa descer, a sua prestação vai diminuir.
Leia ainda: Breve história da Euribor: Guia para entender o que aí vem
TAN
Ao simular quanto fica a pagar por um determinado financiamento, é normal deparar-se com a Taxa Anual Nominal (TAN). Esta taxa representa os juros cobrados no seu crédito, tendo uma base anual. No entanto, é mais simples olhar para esta taxa como a soma do indexante do crédito e o spread aplicado ao seu contrato. De realçar que esta taxa exclui todos os encargos associados ao seu crédito e só conhece o valor final quando é apresentada a FIN ou FINE.
TAE
Esta sigla é desconhecida por muitas pessoas. A TAE significa Taxa Anual Efetiva e engloba os valores da TAN e outros encargos e comissões cobrados pela instituição no início da operação e no decorrer do contrato de crédito.
Embora a TAE seja relevante para medir o custo total anual do seu empréstimo, pois inclui os juros, comissões e seguros exigidos, se quiser comparar propostas através desta taxa, deve usar o mesmo montante e o mesmo prazo.
TAEG
A Taxa Anual Efetiva Global (TAEG), representa o custo anual total do seu crédito, sendo medida em percentagem face ao valor total do financiamento. Na prática, esta é a taxa mais relevante para analisar propostas de crédito. Isto porque ela demonstra quanto vai pagar em:
- Juros;
- Comissões;
- Seguros associados ao seu crédito;
- Despesas com impostos e emolumentos relativos ao registo da hipoteca (quando aplicável);
- Comissão da manutenção da conta à ordem (quando é obrigatória para a gestão do crédito contratado);
- E ainda outros encargos que podem estar associadas ao seu contrato.
Contudo, a TAEG não contempla valores que tem de suportar caso entre em incumprimento das suas obrigações contratuais, comissões de reembolso antecipado e custos notariais.
MTIC
O Montante Total Imputado ao Consumidor (MTIC) é a taxa que indica o montante que tem de pagar durante todo o empréstimo, revelando esse valor em euros. Esta taxa engloba os mesmos encargos que a Taxa Anual Efetiva Global e é o outro indicador mais apropriado para comparar propostas de crédito.
Como comparar propostas de crédito?
Há uma recomendação que não deve ignorar: não contrate um crédito sem olhar para mais do que uma proposta - oriunda de mais do que uma entidade. Atualmente, existem várias instituições de crédito com campanhas promocionais para atrair novos clientes. E se não tiver algumas propostas para comparar qual é a opção mais vantajosa para si, pode pagar um valor demasiado elevado pelo seu financiamento face às condições praticadas no mercado financeiro.
Caso esteja a questionar-se se essa análise é muito complexa, saiba que pode ser simplificada ao olhar para as taxas certas. Como referido anteriormente, o MTIC e a TAEG são duas taxas que revelam o valor total a pagar pelo seu empréstimo. Logo, estas taxas são uma ajuda valiosa para comparar propostas e concluir qual é a melhor solução para si.
Em alguns tipos de financiamento, a sua proposta de crédito pode apresentar duas TAEG. E isto pode gerar algumas dúvidas. Mas existe uma explicação simples. A TAEG com o valor mais elevado não considera o spread bonificado que a instituição de crédito oferece se subscrever certos produtos junto do banco, como seguros, cartões de crédito, etc. Já a TAEG com o valor mais baixo tem em conta a bonificação do spread. Se não sabe onde encontrar esta informação, procure pela secção "vendas associadas facultativas".
Contudo, se não quer olhar para percentagens, debruce a sua atenção no MTIC. Através do MTIC identifica o valor que paga por cada euro do valor emprestado. E quanto menor for MTIC, menor é o custo do crédito. Caso tenha uma modalidade de juros variável, o valor do MTIC sofre alterações ao longo do contrato, uma vez que a taxa de juro pode subir ou descer, alterando o custo total do seu empréstimo.
Leia ainda: MTIC e TAEG: Os melhores amigos na comparação de propostas de crédito
Contratar um crédito de forma responsável implica conhecer os encargos associados
Se pretende contratar um crédito de forma responsável não pode olhar apenas para o custo da sua prestação de crédito. Afinal, a contratação de um crédito tem outros encargos associados. E em certos tipos de contratos, este valor pode ser mais elevado do que imagina.
Assim, é fundamental informar-se antecipadamente sobre os encargos associados ao seu crédito, como comissões, impostos e seguros obrigatórios, entre outras despesas. Contudo, os valores de alguns encargos variam consoante o tipo de contrato e instituição de crédito.
Vamos a dois exemplos para perceber que custos pode ter de suportar:
Encargos com um crédito pessoal
Num crédito pessoal, além dos juros aplicados ao seu contrato, pode ter de suportar:
- Comissão com a abertura do processo ou de tratamento da documentação. Por norma, esta é uma percentagem do valor financiado que, geralmente, ronda os 3% do montante de financiamento. No entanto, em certas instituições de crédito é cobrado um valor fixo, que ronda os 500 euros. Porém, a instituição de crédito não pode cobrar-lhe outras comissões, exceto em atrasos no pagamento de prestações ou se pretender amortizar antecipadamente o seu crédito.
- Imposto do Selo: Este imposto incide sobre o montante dos juros (4%) e o montante do crédito utilizado, podendo variar perante o prazo de reembolso (0,141% por mês, para prazos inferiores a um ano e 1,76% para prazos iguais ou superiores a um ano);
- Seguro: Não é obrigatório contratar um seguro num crédito pessoal. Mas se contratar, deve ter o valor do prémio em conta nos encargos associados ao seu financiamento.
- Comissão de reembolso antecipado: Aplica-se quando tem uma taxa de juro fixa e quer antecipar o pagamento do seu crédito pessoal, parcialmente ou na totalidade. Esta comissão não pode exceder os 0,5% do valor amortizado (se faltar mais de um ano para o final do contrato) ou 0,25% do valor reembolsado (caso falte um ano ou menos para o final do contrato). Se tiver uma taxa variável, as instituições de crédito não podem cobrar qualquer comissão pela amortização antecipada.
Leia ainda: Tenho uma poupança extra. Devo amortizar um crédito pessoal?
Encargos com um crédito habitação
Já num crédito habitação, os encargos são mais elevados. A nível de comissões e registos, deve contar com os seguintes encargos:
- Comissões: Neste tipo de financiamento costumam ser cobradas comissões de avaliação, de estudo de processo, de formalização, entre outras. Embora os valores variem de banco para banco, por norma, este encargo ronda os 800 a 1.000 euros.
- Registo do imóvel: Se optar pelo serviço Casa Pronta, tem um encargo de 700 euros. Este é o valor tabelado para registos associados a um crédito habitação.
Mas as despesas não terminam por aqui. É preciso olhar para os impostos cobrados na compra de uma habitação através de um financiamento. Existem três impostos na altura da escritura de um imóvel: o IMT (Imposto Municipal sobre Transações onerosas de Impostos), o Imposto do selo relativo à aquisição do imóvel e o Imposto do Selo associado ao crédito habitação.
- IMT: não tem um valor fixo. O montante a pagar varia consoante a natureza do imóvel (se é urbano ou rústico), a localização (se é em Portugal Continental ou nas Regiões Autónomas), a sua finalidade (habitação própria permanente ou segunda habitação) e o valor do imóvel. Use o simulador de IMT e saiba quais os valores que podem estar em causa.
- Imposto do Selo relativo à aquisição: corresponde a 0,8% do valor da escritura do imóvel.
- Imposto do Selo relativo ao crédito habitação: dado que a maioria dos contratos é superior a cinco anos, este corresponde a 0,6% do valor financiado.
Contudo, desde o dia 1 de agosto, os jovens até aos 35 que vão comprar a primeira casa para habitação própria permanente estão isentos de pagar IMT e o Imposto do Selo sobre o valor de aquisição. Mas atenção, pois esta isenção está limitada ao valor do imóvel. Só fica livre de pagar estes dois impostos se a casa que comprar custar até 316.772 euros. A partir desse valor, pode beneficiar de um desconto, mas tem de suportar parcialmente estes encargos.
Caso tenha dúvidas sobre esta medida, estes artigos podem ajudar no esclarecimento de algumas questões:
- Isenção de IMT para jovens: Perguntas e respostas
- Isenção de IMT para jovens: E se a casa custar 320 mil euros?
- Quanto é o imposto do selo na compra de imóvel até aos 35 anos?
Exemplos dos encargos com impostos
Um casal em que os elementos têm 36 e 38 anos, compram uma habitação própria e permanente em Portugal Continental por 200.000 euros. Têm de pagar de IMT 3.747,08 euros e de Imposto do Selo pela aquisição da casa 1.600 euros. Ou seja, 5.347,08 euros. A juntar a este valor, soma-se ainda o Imposto do Selo relativo ao financiamento. Se o banco vai emprestar o máximo 90% do valor, ou seja, 180.000 euros, este imposto corresponde a 1.080 euros. Só em impostos, este casal têm um encargo de 6.427,08 euros.
