Os primeiros passos no mercado de criptomoedas

O mercado de criptomoedas tem algumas particularidades. É importante termos estas noções para tomarmos decisões mais conscientes.

Transacionamos criptomoeda (ou qualquer outro ativo) quando compramos e vendemos os ativo no curto prazo. Geralmente, investir, significa manter o ativo por um período longo. Para ser bem-sucedido, é preciso tempo, dedicação, paciência e, muitas vezes, nervos de aço. Existem cerca de 5.000 altcoins disponíveis, cada uma com a sua proposta de valor. É importante estudar, antes de começar o seu percurso.

Transacionar vs. Investir

A primeira coisa que queremos fazer, antes de mergulharmos no assunto é distinguir entre transacionar e investir. Quando investimos, normalmente significa que estamos a comprar um ativo para o longo prazo. Por outras palavras, acreditamos que o preço acabará por subir, independentemente dos altos e baixos que ocorrem ao longo do caminho. Quando se investe em criptomoeda, é porque acreditamos na tecnologia, ideologia, ou na equipa por detrás.

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Por outro lado, quando fazemos operações constantes não estamos a investir, estamos a transacionar um ativo com o objetivo de fazer dinheiro de forma rápida. Nestes casos, por regra, não há grandes preocupações sobre o que está por detrás do ativo, o que o sustenta ou quais os seus propósitos.

Os investidores em bitcoin tendem a HODL a moeda a longo prazo (HODL é um termo popular na comunidade bitcoin que na realidade nasceu de um misspelling da palavra "hold" - num antigo post de 2013 no fórum BitcoinTalk). Os traders, por outro lado, compram e vendem bitcoin no curto prazo, tentando obter um lucro mais rápido.

Ao contrário dos investidores, os traders consideram a bitcoin um instrumento para a obtenção de lucro. Por vezes, nem sequer se preocupam em estudar a tecnologia ou a ideologia por detrás do produto que estão a negociar.

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Criptomoedas Vs. Acções

A popularidade das criptomoedas deve-se, em grande parte, ao seu comportamento de mercado. As grandes flutuações do seu valor são, por diversas vezes, notícias nos principais meios de comunicação. Além deste comportamento típico de “montanha-russa” existem outros aspetos que distinguem as bolsas de criptomoeda e de ações:

  1. Volatilidade: o mercado cripto é muito volátil, ou seja, o seu valor pode sofrer grandes variações de dia para dia, ou mesmo no próprio dia.
  2. Horário: ao contrário dos mercados bolsistas tradicionais, é possível transacionar bitcoin 24 horas por dia, 7 dias por semana. A maioria dos mercados tradicionais, tais como ações e mercadorias, têm um horário de abertura e fecho. Com a bitcoin, podemos comprar e vender sempre que quisermos.
  3. Regulamentação: A paisagem relativamente desregulamentada torna relativamente fácil começar a negociar - sem a necessidade de longos processos de verificação de identidade.
  4. Valor subjacente: O valor das ações é sustentado pela capacidade de geração de receitas da respetiva empresa. Por outro lado, uma criptomoeda, como a bitcoin, não tem qualquer ativo subjacente que a sustente, estando relacionado apenas com a expectativa e o valor que as pessoas estão disponíveis para pagar por ela.
  5. Consistência de preços entre bolsas: Uma distinção única entre bitcoin e outros mercados, é que o preço da bitcoin é determinado pela última transação que aconteceu numa determinada plataforma. Ao contrário de outros ativos tradicionais, não existe um preço individual que a bitcoin siga globalmente. Devido a isto, o preço da bitcoin pode flutuar de país para país, uma vez que cada país pode estar a operar a partir de diferentes câmbios e, assim, incluir diferentes plataformas.

Apesar da cotação atual da bitcoin ser cerca de 32.500,00 euros, é possível adquirir apenas parte. Cada bitcoin, em teoria, pode ser dividida em 100.000.000 de partes (cada uma dessas unidades denomina-se Satoshi). No entanto, cada uma dessas unidades valerá bastante menos de 1 cêntimo, não fazendo sentido transacionar. Isto significa que, mediante a sua disponibilidade, pode investir qualquer montante com que se sinta confortável e participar neste mercado.

