Crédito habitação: taxa de juro (ainda) resiste

As taxas Euribor sobem. No entanto, a taxa de juro no crédito habitação (ainda) resiste. O melhor é preparar-se.

Temos falado bastante nos últimos artigos sobre a possível subida das taxas de juro. Com a subida das taxas Euribor, seria de esperar um aumento dos juros. No entanto, a taxa de juro no crédito habitação (ainda) resiste.

Euribor a 12 meses sobe 50%

As taxas Euribor têm vindo a subir nos últimos 3 meses. Na realidade, a média mensal da Euribor a 12 meses relativamente ao mês de março de 2022 (-0,237%) fixou-se cerca de 50% acima da média registada em janeiro (-0,477%).

Trata-se de uma subida substancial, acentuada em abril. Apesar de a Euribor, em todos os prazos, se ter mantido negativa no final de março (em média mensal), não é mais possível pensar-se que o impacto não se fará sentir nos juros pagos pelos empréstimos das famílias portuguesas.

Sendo a taxa Euribor o principal referencial de cálculo dos juros dos empréstimos em Portugal (uma vez que a grande maioria desses empréstimos é contratada a taxa variável), parece ser inevitável virmos a observar um aumento dos juros.

Ainda tem dúvidas se deve contratar o seu crédito a taxa fixa ou variável? Descubra neste artigo.

Taxas de juro (ainda) resistem

Olhando para os dados publicados mensalmente pelo INE, vemos que a taxa de juro implícita no crédito habitação para novos contratos se fixou nos 0,73% em março, registando inclusive uma ligeira descida face ao mês anterior.

Apesar disso, regista-se um movimento de subida nas taxas de juro no crédito habitação já desde setembro do ano passado.

A verdade é que os números não mostram, ainda, este aumento dos indexantes. Os (novos) contratos de crédito habitação a taxa variável tomam como referencial a média da Euribor do mês anterior ao momento de assinatura dos mesmos.

Na prática, significa que os contratos de crédito habitação firmados em abril de 2022 tomarão como referencial a Euribor a 12 meses do mês de março. Ou seja, na realidade o mercado só irá observar um aumento mais substancial das taxas de juro para os novos contratos de crédito habitação, provavelmente em maio, incorporando já a média do mês de abril que entretanto se fixou nos 0,013%, um valor já positivo.

Leia ainda: A minha prestação de crédito vai subir: Quando devem soar os alarmes?

Olhando então para o historial mais recente das taxas de juro praticadas nos novos contratos de crédito habitação, e a evolução da Euribor a 12 meses, podemos calcular um spread médio de mercado.

No final do mês de março, esse spread médio foi de 1,1 pontos percentuais, não evidenciando até à data nenhum movimento de subida.

A única forma dos novos contratos de crédito habitação não se tornarem mais caros nos próximos meses passará por uma descida dos spreads dos bancos, como forma de amortecer o impacto do aumento das taxas Euribor. No entanto, não creio que tal vá acontecer (pelo menos, de forma substancial).

Assim sendo, perante um spread médio atual de 1,1 pontos percentuais, e o aumento das taxas Euribor que já se vem a registar, diria que até final do primeiro semestre deste ano poderemos ver um aumento nas taxas implícitas do crédito habitação acima de 1%, 0,25 pontos percentuais acima dos valores atuais.

Por isso, se está a pensar comprar casa com recurso a crédito, pondere muito bem sobre o preço de compra e o valor do financiamento. Procure, desde logo, incorporar aumentos na taxa de juro para os próximos 12 a 18 meses. Calcule o impacto no seu orçamento familiar de um aumento de 1 ponto percentual na taxa paga.

Se concluir que um aumento dessa natureza pode colocar em causa o pagamento das suas prestações, considere diminuir o valor do financiamento. Em alternativa, procure uma casa mais barata.

Bons negócios (imobiliários)!

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Gonçalo Nascimento Rodrigues é Consultor em Finanças Imobiliárias, tendo trabalhado em empresas como Ernst & Young, Colliers International e Essentia. É Coordenador e Docente numa Pós-Graduação em Investimentos Imobiliários no ISCTE Executive Education. Adicionalmente, exerce atividade de consultoria, prestando serviços de assessoria ao investimento imobiliário. Detém um master em Gestão e Finanças Imobiliárias e um master em Finanças, ambos pelo ISCTE Business School, além de uma licenciatura em Gestão de Empresas na Universidade Católica Portuguesa. É autor do blogue Out of the Box.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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