No entanto, se os elementos do casal tivessem 31 e 33 anos, estariam isentos do pagamento de IMT e Imposto do Selo pela aquisição da casa. Isto significa que poupariam 5.347,08 euros. Contudo, isto não significa que este casal não tenha encargos. Para um imóvel de 200 mil euros, entre comissões bancárias, imposto do selo do crédito (com direito à garantia pública) e honorários, este casal pode ter de suportar quase 3.000 euros de encargos (1.000 euros de comissões, 1.200 euros de imposto do selo sobre o crédito e cerca de 500 euros de honorários).
Outro ponto a salientar é que os jovens que beneficiem das medidas de acesso à habitação, estão isentos do pagamento dos emolumentos (registos da casa e da hipoteca). Logo, apenas têm de considerar os honorários relativos ao notário ou à conservatória, que podem rondar os 500 euros, como indicado no cálculo anterior.
Para saber quanto vai pagar de IMT e Imposto do Selo relativo à aquisição, recorra ao simulador de IMT.
Como as instituições avaliam o risco de um financiamento
Para determinar o risco de um financiamento, as instituições de crédito focam-se em quatro fatores: a situação profissional dos futuros titulares de crédito, situação financeira do agregado familiar, a taxa de esforço e o historial de crédito.
A nível da situação profissional, não é novidade que os bancos dão preferência aos clientes que têm contratos de trabalho sem termo (efetivos). Afinal, esta é uma situação de emprego mais estável, reduzindo o risco de incumprimento. No entanto, se não está efetivo ou é trabalhador independente, o foco da avaliação recai sobre se tem rendimentos estáveis e sobre a situação financeira do agregado familiar.
Para que as instituições consigam avaliar a situação financeira do agregado familiar, por norma, pedem que seja entregue os últimos três recibos de vencimento ou os seis últimos recibos verdes, extratos bancários dos últimos três meses, última declaração de IRS e nota de liquidação. Também pode ser pedido o último extrato dos seus cartões de crédito.
O risco de um novo financiamento destaca-se após o cálculo da taxa de esforço
É através do cálculo da sua taxa de esforço que uma instituição de crédito consegue medir o risco de conceder-lhe um novo financiamento. Na prática, esta taxa representa, em termos percentuais, o peso que os empréstimos têm no seu orçamento familiar.
Por exemplo, quando não tem nenhum financiamento e pretende contratar um crédito pessoal, os bancos recomendam que a taxa de esforço não ultrapasse os 30%. Já com vários créditos, a taxa de esforço não pode exceder os 50%. Contudo, é aconselhável que esta seja a menor possível. Acima dos 50%, nenhuma instituição de crédito pode conceder um novo financiamento.
Para calcular a sua taxa de esforço, os bancos aplicam a seguinte fórmula:
Taxa de esforço = (total de prestações financeiras / rendimento mensal líquido) x 100
Supondo que o rendimento líquido do seu agregado familiar é de 2.200 euros. Se não tiver mais nenhum crédito contratado, uma prestação de um crédito habitação de 500 euros, representa uma taxa de esforço de 23% [(500/2200)x 100]. Esta taxa é um bom indicador para o banco, pois se tiver um crédito habitação com uma taxa variável, caso a Euribor suba, tem margem para pagar as suas prestações de crédito.
No entanto, se além da nova prestação de crédito de 500 euros tiver uma prestação mensal do crédito automóvel de 120 euros e dívidas nos cartões de crédito de 400 euros mensais, a sua taxa de esforço é de 46% [(1020/2200)x 100]. Neste caso, o banco pode negar-lhe a aprovação do seu crédito ou pedir garantias adicionais, como adicionar fiadores ao contrato.
Caso queira ajuda para realizar estes cálculos, recorra ao Simulador de Taxa de Esforço.
Leia ainda: Como reduzir a taxa de esforço para comprar casa?
Historial de crédito indica se é ou não um bom pagador
As instituições de crédito também avaliam o risco do financiamento pelo historial de crédito dos futuros titulares. Uma vez que os clientes têm de entregar o mapa de responsabilidades do Banco de Portugal, as instituições conseguem identificar se registou atrasos a pagar os seus créditos ou se está numa situação de incumprimento. Caso esteja em incumprimento, o seu pedido de crédito é recusado.
Embora o mapa de responsabilidades de crédito seja um excelente indicador se é ou não um bom pagador, a instituição de crédito vai ainda olhar para os seus extratos bancários. Esta análise permite verificar se já deixou a sua conta chegar a valores negativos e identificar a sua gestão financeira, tendo em conta os valores que entram e saem da sua conta bancária.
Contratar um crédito habitação: Principais pontos a considerar
Para a maioria das pessoas, a compra de uma casa só é possível por meio de um financiamento. E para comprar uma habitação própria e permanente, o crédito habitação é a escolha mais adequada, uma vez que permite liquidar o empréstimo a longo prazo, ter taxas de juro mais baixas e obter um financiamento mais elevado.
No entanto, dado o preço das habitações, é preciso contratar este crédito de forma responsável. E para tal, precisa de avaliar a sua capacidade financeira, ter capitais próprios para pagar os encargos que vai ter, perceber qual é o valor da casa que consegue comprar e, claro, a taxa mais vantajosa para os seus objetivos.
Porém, se não sabe que tipos de taxas existem, quais os prazos máximos de um contrato de crédito habitação e como é definido o montante máximo do financiamento, passamos a explicar.
Leia ainda: Guia sobre crédito habitação: O que precisa saber
Tipos de taxas
Quando pretende contratar um crédito habitação, saiba que este pode ter uma taxa variável, uma taxa fixa ou uma taxa mista.
Antes da subida dos juros em 2022, mais de 90% dos contratos de crédito habitação eram concedidos com uma taxa variável. Mas perante a subida das taxas Euribor, foram muitas as famílias que negociaram ou transferiram o seu crédito habitação, para reduzirem os encargos com este financiamento.
E com isto, em dezembro de 2024 apenas 62% dos contratos estavam indexados a uma taxa variável. Isto porque várias instituições de crédito criaram campanhas promocionais atrativas que envolviam a contratação de créditos habitação com uma taxa mista, com um período fixo de 2 a 5 anos.
Embora estes dados possam demonstrar a preferência por uma taxa variável ou mista, para tomar uma decisão ponderada, deve saber o que caracteriza cada uma destas taxas.
Taxa variável
Um crédito habitação com uma taxa de juro variável é influenciado por duas componentes: o spread e pela Euribor (indexante do crédito habitação). E como tal, se optar por uma taxa variável, a sua prestação fica sujeita às flutuações da taxa Euribor contratada. Se esta taxa subir, a sua prestação aumenta no prazo em que é revista. Mas se esta taxa descer, a prestação diminui nesse mesmo prazo.
Como referido anteriormente, em Portugal as taxas Euribor mais usadas nos contratos de crédito habitação são a três, seis e 12 meses. Com uma taxa Euribor a três meses, a prestação é revista a cada três meses. Se optar por uma taxa Euribor a seis meses, a sua prestação é revista semestralmente, ou seja, duas vezes por ano. Mas se o seu contrato tiver a Euribor a 12 meses, a sua prestação é revista apenas uma vez por ano.
Por norma, as taxas Euribor com prazos mais curtos (três e seis meses) respondem mais depressa às oscilações das taxas diretoras (BCE). Isto significa que, num período em que se antecipam descidas ou subidas de juros por parte do banco central, estas taxas incorporam mais depressa essa expectativa.
Porém, se optar por uma taxa Euribor a 12 meses, beneficia de uma maior estabilidade, dado que a prestação só é atualizada uma vez por ano. No entanto, se os juros subirem progressivamente ao longo de 12 meses, na altura da atualização, vai sentir um aumento expressivo na sua prestação de crédito. Ao mesmo tempo, se o mês da revisão de um crédito corresponder ao pico de juros vai estar um ano com uma prestação mais elevada, enquanto os contratos com taxas mais curtas vão sentir alívios na prestação.
Regra geral, um crédito habitação com uma taxa variável permite obter uma prestação mais baixa em comparação à taxa fixa, pelo menos, na fase inicial do contrato. Mas este cenário pode mudar no decorrer do contrato e dependendo do ciclo económico e de política monetária que se está a atravessar. Em 2025, é possível contratar uma taxa fixa de curto prazo que é mais atrativa que uma taxa indexada À Euribor.
Nota: Antes de contratar um crédito com uma taxa variável, deve garantir que consegue suportar a sua prestação perante uma subida dos juros.
Leia ainda: Euribor: Qual o impacto na minha prestação?
Taxa fixa
No caso de contratar um crédito habitação com uma taxa fixa, a sua prestação mensal permanece igual até ao fim do contrato, independentemente de o Banco Central Europeu subir ou descer os juros. Logo, esta é a taxa que oferece mais estabilidade. Mas essa estabilidade tem um preço.
Tendo em conta o histórico de evolução dos juros, geralmente, um crédito habitação com taxa fixa acaba por ficar mais caro do que um crédito habitação com uma taxa variável.
Leia ainda: As taxas Euribor estão em queda. É uma boa altura para fazer taxa fixa?
A taxa fixa é definida com base na taxa swap, sendo esta negociada no mercado de forma semelhante às taxas Euribor, com um prazo correspondente. Assim, o valor depende do prazo associado ao crédito. Os períodos mais comuns são a 20 ou 30 anos. Mas existem outros prazos.