Existem várias plataformas onde se podem transacionar criptomoedas: Coinbase, eToro,  Kraken e Binance, são apenas alguns exemplos. Entre si, as plataformas diferem em termos de facilidade de utilização, número de funcionalidades, moedas disponíveis e pricing. A título de exemplo, a Coinbase é considerada como uma das mais simples de usar e a Binance, com as suas reduzidas taxas, mais indicada para quem pretende fazer transações com frequência.

Qual e quando comprar?

É possível prever a evolução de preços da bitcoin ou de qualquer altcoin? A resposta curta é que ninguém pode realmente prever o que irá acontecer. No entanto, alguns traders identificaram certos padrões, métodos e regras que lhes permitem ter lucro a longo prazo. Existem duas metodologias principais para analisar investimentos - análise fundamental e análise técnica.

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A análise fundamental, tenta prever o preço, olhando para o panorama geral. Na bitcoin, por exemplo, a análise fundamental avalia a indústria da bitcoin, notícias sobre a moeda, desenvolvimentos técnicos da bitcoin, regulamentos em todo o mundo, e quaisquer outras notícias ou questões que possam afetar o sucesso da bitcoin. Esta metodologia analisa o valor da bitcoin como uma tecnologia (independentemente do preço atual) e as forças externas relevantes, a fim de determinar o que irá acontecer com o preço. Por exemplo, se a China decidir, de repente, proibir a bitcoin, esta análise irá prever uma provável queda do preço.

A análise técnica, tenta prever o preço através do estudo de estatísticas de mercado, tais como movimentos de preços passados e volumes transacionados. Tenta identificar padrões e tendências no preço, e com base nelas deduzir o que irá acontecer ao preço no futuro. O pressuposto central por detrás da análise técnica é o seguinte: independentemente do que está atualmente a acontecer no mundo, os movimentos de preços falam por si e contam algum tipo de história que o ajuda a prever o que irá acontecer a seguir.

Então, que metodologia é melhor? Ninguém pode prever com precisão o futuro. De uma perspetiva fundamental, um projeto tecnológico promissor pode acabar como um fracasso, e de uma perspetiva técnica, o gráfico simplesmente não se comporta como no passado. A verdade simples, é que não há garantias para qualquer tipo de negociação. No entanto, uma mistura saudável de ambas a metodologia irá, provavelmente, produzir os melhores resultados.

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Criptocarteiras

Sendo moedas digitais, as criptomoedas além das características próprias quando se trata da sua aquisição, também diferem no armazenamento. Como a bitcoin não tem características físicas, tecnicamente, não pode ser armazenado da mesma forma que o dinheiro. Por isso, a bitcoin é armazenada em endereços públicos na blockchain que, através de chaves privadas, são possíveis de aceder e transacionar de forma segura. Esses endereços públicos são denominados de criptocarteiras.

Existem vários tipos de carteiras, com diferentes funcionalidades, fatores de segurança, conveniência, acessibilidade e disponibilidade. Quando investe ou transaciona usando uma plataforma, não tem de se preocupar. Quando acede à sua conta, irá encontrar os seus ativos. No entanto, se quiser armazená-los de forma ainda mais segura e com outras funcionalidades, terá de usar uma criptocarteira.

Como podemos verificar, apesar de o processo de investir ou transacionar criptomoeda ser mais simples que um bolsa de valores tradicional, existem algumas características que necessitam de maior reflexão e adaptação.

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Sérgio Cardoso nasceu em Matosinhos, em 1979. Licenciado em Gestão pela Faculdade de Economia do Porto, frequentou The Lisbon MBA, que concluiu em UCLA. Fez grande parte da carreira profissional em media e entretenimento. Atualmente, é Chief Academic Officer no Doutor Finanças, sendo responsável pela Academia do especialista em finanças pessoais, dinamizando toda a área de formação. É ainda consultor, dedicando-se a ajudar empresas nas várias áreas da gestão, o que lhe permite acumular experiências que transmite aos alunos da licenciatura de Gestão, da UCP, onde é professor assistente.

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