Na prática, neste tipo de modalidade de juros, a TAN é composta pelo swap e pelo spread. Contudo, para apurar o valor final da TAN, o banco avalia o risco do financiamento, o LTV (rácio entre o valor do empréstimo e do imóvel), as garantias concedidas pelo cliente e, inevitavelmente, o risco de fixar a taxa de juro no prazo pretendido.
Taxa mista
Por fim, a taxa mista é uma junção da taxa fixa e variável. Ao contratar um crédito habitação com uma taxa mista, a sua taxa muda a dada altura do contrato. Ou seja, no período inicial acordado, a taxa de juro é fixa, e após o término desse período a sua taxa passa a variável.
Em termos de cálculo, durante o período inicial, é aplicada a taxa de juro definida pelo swap. Quando este período chega ao fim, o crédito passa a estar indexado à taxa Euribor, acrescentando o valor do spread definido inicialmente no contrato.
Antes das taxas Euribor subirem em 2022, os portugueses optavam, na esmagadora maioria dos casos por ter o seu crédito indexado à taxa Euribor. Entre os clientes que optavam por taxas mistas, na maior parte das vezes contratavam taxas fixas a cinco, 10 ou 15 anos. Mais recentemente, fruto da subida significativa das taxas Euribor, muitas pessoas optaram por campanhas promocionais com taxas mistas, com períodos fixos mais curtos: um, dois ou cinco anos.
É inegável que em períodos mais incertos, a taxa mista oferece uma maior estabilidade na fase inicial do contrato, permitindo organizar melhor as finanças pessoais, tendo a possibilidade de lidar melhor com as oscilações da Euribor até ao final do contrato.
Leia ainda: Crédito habitação: Há taxas mistas abaixo dos 3%
Qual a melhor taxa num crédito habitação?
A melhor taxa num crédito habitação depende sempre dos seus objetivos e das suas finanças. Afinal, há quem prefira sempre procurar as soluções com os valores mais baixos, mas também há quem prefira pagar um pouco mais e não estar preocupado com a subida dos juros.
Independentemente do seu caso, na hora de contratar um crédito habitação deve olhar para as condições que os bancos estão a oferecer. Tendo em conta as taxas fixas de curto prazo (usadas nos créditos a taxa mista) aplicadas em seis bancos portugueses, os valores situam-se entre os 2,5% e os 3%.
Já em relação às taxas variáveis, precisa de olhar para as taxas Euribor e o spread aplicado pelos bancos.
Em janeiro de 2025, a média das taxas Euribor fixaram-se nos seguintes valores:
- Euribor a três meses ronda os 2,52%;
- Euribor a seis meses ronda os 2,45%;
- E a Euribor a 12 meses ronda os 2,46%.
No entanto, estes valores vão sofrer oscilações ao longo do ano, dado que estamos a falar de taxas variáveis. Para ter uma ideia, relativamente à taxa Euribor a seis meses, os futuros negociados no mercado apontam para que esta taxa feche 2025 a negociar em torno dos 2%.
Quanto ao spread, é possível verificar valores a partir de 0,5%. O spread mínimo de 0,5% só se aplica durante os primeiros três anos do contrato. Em termos gerais, atualmente a maioria dos bancos pratica um spread de 0,7%.
Assim, olhando só para as taxas de juro, a que tem um valor mais baixo atualmente é a taxa mista. Mas esta situação pode mudar, se as taxas Euribor descerem. No entanto, tendo em consideração as previsões atuais, a Euribor seis meses somada a um spread mínimo e a taxa mista com o período fixo a dois anos, podem acabar o ano com uma TAN semelhante, o que significa que no imediato alguém que contrate uma taxa fixa a dois anos pode poupar, face ao encargo de ter um crédito indexado à Euribor, mas no final do ano a diferença deverá esfumar-se.
Leia ainda: Quais as melhores soluções para o crédito habitação em 2025?
Comissão de reembolso antecipado
Ao contratar um crédito com uma taxa fixa, deve fazer contas e ter em consideração que caso pretenda amortizar o seu crédito antecipadamente, o banco pode cobrar uma comissão de reembolso antecipado de 2% sobre o montante amortizado.
Já num crédito habitação com taxa variável, por norma, a comissão de reembolso antecipado é de 0,5% sobre o montante amortizado.
Contudo, até ao final de 2025, quem tiver um contrato com taxa variável está isento de pagar esta comissão, se quiser amortizar o seu crédito.
Leia ainda: Amortização do crédito habitação sem penalização em 2025
Prazo máximo do contrato
O prazo máximo do contrato de crédito habitação é estabelecido com base na idade atual dos mutuários. Segundo as regras em vigor, quem tem:
- Menos de 30 anos, pode contratar um crédito habitação com um prazo máximo de 40 anos.
- Entre os 30 e 35 anos, o limite máximo para pagar o seu financiamento é de 37 anos.
- Mais de 35 anos, o prazo máximo do seu crédito habitação não pode exceder os 35 anos.
Embora estes sejam os prazos máximos face à sua idade na hora de contratar um crédito, a maturidade do seu contrato também tem em conta a sua idade quando terminar a amortização total do seu crédito. Por essa razão, quando ultrapassa os 35 anos, a maturidade do seu contrato pode ser menor.
Leia ainda: Prazos do crédito habitação: Conhece os novos limites?
Como é definido o montante de financiamento?
Para perceber como é definido o montante de financiamento de um crédito habitação, primeiro deve saber o que é o LTV (Loan-to-Value) e a sua importância neste tipo de empréstimo.
Num crédito habitação, o LTV corresponde ao rácio entre o valor total financiado e o valor do imóvel. É com base neste rácio que os bancos determinam o montante do empréstimo. Contudo, o valor financiado não pode ultrapassar os limites impostos pelas medidas macroprudenciais do Banco de Portugal.
Na prática, estas medidas determinam que os bancos possam financiar, no máximo, 90% do valor de um imóvel para habitação própria e permanente (numa aquisição ou construção). A restante percentagem deve ser garantida pelo cliente através de capitais próprios.
O cálculo do LTV utiliza o valor de compra ou o valor da avaliação do imóvel, sendo considerado o valor mais baixo dos dois. Simplificando, se comprar uma casa por 200 mil euros, mas a avaliação for de 180 mil euros, a instituição de crédito pode emprestar-lhe, no máximo, 162 mil euros (90% de 180 mil euros). Logo, neste caso, tinha de suportar os 38 mil euros não financiados pela instituição de crédito.
Contudo, se o valor de avaliação for superior ao valor da compra (200 mil euros), o banco pode emprestar-lhe até 180 mil euros (90% de 200 mil euros).
Já se o seu objetivo for comprar uma segunda habitação, a percentagem máxima que uma instituição de crédito pode financiar é de 80%. E aplica-se a mesma lógica dos cálculos apresentados anteriormente, mas com a percentagem de 80%.
Nota: Embora estes sejam os rácios LTV máximos que as instituições de crédito podem aplicar, estas podem aplicar rácios LTV inferiores, principalmente se o risco de financiamento for mais elevado.
Leia ainda: Há montantes máximos de financiamento no crédito habitação?
Financiamento de 100% para jovens até 35 anos
Todos os contratos de crédito que forem formalizados até ao dia 31 de dezembro de 2026, no âmbito da garantia pública do crédito habitação, podem beneficiar de financiamento a 100%.
Caso não esteja familiarizado com esta medida, a garantia pública do crédito habitação permite que os jovens entre os 18 e os 35 anos, com rendimentos até 8.º escalão do IRS, possam comprar a sua primeira habitação própria e permanente com um financiamento de 100%.
Nota: Em 2025, o valor dos escalões de IRS determinam que o 8.º escalão corresponda a rendimentos entre 44.987 euros e 83.696 euros.
Dado que o Estado assume o papel de fiador de até 15% do valor do empréstimo, os jovens que cumprirem os requisitos para beneficiarem da garantia pública, não têm de ter capitais próprios para dar de entrada, pois podem pedir o financiamento do valor total do imóvel.
Os principais requisitos de acesso à garantia pública são os seguintes:
- Ter um domicílio fiscal em Portugal;
- O valor da transação não pode exceder os 450 mil euros;
- Não pode ter dívidas à Segurança Social ou às Finanças;
- Não pode ser dono de outro imóvel (nem de parte dele);
- E não pode já ter beneficiado da garantia pessoal do Estado.
Além destes critérios, as instituições de crédito vão ter em conta a taxa de esforço dos futuros titulares do empréstimo e a sua situação profissional e financeira. A taxa de esforço deve ser inferior a 35%. No entanto, o banco pode aprovar um crédito habitação com uma taxa de esforço superior ao valor recomendado, desde que esta não ultrapasse os 50%.
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Especificidades do crédito pessoal
O crédito pessoal é uma das modalidades do crédito ao consumo, tal como o crédito automóvel, os cartões e linhas de crédito e facilidades de descoberto. No entanto, o crédito pessoal é mais conhecido por permitir obter um financiamento com um valor mais elevado, dando a hipótese de concretizar objetivos prioritários, quando não tem o capital necessário.
Este tipo de crédito pode servir para pagar um curso, ir de férias, fazer um tratamento de saúde ou até obras na sua casa. No fundo, pode dar o destino que quiser ao financiamento que pediu. Mas a contratação de um crédito pessoal não deve ser feita por impulso, pois pode ter um impacto significativo nas suas finanças durante alguns anos. Além disso, é preciso perceber como este funciona, quais as modalidades que existem, as diferentes taxas de juro e os seus limites.
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Nem todos os créditos pessoais são iguais
Embora o crédito pessoal possa ser usado para inúmeros objetivos, a finalidade do seu crédito afeta a taxa de juro e as condições do seu contrato. Por isso, é importante ter consciência que nem todos os créditos pessoais são iguais. Na prática, os juros do seu crédito dependem se este se insere nas seguintes categorias:
- Finalidade de educação, saúde, energias renováveis ou locação financeira de equipamentos;
- Sem uma finalidade específica, sem qualquer garantia associada.
Ao optar por um crédito pessoal sem uma finalidade específica, as taxas de juro são mais elevadas em comparação aos créditos pessoais com uma finalidade específica.
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Que taxas se aplicam no crédito pessoal?
As taxas de juro no crédito pessoal são fixadas de forma distinta de um crédito habitação. Um crédito ao consumo, onde se inclui o crédito pessoal, rege-se por taxas máximas definidas pelo Banco de Portugal trimestralmente. Sendo que os valores máximos fixados são definidos tendo em consideração os valores praticados no trimestre anterior.
No entanto, mesmo não existindo uma ligação direta ao Banco Central Europeu (BCE), quando existe uma subida dos juros, esta acaba por afetar todos os créditos. Isto acontece porque as instituições financeiras passam a ter mais encargos para se financiarem.
Mas olhando para as taxas de juro atuais, no primeiro trimestre de 2025, o Banco de Portugal fixou nos contratos com finalidade de educação, saúde ou energia renovável, a TAEG máxima de 9%.
Quanto aos contratos sem uma finalidade específica, a TAEG máxima que pode ser aplicada no primeiro trimestre de 2025 é de 15,9%.
Os valores das TAEG máximas determinam a taxa de juro máxima que as instituições de crédito podem aplicar num trimestre específico. Contudo, o seu crédito pessoal pode ter uma TAEG menor, mas nunca superior. No entanto, é recomendado que antes do início de cada trimestre, consulte o site do Banco de Portugal para saber o valor das taxas máximas.
No crédito pessoal também existe taxa fixa e taxa variável
Além de ser necessário perceber qual é a TAEG máxima aplicada ao trimestre em que contrata o seu crédito pessoal, saiba que o seu financiamento pode ter uma taxa de juro fixa ou variável.
Tal como acontece no crédito habitação, se tiver uma taxa de juro fixa, paga a mesma prestação durante todo o contrato. Nesta opção, sabe desde o início o montante total de juros a pagar pelo seu crédito e o custo final do seu empréstimo.
Já se o crédito tiver uma taxa variável, a taxa de juro é aplicada ao capital em dívida, sendo revista com uma periodicidade idêntica à taxa de juro de referência. Contudo, os encargos estão limitados ao regime das taxas máximas no momento da contratação.
Porém, a maioria dos créditos pessoais são contratados com uma taxa fixa.
Quais os montantes máximos de financiamento?
Um crédito pessoal pode ter um montante mínimo de 200 euros e o montante máximo de 75 mil euros. Contudo, dependendo da finalidade do seu crédito e da instituição bancária, pode deparar-se com outros valores dentro do intervalo fixado para o crédito ao consumo.
Embora estes valores sejam os limites estipulados, os bancos podem condicionar o valor do financiamento com base nos seus rendimentos e endividamento. Isto, porque os encargos totais com créditos não podem superar 50% dos seus rendimentos líquidos.
Se os seus rendimentos líquidos corresponderem a 2.000 euros, no máximo, pode contrair créditos cujas prestações não superem os 1.000 euros. No entanto, aqui a sua taxa de esforço está no limite máximo. Logo, é normal que a instituição financeira possa condicionar o valor do financiamento. Caso não tenha nenhum crédito a decorrer, a prestação do seu crédito pessoal deve ser inferior a 1.000 euros. O valor máximo aconselhável, tendo em conta uma taxa de esforço de 30%, é de uma prestação de 600 euros.
Mesmo não sendo comum o banco pedir garantias num crédito pessoal, se solicitar um valor elevado, estas podem ser pedidas para reduzir o risco do financiamento.
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Qual o prazo máximo de um contrato de crédito pessoal?
A nível dos prazos limites de um crédito pessoal, o Banco de Portugal estipulou duas maturidades máximas que podem ser aplicadas aos contratos. Por norma, um crédito pessoal pode ter a duração máxima de sete anos. Contudo, se o financiamento tiver a finalidade de educação, saúde, energias renováveis ou automóvel, o prazo máximo é de 10 anos.
Mas tenha em consideração que quanto mais alargada for a maturidade do contrato, mais caro fica o seu crédito pessoal. Afinal, vai pagar mais juros no decorrer do contrato.
Vamos a um exemplo para perceber o peso da maturidade do seu crédito pessoal:
Imagine que pretende obter um crédito pessoal de 10 mil euros. Se ao seu contrato for aplicada uma TAN de 10% e optar por uma maturidade de quatro anos, fica com uma prestação de 253,63 euros, sendo que os juros totais rondam 2.170 euros. Caso opte pelo prazo de sete anos, a sua prestação desce para 166,01 euros, mas os juros totais sobem para 3.945 euros.
Ou seja, optando pelo prazo de quatro anos, o seu crédito pessoal vai ter um custo final 12.174,24 euros. Mas se estender o prazo para sete anos, o custo total fica em 13.944,84 euros. Isto significa que ao alargar o prazo, sofre um aumento de 1.770,60 euros.
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Características de um crédito automóvel
O crédito automóvel está entre os financiamentos mais procurados depois do crédito habitação. Embora seja um crédito muito conhecido em Portugal, para fazer a melhor escolha para si, deve conhecer as quatro opções de financiamento, os prazos máximos e as taxas de juro em vigor.
Tipos de crédito automóvel que pode contratar
O crédito automóvel divide-se nas seguintes modalidades: Leasing (locação financeira), ALD (aluguer de longa duração) de veículos novos ou usados e crédito com reserva de propriedade para veículos e usados.
Para contratar um crédito de forma responsável, precisa de saber as características de cada uma destas modalidades. Assim, a seguir, conheça os tipos de crédito automóvel que pode contratar.
Leasing e ALD
Nestas duas modalidades, está a celebrar um contrato com a instituição financeira em que existe um aluguer de longa duração, podendo adquirir a viatura em causa. Num contrato de leasing, pode optar por ficar com a viatura, por um valor residual, no final do contrato. Num contrato de aluguer de longa duração (ALD), precisa de indicar no início do contrato se vai comprar ou não o veículo. Contudo, saiba que a propriedade pertence à instituição financeira, sendo esta transferida para si quando o contrato chega ao fim ou quando passa a exercer a opção de compra.
Estas modalidades de financiamento contam com taxas de juro mais baixas. Depois existem outras vantagens que deve avaliar, como a isenção de Imposto do Selo sobre os juros e empréstimo, a aplicação de uma taxa fixa ou até a facilidade que existe em trocar de automóvel.
Crédito com reserva de propriedade
O crédito com reserva de propriedade é o crédito automóvel mais tradicional. Trata-se de um crédito pessoal, mas com a finalidade específica de aquisição de um automóvel. Nesta modalidade, o proprietário do veículo é o titular do empréstimo e a viatura não pode ser vendida antes de liquidar o seu financiamento, pois existe uma reserva de propriedade titulada pela instituição financeira.
Ao escolher um crédito automóvel com reserva de propriedade, tenha em conta que a taxa de juro é mais barata se comprar um automóvel novo do que um usado. No entanto, a taxa de juro é sempre mais elevada em comparação aos contratos de Leasing e ALD. Além disso, deve olhar bem para as condições do financiamento, uma vez que pode ser aplicada uma taxa fixa ou uma taxa variável (indexada à Euribor). Nesta última opção, o valor da prestação oscila consoante o prazo contratado.
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Quais os prazos máximos e as taxas máximas em vigor?
Começando pelos prazos do crédito automóvel, estes podem variar de banco para banco, mas também consoante o tipo de contrato que vai realizar. Em termos gerais, em Portugal, o período para pagar um crédito automóvel varia entre um e 10 anos. Mas, há bancos em que o prazo mínimo é de dois anos e outros em que o prazo máximo varia entre oito, nove ou 10 anos. Por norma, os prazos máximos mais elevados destinam-se à aquisição de veículos novos.
Quanto aos valores de financiamento de um crédito automóvel, estes variam entre 2.500 euros e 75.000 euros. Caso pretenda adquirir um veículo novo, o valor mínimo do financiamento pode subir para 5.000 euros em algumas entidades. Já em outras, quando compra um carro usado, o limite máximo do financiamento pode ser de 50.000 euros. No fundo, tudo depende da instituição de crédito que escolher.
Por fim, tal como acontece no crédito pessoal, as taxas de juro do crédito automóvel também têm como base as TAEG máximas fixadas pelo Banco de Portugal a cada trimestre. No primeiro trimestre de 2025, as TAEG máximas são de:
- 6,4% - Leasing e ALD de carros novos;
- 8,3% - Leasing e ALD de carros usados;
- 11,3% - Contratos com reserva de propriedade e outros de veículos novos;
- 14,4% - Contratos com reserva de propriedade e outros de veículos usados.
Nota: Estas são as TAEG máximas que a instituição de crédito pode cobrar nos contratos de crédito automóvel celebrados no primeiro trimestre de 2025. No entanto, pode obter uma taxa de juro mais baixa.
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Contratar cartões de crédito de forma responsável
Os cartões de crédito são produtos financeiros de fácil acesso que podem ser bastante úteis se os usar de forma responsável. Afinal, tem sempre um valor extra disponível para o pagamento de certas despesas quando não quer mexer nas suas poupanças ou investimentos. E se liquidar o valor que utilizou na totalidade, dentro do prazo estipulado, não paga qualquer tipo de juros. Além disso, a utilização de um cartão de crédito traz outras vantagens que podem aumentar a sua poupança.
Mas se não fizer uma boa gestão do uso dos seus cartões de crédito, a dívida que acumula pode causar vários problemas e ficar sobreendividado. Por isso, é importante conhecer os benefícios e riscos associados aos cartões de crédito, antes de os usar.
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Benefícios de usar um cartão de crédito
Além de ter um plafond disponível, a utilização de um cartão de crédito pode trazer algumas vantagens e até aumentar as suas poupanças. Entre os principais benefícios, destacam-se:
- A atribuição de cashback: se o seu cartão de crédito tiver um cashback de 2%, por cada compra que fizer com o seu cartão recebe 2% do valor de volta. Vamos supor que faz um pagamento de 500 euros com o seu cartão. Ao ter um cashback de 2%, recebe de volta 10 euros. Esta é uma forma de aumentar as suas poupanças. No entanto, antes de escolher o seu cartão de crédito avalie anuidade, taxa de juro associada, os limites impostos para beneficiar da percentagem de cashback e a própria percentagem oferecida.
- Facilidade de pagamentos no estrangeiro: ao contrário dos cartões de débito, a maioria dos cartões de crédito são aceites em quase todo o mundo. E em várias situações, fazer os pagamentos com o seu cartão de crédito e pagar a totalidade do montante em dívida no prazo estipulado, pode facilitar a sua vida nas férias ou em viagens de trabalho. Contudo, veja as taxas associadas dentro e fora da Zona Euro.
- Acesso a descontos: os cartões de crédito, por norma, têm parcerias com diversas entidades, podendo beneficiar de descontos percentuais em várias áreas de consumo, tais como, saúde, bem-estar, combustível, entre outras.
- Acumulação de milhas aéreas: Embora nem todos os cartões tenham este benefício, caso goste de viajar, existem cartões de crédito que permitem acumular milhas aéreas com os seus pagamentos. Depois pode trocar essas milhas por viagens nas companhias aéreas associadas, dentro do prazo limite.
- Atribuição de pontos: muitos cartões de crédito permitem acumular pontos quando faz pagamentos com o seu cartão. Estes pontos podem ser trocados por artigos e/ou serviços dentro de várias áreas de lazer, turismo, restauração, moda, beleza, etc. Porém, deve verificar a rede de parceiros e se existem comissões associadas, para ter a certeza que este benefício compensa.
Riscos associados aos cartões de crédito
Embora a utilização dos cartões de crédito possa trazer alguns benefícios, se esta não for feita de forma responsável, pode entrar numa situação de sobreendividamento difícil de resolver.
Por norma, o risco aumenta quando utiliza um cartão de crédito sem saber os encargos associados ao mesmo. Há cartões que têm anuidades mais elevadas, como os cartões de crédito premium, aplicam comissões altas em certas modalidades e têm uma taxa de juro mais elevada de qualquer outro tipo de financiamento. Para ter uma noção, a TAEG máxima que pode ser aplicada a um cartão de crédito no primeiro trimestre de 2025 é de 19,2%.
Assim, quando não paga a totalidade do montante em dívida e decide parcelar o valor em várias vezes, acaba por pagar juros muito elevados. E, caso se atrase no pagamento das suas prestações, a sua dívida começa a aumentar, ficando cada vez mais difícil de gerir.
Os cartões de crédito permitem pagar a fatura do seu cartão a 100% ou em prestações de 75% até 3% do valor em dívida. Mesmo parecendo atrativo reduzir o valor da prestação ao máximo, se recorrer ao cartão de crédito para vários pagamentos, mais juros irá pagar, elevando exponencialmente o valor em dívida.
Dito isto, não se esqueça que um cartão de crédito representa sempre um empréstimo. Logo, utilize o mesmo apenas em situações específicas e vantajosas para si. As suas despesas regulares devem ser pagas com os seus rendimentos e não através de financiamento. Caso contrário, vai chegar a um ponto onde tem vários cartões de crédito para suportar o seu estilo de vida, agravando a sua situação financeira a cada mês que passa.
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Como saber qual é a melhor solução para os seus objetivos
Para saber qual é a melhor solução para os seus objetivos tem de perceber se existe um crédito específico para a finalidade pretendida e quais são as taxas aplicadas. Caso pretenda obter um financiamento para concretizar vários objetivos, sobram-lhe duas opções: recorrer a um crédito pessoal sem finalidade específica ou a um cartão de crédito que tenha o plafond que precisa.
Mas vamos a dois exemplos para avaliar qual pode ser a solução mais indicada para o seu caso.
Financiamento de automóvel usado: crédito automóvel ou crédito pessoal?
Suponha que quer comprar um automóvel usado no valor de 9.000 euros e pretende liquidar o seu crédito em 48 meses (quatro anos). Neste cenário, precisa de fazer simulações das taxas de juro aplicadas no crédito pessoal sem finalidade específica e no crédito automóvel (com reserva de propriedade e outros: usados). Depois, deve olhar para as comissões cobradas na abertura do processo, a TAEG e MTIC.
Olhando para as várias ofertas no mercado e as TAEG máximas aplicadas a cada um dos financiamentos (crédito pessoal sem finalidade específica com uma TAEG máxima de 15,9% e o crédito automóvel com reserva de propriedade para veículos usados com uma TAEG máxima de 14,4%), existe uma pequena diferença nos valores que pode obter.
Por exemplo, se pretender contratar um crédito automóvel, pode ser-lhe apresentada uma TAN de 7,7%. Perante um financiamento de 9.000 euros a pagar em 48 meses, a sua prestação mensal seria de 218,45 euros. Já se o financiamento fosse através de um crédito pessoal sem finalidade específica, por norma, a taxa de juro seria mais elevada. Assim, se apontarmos para uma TAN de 9,3%, a sua prestação seria de 254,6 euros. Ou seja, uma diferença superior a 36 euros por mês.
Além de analisar os juros e a prestação do crédito, não se esqueça de perceber que comissões e impostos podem existir. Tal como a taxa de juro, o valor destes encargos varia de instituição para instituição. Embora estes dois créditos sejam concedidos rapidamente, tenha em conta o tempo de aprovação do seu crédito, caso tenha urgência em obter o financiamento.
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Financiamento de 5.000 euros: crédito pessoal vs cartão de crédito
Começando pelo crédito pessoal sem uma finalidade específica de 5.000 euros. Se quisesse pagar este empréstimo em 64 meses e fosse aplicada uma TAN de 10,3%, pagaria uma prestação mensal de 101,86 euros. Já o valor total dos juros ficaria em 1.519,34 euros.
Usando o mesmo valor de financiamento de 5.000 euros a liquidar em 64 meses, tendo uma prestação fixa de 115,29 euros, um cartão de crédito com uma TAN de 15,5%, os juros totais ficariam em 2.378,68 euros.
Fazendo contas, só em juros pagaria mais 859,34 euros se optasse por um cartão de crédito em vez de um crédito pessoal. No entanto, é preciso ter em conta que estes valores não englobam outros encargos, como comissões, Imposto do Selo, seguros ou a anuidade do cartão de crédito.
Contudo, em termos de financiamento, um crédito pessoal sem finalidade é sempre mais vantajoso do que recorrer a um cartão de crédito, dado ter taxas de juro mais baixas.
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Atenção aos créditos rápidos e sem burocracias
Atualmente, são muitas as instituições financeiras que concedem créditos pessoais aprovados em menos de 48 horas. Por regra, consegue fazer simulações que lhe mostram qual é a prestação a pagar, a taxa de juro aplicável e a maturidade do contrato para o valor de financiamento que pretende.
Mas em termos de burocracias, as instituições de crédito fiáveis vão avaliar a sua capacidade financeira, mesmo que façam uma pré-aprovação, após a simulação apresentada ser aceite. Assim, antes do financiamento ser atribuído, a instituição de crédito avalia a sua taxa de esforço, verifica se tem outros créditos junto da Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal e tem ainda em conta a sua situação profissional e os seus rendimentos. Logo, são sempre solicitados alguns documentos, como cartão de identificação, comprovativo de morada, comprovativo de IBAN, recibos de vencimento ou a última declaração de IRS.
A única exceção que existe que pode envolver menos burocracias, principalmente quando já é cliente da entidade que vai pedir o financiamento, são os mini créditos rápidos online. Este tipo de créditos são mais flexíveis, pois o processo é todo realizado online, e destina-se a financiamentos entre 500 euros e os 5 mil euros.
Contudo, as promessas de créditos rápidos e sem burocracias requerem bastante atenção. Afinal, este tipo de solução pode surgir em anúncios, nas redes sociais, por email, mensagens, entre outros meios de divulgação. E se não conhece a entidade que está a apresentar estas condições tão atrativas, deve ter cuidados redobrados. Um passo essencial para evitar cair em burlas é confirmar se a entidade faz parte da lista de entidades aprovadas pelo Banco de Portugal.
Se a mesma não fizer parte desta lista oficial, não avance com o financiamento. O mais provável é esse anúncio tratar-se de uma burla ou fraude financeira.
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Quais os principais motivos para um crédito ser recusado?
Tal como explicado neste guia, os principais motivos para um crédito ser recusado estão associados à avaliação do risco de falhar o pagamento do financiamento pedido. A instituição avalia o risco com base no seu perfil de cliente, histórico de pagador, a sua taxa de esforço atual, idade, situação profissional e financeira.
No entanto, a taxa de esforço e o seu histórico enquanto pagador são os dois motivos que levam mais créditos a serem recusados.
Quanto à taxa de esforço, esta não pode ultrapassar os 50% para obter um novo financiamento. No entanto, dependendo do financiamento que vai contratar, do montante pedido e prazo pretendido, se tiver uma taxa de esforço entre os 35% e 50%, o banco pode pedir garantias adicionais ou reprovar o seu crédito.
Já o seu histórico enquanto pagador, também tem um peso determinante na aprovação ou recusa do seu crédito. Se até hoje sempre pagou as suas prestações dentro dos prazos, faz uma gestão cuidada das suas finanças, tem mais possibilidades de ver o seu crédito aprovado. Por outro lado, se já teve incidentes junto do Banco de Portugal e demonstra uma má gestão financeira, atrasando-se nos pagamentos, a instituição de crédito pode ver um risco muito elevado de conceder-lhe o financiamento pretendido. Caso esteja em incumprimento, saiba que o seu crédito vai ser recusado.
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Negociar um crédito: Principais pontos antes de fazer uma proposta ao seu banco
Se acha que as condições contratuais do seu crédito estão desatualizadas face ao que o mercado oferece ou pretende baixar a sua prestação de crédito, por norma, pode negociar novas condições com a instituição de crédito. Afinal, esta não quer perder clientes.
No entanto, nenhuma instituição é obrigada a alterar as condições contratuais acordadas pelas duas partes, quando os clientes não integram os mecanismos de proteção a situações de incumprimento.
Contudo, nunca perde nada ao tentar obter melhores condições. Para aumentar as suas hipóteses de a instituição negociar as condições contratuais, precisa de saber o que pode negociar em cada financiamento e quando pode apresentar uma nova proposta.
O que pode negociar em cada financiamento
Na prática, qualquer empréstimo pode ser negociado, sem que as instituições de crédito cobrem comissões pela negociação. Mas dependendo do financiamento, existem mais ou menos condições contratuais que podem sofrer alterações.
Começando pelo crédito habitação. Neste financiamento é possível negociar: o prazo do indexante (Euribor a três, seis ou 12 meses), o valor do spread, o regime da taxa de juro (variável, fixa ou mista), o prazo da amortização, a modalidade de reembolso (padrão, carência de capital, diferimento de capital) e o valor dos seguros do crédito habitação.
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No caso do crédito pessoal, as instituições de crédito não são tão flexíveis nas condições a negociar. No entanto, pode pedir para passar de uma taxa fixa para uma taxa variável ou vice-versa, alargar ou diminuir o prazo de amortização e tentar baixar a taxa de juro do crédito. De realçar que a instituição é livre de aceitar ou recusar as suas propostas.
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Quanto ao crédito automóvel, a margem de negociação depende muito do valor da garantia (valor do seu automóvel). Se o valor do seu automóvel for mais elevado, pode conseguir beneficiar de algumas alterações contratuais. Por exemplo, pode propor estender o prazo do seu contrato até ao limite de 10 anos. Mas esta não é a única condição contratual que pode negociar. Também pode negociar a alteração da modalidade de juros (passar de uma taxa variável para uma taxa fixa ou vice-versa) e tentar a redução do valor de produtos associados ao seu contrato, como, por exemplo, o seguro de vida.
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Quando pode negociar o seu crédito e com que periodicidade?
A negociação de um crédito pode ser realizada de forma regular, sem qualquer custo para si, se não tiver prestações em atraso. Ou seja, qualquer titular de um crédito pode pedir a negociação das condições contratuais, mesmo que esteja com uma boa situação financeira.
Por outro lado, a negociação das condições de crédito também pode ser pedida ao abrigo dos mecanismos de proteção ao incumprimento, PARI e PERSI. Além destas circunstâncias, pode renegociar um crédito por motivo de divórcio, separação judicial de pessoas e bens, dissolução da união de facto ou morte de um dos cônjuges.
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Quanto à periodicidade, não existem limites estipulados para um cliente negociar as condições de um crédito sem custos associados. Porém, no caso de um crédito habitação, as instituições de crédito estão menos recetivas a negociar as condições, se tiver menos de um ano de escritura.
Já se pretender transferir o seu crédito habitação para outra entidade, pode fazê-lo as vezes que quiser, desde que não tenha prestações em atraso. Aqui só tem de ter em consideração eventuais encargos com a amortização antecipada - maiores quando tem uma taxa de juro fixa (e os bancos não suportam nestes casos). Outro ponto a ter em conta, é que o valor em dívida tem de ser inferior a 90% do valor da compra do imóvel, após dois anos da primeira escritura.
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O que é a consolidação de créditos?
Negociar os seus créditos junto das instituições financeiras não é a única solução para reduzir os seus encargos. Caso nos últimos anos tenha contrato vários créditos ao consumo, a consolidação de créditos pode ser a solução indicada para ganhar uma folga no seu orçamento e até evitar uma situação de incumprimento.
A consolidação de créditos permite reequilibrar as suas finanças pessoais. Existem duas formas de consolidar os seus financiamentos, através do crédito consolidado tradicional ou recorrendo a um crédito multiopções, dando a sua casa como garantia.
Mas vamos resumir como estas soluções funcionam:
Crédito consolidado
Para quem tem, no mínimo, dois créditos ao consumo, o crédito consolidado permite juntar todas as prestações numa só. Na prática, ao fazer este crédito paga todas as suas dívidas dos contratos que tinha a decorrer, podendo com o crédito consolidado negociar uma taxa de juro mais baixa face à média das taxas que pagava nos outros financiamentos.
Em muitos casos, o crédito consolidado permite poupar até 60% por mês em comparação com o que pagava. A poupança final depende do número de créditos que tem, prazos, taxas de juro e o valor dos financiamentos. No entanto, não pode ter nenhuma prestação de crédito em atraso para obter um crédito consolidado.
Vamos usar o caso real do Paulo (nome fictício) para perceber a poupança que pode obter num crédito consolidado. O Paulo (nome fictício) tinha uma dívida total que ascendia a 22.855 euros em créditos ao consumo. O que representava um encargo de 1.450 euros mensais. Após pedir ajuda ao Doutor Finanças, obteve um financiamento de 23 mil euros, a pagar a sete anos, com uma TAN de 13,70%. Isto significa que o Paulo ficou a pagar 442 euros por mês, reduzindo em 1.008 euros os seus encargos mensais.
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Crédito multiopções
Embora seja menos comum, a consolidação de créditos através do crédito multiopções, em alguns casos é uma solução bastante vantajosa para reduzir os encargos com empréstimos. O crédito multiopções é semelhante ao crédito habitação, permitindo fazer uma segunda hipoteca sobre a sua casa para obter um novo financiamento. Na prática, dá o seu imóvel como garantia e a instituição de crédito empresta-lhe dinheiro.
A grande vantagem do crédito multiopções é que este tem taxas de juro e prazos de financiamento semelhantes às de um crédito habitação. Ou seja, os juros vão ser mais baixos do que a média dos juros dos seus outros empréstimos.
Contudo, a consolidação de créditos com o multiopções só é possível se o rácio LTV for inferior a 80% do valor do imóvel, a sua taxa de esforço não superar os 50% (são contabilizadas todas as prestações de crédito que tem mais a nova prestação do multiopções) e a finalidade não pode estar limitada a áreas relacionadas com a habitação.
Olhando para o caso da Filipa (nome fictício), ela tinha uma dívida de quase 63 mil euros relativa ao seu crédito habitação, pagando uma prestação mensal de 355 euros a liquidar durante 28 anos. Já em termos de condições, o crédito estava indexado à taxa Euribor a 12 meses, com um spread de 1,15%. Mas a Filipa tinha outras dívidas relacionadas com créditos ao consumo que rondavam os 58 mil euros, pagando mensalmente 412 euros. Ao todo, as suas prestações de crédito representavam um encargo de 767 euros por mês.
Com a ajuda do Doutor Finanças, a Filipa negociou o seu contrato de crédito habitação, ficando com uma taxa mista (fixa durante dois anos) de 2,5% e manteve o prazo de amortização de 28 anos. Esta alteração baixou a sua prestação para 246 euros. Dada a redução, a Filipa pediu 73 mil euros através de um crédito multiopções, ficando com uma nova prestação de 293 euros, dado que as condições igualaram as aplicadas ao seu crédito habitação.
Ao pegar neste valor e saldar a totalidade dos seus créditos, os seus encargos mensais com prestações de crédito passaram de 767 euros para 593 euros. Uma poupança de 228 euros por mês e ainda ficou com um valor adicional para gastar noutra finalidade.
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Quais as vantagens e desvantagens?
Em termos de vantagens, a consolidação de créditos permite geralmente ganhar uma nova folga no seu orçamento familiar, pois consegue reduzir os seus encargos com créditos. Além disso, deixa de ter várias prestações de crédito para pagar em prazos distintos. Desta forma, reduz as probabilidades de se atrasar no pagamento das suas obrigações.
Quanto às desvantagens, o maior destaque vai para o alargamento do prazo face à maturidade que podia ter nos seus créditos ao consumo. E se o aumento do prazo for expressivo, o montante total de juros suportado vai aumentar. Por isso, antes de consolidar os seus créditos deve ter a certeza de que esta solução é vantajosa para si. Caso os seus créditos estejam perto de ser liquidados, a consolidação pode não ser benéfica.
Além disso, para a consolidação de créditos melhorar as suas finanças pessoais, deve dar um bom destino ao valor que passa a poupar mensalmente. Este pode reforçar o seu fundo de emergência ou até ser um ponto de partida para começar a fazer investimentos. Já se usar este montante para despesas desnecessárias ou contrair novos créditos, esta alteração não vai melhorar as suas finanças pessoais.
Leia ainda: Crédito Consolidado: Quais as vantagens e desvantagens?
Contratar um crédito de forma responsável: Com ou sem ajuda de um intermediário de crédito?
Contratar um crédito de forma responsável é possível a título individual como recorrendo a um intermediário de crédito.
Quando pretende contratar, negociar, transferir ou consolidar os seus créditos, precisa de estar bem informado sobre todas as condições, regras, vantagens e desvantagens. Além disso, vai ter de comparar inúmeras propostas em várias instituições de crédito. E para quem não está habituado a este tipo de procedimentos, esta tarefa pode ser bastante desgastante e até confusa. Mas isto não significa que não consiga reduzir os seus encargos e obter novas condições de crédito de forma responsável.
Contudo, se recorrer à ajuda de um intermediário de crédito que não tem qualquer custo para si, apenas vai ter de explicar o que pretende e fornecer todos os dados e informações pedidas. Caso opte por um intermediário de crédito experiente, com uma boa reputação e uma vasta rede de parceiros, este irá procurar a melhor proposta para o seu caso. Sendo que a maioria do trabalho fica entregue ao intermediário, só tendo de dar o seu parecer quanto à proposta apresentada.
É preciso destacar que os intermediários de créditos beneficiam muitas vezes de condições mais vantajosas junto das instituições financeiras. Logo, em alguns casos, a título individual pode não conseguir condições tão atrativas.
Perante o risco de incumprimento saiba que há mecanismos de ajuda
A contratação de um ou mais créditos implica que tenha uma situação financeira estável que assegure que consegue pagar as suas prestações de crédito até ao fim dos contratos. Perante oscilações nos rendimentos ou no valor dos encargos, precisa de fazer ajustes no seu orçamento familiar para garantir que consegue cumprir as suas obrigações. No entanto, existem imprevistos, como uma situação de doença ou de desemprego, que pode levar ao risco de entrar em incumprimento com as suas obrigações.
Caso esteja em risco de entrar em incumprimento após esgotar as suas opções para estabilizar as suas finanças, saiba que existe o Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI).
Quando as instituições de crédito detetam indícios do risco de incumprimento ou quando o cliente alerta a instituição que neste momento existe o risco de não conseguir cumprir com as suas obrigações, as instituições devem definir e implementar o PARI.
PARI
Segundo as informações publicadas no site do Banco de Portugal sobre a prevenção do incumprimento, assim que são detetados indícios de risco de incumprimento, a instituição deve entregar-lhe um documento com os seus direitos e deveres, e indicar-lhe os contactos para o envio dos documentos e informações necessárias para ser definido e implementado o PARI.
Se for a instituição de crédito detetar os indícios da perda da capacidade financeira, esta deve estabelecer contacto com o cliente no prazo de 10 dias, após a identificação do risco de incumprimento. Depois tem 10 dias para enviar toda a informação e documentos solicitados para que a instituição de crédito avalie a sua capacidade financeira.
Caso a instituição determine que tem capacidade financeira para evitar o incumprimento, esta deve apresentar-lhe propostas adequadas à sua situação e necessidades. Na prática, a instituição pode propor uma ou mais alterações no seu contrato, como as seguintes opções:
- Fixação de um período de carência de reembolso do capital ou de reembolso do capital e de pagamento de juros;
- Diferimento de parte do capital para uma prestação a liquidar em data futura;
- Alargamento do prazo de amortização;
- Redução temporária da taxa de juro aplicável ao contrato.
Também pode ser apresentada uma proposta que inclua a consolidação de créditos ou a celebração de um novo crédito com a finalidade do refinanciamento da dívida do contrato existente.
Nota: Estas propostas devem ser apresentadas no prazo de 15 dias após enviar toda a informação solicitada.
A partir do momento em que integra o PARI, a instituição de crédito não pode cobrar comissões, nem agravar as condições por estar a renegociar as condições do contrato. Contudo, esta pode cobrar encargos suportados pela instituição de crédito perante terceiros, tendo de apresentar documentos que comprovem a existência desses encargos.
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Entrou em incumprimento? O que deve fazer
Se um imprevisto financeiro mais elevado deu origem à entrada em incumprimento das suas obrigações de crédito, pode estar sem saber o que fazer. Embora esta seja uma situação preocupante, pois se deixar esta situação arrastar-se a instituição de crédito pode aplicar juros de mora, comissões e outros encargos que fazem a sua dívida subir, o mais importante é manter a calma e agir de forma ponderada e responsável.
Para evitar ver a sua dívida aumentar ou até passar por uma ação judicial que pode levar à penhora dos seus rendimentos e bens, deve pedir o mais rápido possível a integração no procedimento extrajudicial de regularização de situações de incumprimento (PERSI).
Assim, os dois primeiros passos a realizar são: confirmar o valor da sua dívida no mapa de responsabilidades de crédito do Banco de Portugal e entrar em contacto com a instituição de crédito para negociar soluções de pagamento para a regularização extrajudicial de situações de incumprimento.
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De forma resumida, vamos explicar como funcionam estes dois primeiros passos.
Consulte os valores em atraso e o total da sua dívida no mapa de responsabilidades do Banco de Portugal
Quando pretende resolver uma situação de incumprimento, primeiro deve saber quanto deve para analisar as melhores soluções para resolver o incidente face à sua situação financeira atual. Este é um passo simples, pois toda a informação que precisa consta no mapa de responsabilidades do Banco de Portugal. Para aceder a este documento, entre no site do Banco de Portugal, escolha a área de "particulares", opte por obter o seu mapa através da Central de Responsabilidades de Crédito (CRC). A seguir, indique o mês e o ano que pretende consultar os seus incidentes.
Depois, leia e aceite a política de dados pessoais e as condições de acesso por via eletrónica à CRC. Posteriormente, faça a sua autenticação utilizando as credenciais de acesso ao Portal das Finanças ou use o seu cartão do cidadão e o respetivo PIN.
Após estes passos, consegue abrir o seu mapa de responsabilidades e guardá-lo em formato PDF. Mas se é a primeira vez que consulta este documento, pode ter algumas dificuldades em identificar as informações que procura relativas ao seu incumprimento. O mapa de responsabilidades apresenta a informação relativa a cada crédito em 13 campos de destaque.
Porém, existem cinco campos de destaque onde constam as informações relativas a situações de incumprimento. Estes campos são os seguintes:
- Tipo de negociação: pode estar perante diferentes tipos de negociação. Totalmente nova, negociação regular (negociado com o envolvimento do cliente, mas sem qualquer tipo de incumprimento), negociação por incumprimento (devido à falta de pagamento do crédito) e negociação automática (renovação sem envolvimento ativo do cliente).
- Em litígio judicial: crédito pendente devido a uma ação judicial. Ou seja, o banco recorreu aos tribunais para recuperar o valor em dívida ou o devedor contestou judicialmente o crédito.
- O montante total em dívida: valor a reembolsar no contrato. Inclui o capital vincendo, que ainda não foi posto a pagamento nas prestações e, quando aplicável, o capital vencido, que devia ter sido pago, mas não foi. Neste campo, consta ainda o montante dos juros e outros valores vencidos (quando aplicável).
- Montante e entrada em incumprimento: apresenta o valor total de pagamentos em atraso nesse contrato e a data de entrada em incumprimento. A expressão "crédito vencido", diz respeito ao crédito em que existem pagamentos em atraso.
- E o montante potencial: o valor referido não está efetivamente em dívida, mas há hipóteses de ficar, caso seja utilizado. Este é um dado comum quando tem cartões de crédito aprovados, mas que ainda não utilizou. Porém, este também se aplica a valores em dívida de créditos dos quais o titular do mapa é o fiador.
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Entre em contacto com a instituição de crédito
Assim que identificar os valores em dívida comunicados à CRC, entre em contacto com a instituição de crédito em que entrou em incumprimento. Este é um passo essencial quando a instituição ainda não estabeleceu contacto consigo por deixar de pagar as prestações de crédito.
O contacto deve ser feito numa comunicação por escrito, identificando-se como titular do crédito x. Nesta comunicação, descreva a sua situação atual, apresente os dados relativos ao seu financiamento e os valores em dívida, demonstre que está a tentar adotar melhores práticas para resolver a situação, mas peça para a instituição avaliar o seu caso e integrá-lo no procedimento extrajudicial de regularização de situações de incumprimento (PERSI). Além destas informações, pode propor uma ou mais soluções que ajudem a ultrapassar a situação de incumprimento.
Ao antecipar este contacto, pode poupar um valor significativo em comissões e impedir o agravamento da sua taxa de juro.
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PERSI
Quando um cliente bancário é integrado no PERSI, beneficia de um conjunto de direitos e garantias para facilitar um acordo da regularização de situações de incumprimento junto das instituições de crédito.
E dado que o PERSI se aplica à maioria dos contratos de crédito, as instituições financeiras estão obrigadas a integrar os clientes em incumprimento após estes solicitarem a sua integração. Além disso, também têm de integrar os clientes no PERSI entre o 31.º e o 60.º dia após o incumprimento e quando o cliente bancário se atrase no pagamento das suas prestações, caso tenha alertado antecipadamente para o risco de incumprimento.
Assim que é integrado no PERSI, a instituição de crédito tem, no máximo, cinco dias para informá-lo desta atualização. Depois, a instituição avalia a situação de incumprimento e a sua capacidade financeira para resolver o incidente. E durante esta fase, tem apenas 10 dias para entregar todas as informações solicitadas.
Após 30 dias do início deste procedimento, a instituição de crédito deve apresentar-lhe uma ou mais propostas para regularizar o incumprimento. No entanto, só vai receber estas propostas caso tenha capacidade financeira para cumprir as condições apresentadas. Mas saiba que a instituição tem o dever de informá-lo quando não é viável a apresentação de propostas devido à incapacidade financeira.
No entanto, as soluções que podem ser apresentadas são as mesmas do PARI. Ou seja:
- O alargamento do prazo de amortização;
- A fixação de um período de carência de reembolso do capital ou de reembolso do capital e de pagamento de juros;
- A redução da taxa de juro durante um determinado período.
- O diferimento de parte do capital para uma prestação futura;
- A consolidação de vários créditos;
- E a celebração de um novo contrato de crédito para refinanciamento da dívida de crédito existente.
O que saber após receber a proposta da instituição de crédito
Ao receber a proposta por parte da instituição de crédito, tem 15 dias para propor outras soluções. Contudo, a instituição é livre de aceitar ou recusar as suas propostas.
Estando integrado no PERSI, a instituição não pode cobrar-lhe comissões nem agravar a sua taxa de juro em consequência desta negociação. Em termos de despesas, pode apenas ter de suportar encargos perante terceiros, como pagamentos a conservatórias, cartórios notariais ou impostos.
Por fim, legalmente, deixa de estar numa situação de incumprimento assim que exista um acordo e fiquem estipuladas novas condições de pagamento. Já o PERSI extingue-se automaticamente quando:
- O montante em dívida é pago de forma integral, após chegar a acordo para regularizar o incumprimento;
- No 91.º dia após a integração (exceto se houver a prorrogação do prazo, acordada por ambas as partes);
- E com a declaração de insolvência do cliente.
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Como prevenir uma nova situação de incumprimento?
Sair de uma situação de incumprimento requer um esforço financeiro elevado. Por isso, assim que consiga regularizar o incidente, precisa de adotar novas estratégias para prevenir que esta situação volte a ocorrer.
Em termos de estratégias a adotar, comece por refazer o seu orçamento familiar. Identifique os seus gastos essenciais e não essenciais e veja onde é possível reduzir os seus encargos. É fundamental estipular um valor do seu orçamento para criar um fundo de emergência. É este pé-de-meia que vai cobrir imprevistos ou perdas de rendimentos.
A seguir, foque-se nos seus encargos. Por vezes, é possível reduzir os encargos essenciais ao pesquisar soluções mais baratas para os seus contratos de eletricidade, gás natural e telecomunicações. Quanto a subscrições de serviços, verifique as que tem e cancele as que não utiliza regularmente.
Já em relação aos encargos não essenciais, estipule um valor máximo para gastar mensalmente. Assim, pode fazer algumas refeições fora ou certas atividades de lazer, mas sem ultrapassar o limite estipulado.
Outra despesa elevada que pode diminuir está associada à sua carteira de seguros. Peça propostas a várias seguradoras e veja se encontra apólices mais atrativas no mercado atual. Além disso, garanta que não tem coberturas repetidas ou que já não fazem sentido manter.
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Reduza a sua taxa de esforço ao baixar as suas prestações de crédito
Como referimos ao longo deste guia, a taxa de esforço representa o peso dos seus créditos no seu orçamento familiar. Mesmo que esta esteja abaixo dos 50%, se os juros subirem e tiver créditos com uma taxa variável, o seu orçamento pode ficar demasiado apertado e acabar numa nova situação de incumprimento.
Assim, já tentou negociar as condições dos seus créditos, mas não obteve os resultados pretendidos, talvez precise de adotar outras soluções.
Se tem um crédito habitação e a instituição de crédito não oferece melhores condições, informe-se sobre a possibilidade de transferir o seu crédito habitação para outra entidade. Com a transferência do crédito habitação para outra entidade, vai ter de realizar uma nova escritura. O que à primeira vista pode não ser muito atrativo. Mas, na verdade, se realizar uma nova escritura, pode negociar várias condições, como o valor do seu spread, modalidade da taxa de juro, maturidade do contrato e até o valor do seguro de vida do crédito habitação e do seguro multirriscos.
Existem várias questões que deve ponderar ao transferir o seu crédito habitação para outra entidade. Por exemplo, veja se os custos com esta alteração estão cobertos pela nova instituição. Depois, avalie várias propostas até encontrar a melhor solução para si.
Atualmente, pode reduzir o seu spread para 0,7%, uma vez que este é o valor que a maioria das instituições está a praticar. Analise também a taxa de juro mais vantajosa para o seu contrato. Nos últimos meses, a taxa mista tem sido a escolha da maioria dos novos titulares de um crédito habitação, podendo obter uma TAN de 2,5%. Se contratou os seguros do crédito habitação junto do banco onde tem ainda o seu empréstimo, saiba que ao transferir o seu crédito habitação pode facilmente mudar os seus seguros para uma seguradora que tenha preços mais baixos.
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Poupança com a transferência de um crédito habitação
Imagine que tem um empréstimo de 180 mil euros a liquidar em 30 anos, com uma taxa variável em que o indexante é a Euribor a seis meses. Sabendo que a média mensal da Euribor a seis meses em janeiro de 2025 é de 2,45%, imagine que tem um spread de 1,3%. Se a sua prestação for atualizada em fevereiro, a sua prestação fica em 833,61 euros. A juntar à sua prestação, tem ainda de pagar 180 euros relativos aos seguros do crédito habitação. Fazendo contas, no total, tem um encargo mensal de 1.013,61 euros.
Supondo que quer manter o prazo do contrato e a sua taxa variável, consegue uma proposta onde existe uma redução do spread para 0,7% e os encargos com seguros descem para 110 euros mensais. Ou seja, neste caso, pagaria 773,53 euros de prestação de crédito e 110 euros pelos seus seguros. Ao todo, passaria de um encargo mensal de 1.013,61 euros para 883,53 euros. O que representa uma poupança mensal de 130,08 euros.
Mas se quisesse apenas manter o prazo do seu contrato e optasse por mudar para uma taxa mista, com um período fixo de dois anos, a sua taxa de juro podia ficar em 2,5%. Assim, passaria de uma prestação de 833,61 euros para 711,22 euros durante dois anos. Se optasse pela seguradora que baixou o valor dos seus seguros para 110 euros, ao todo, esta despesa passava de 1.013,61 euros para 821,22 euros. Ou seja, obteria uma poupança de 192,39 euros por mês. Ao fim de dois anos, conseguia poupar 4.617,36 euros.
Com o incumprimento resolvido, pode consolidar os seus créditos ao consumo
Por último, após sair da situação de incumprimento, pense que pode contratar um crédito de forma responsável. Mas para tal, o objetivo não é aumentar o endividamento e sim reduzir o peso das prestações de crédito na sua carteira. Como indicado, se tiver, por exemplo, dividas por liquidar em três cartões de crédito e um crédito automóvel, pode tentar obter um crédito consolidado.
Imagine que tinha uma dívida de 8.000 euros relativa aos seus créditos ao consumo que iria pagar em quatro anos. Ao todo está com um encargo de 226,72 euros mensais. Ao pagar esta dívida a seis anos, com uma TAN de 13,5%, fica a pagar uma única prestação de 162,71 euros. Por mês, poupa cerca de 64 euros. Ao fim de dois anos, obtém uma poupança de 1.536 euros.
Isto significa que se optasse pelo segundo exemplo da transferência de crédito e pela consolidação de créditos aqui referida, em dois anos, poupava cerca de 6.153,36 euros.
Usando este valor de forma responsável, pode melhorar significativamente as suas finanças pessoais. Bastava criar um fundo de emergência e direcionar uma percentagem das suas poupanças para rentabilizar o seu dinheiro através de investimentos com base no seu perfil de investidor.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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