Investimentos

Setembro: Turbulência máxima nas carteiras de investimento

Setembro ficou marcado por uma queda generalizada no mercado de capitais. Todos os segmentos sofreram correções consideráveis.

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Setembro: Turbulência máxima nas carteiras de investimento

Setembro ficou marcado por uma queda generalizada no mercado de capitais. Todos os segmentos sofreram correções consideráveis.

As reuniões e decisões dos bancos centrais tiveram, mais uma vez, uma enorme influência no comportamento das carteiras de investimento no mês que passou.

Catalisador do passado

Se analisarmos com rigor e detalhe a performance dos ativos financeiros nos últimos anos, percebemos que os grandes catalisadores dos mercados e dos investidores têm sido os bancos centrais que, através de políticas ultra expansionistas, geraram liquidez que foi canalizada para alguns segmentos da economia, com destaque para o setor imobiliário e mercados financeiros.

Chegados a este ponto e com a inflação a apresentar valores não vistos desde a década de 80, percebemos que este não pode ser o caminho a seguir e que só existe uma forma de o contrariar. Ao longo dos anos fomos caminhando neste sentido (políticas acomodatícias), pisando terrenos movediços, sempre com a esperança de que estaria tudo sob controlo. A realidade é que um conjunto de acontecimentos, em simultâneo, fizeram com que a inflação surgisse em força e com consistência. Como sabemos, a subida generalizada dos preços na ordem dos 8/9% é corrosiva para a economia porque tira poder de compra e cria um clima de instabilidade constante que não permite que a economia siga o seu rumo natural.

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Mensagem agressiva

Percebendo o contexto em que estamos inseridos, a mensagem dos bancos centrais tem sido cada vez mais agressiva. Neste momento o mais importante é reduzir a inflação para valores considerados normais (2%). Ter o controlo da situação, refreando a economia que está sobreaquecida. Por este motivo, ao longo do mês verificámos subidas generalizadas das taxas de juro, que implicam custos de financiamento mais elevados e que têm como consequência maiores dificuldades de financiamento. Esta medida tem como objetivo passar uma mensagem para os agentes económicos que este não é um momento de consumir, mas sim de poupar.

Em termos práticos, e analisando o impacto deste discurso e atitudes no comportamento dos mercados financeiros, percebemos alguns pontos fundamentais. Em primeiro lugar, existindo menor poder de compra, as empresas venderão menos (menor consumo). Com taxas mais altas, todos (empresas, particulares e Estados) irão ter maiores custos de financiamento, o que, no caso das empresas, também irá afetar os seus resultados. Por fim, com taxas de juro mais elevadas, os cash flows futuros terão menor valor do que os projetados anteriormente.

No caso do mercado acionista, está explicado o motivo pelo qual estamos a verificar correções expressivas, embora seja importante realçar que a lógica nem sempre impera nos mercados financeiros.

Já o segmento obrigacionista está igualmente a ser muito afetado, porque se os custos de financiamento estão a aumentar por todo o mundo, os investidores, para emprestarem dinheiro a empresas ou Estados, exigem um retorno superior ou cada vez maior. Neste período volta a ser importante a análise do risco emitente, algo que nos últimos dois anos foi praticamente irrelevante dada a facilidade que as políticas monetárias geraram na economia.

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Carteiras de investimento

A performance do mês que terminou foi muito negativa, sendo a pior desde que iniciámos as carteiras de investimento. O segmento obrigacionista continuou a ser muito penalizado. A grande justificação prende-se com o que foi referido anteriormente. Encontramo-nos numa fase de retirada de liquidez e estímulos da economia, com expectativas de continuação de subida de taxas agressivas por parte das entidades monetárias. Este foi um segmento que beneficiou muito do experimentalismo monetário, com uma procura artificial que permitiu que os preços das obrigações subissem consistentemente durante anos, perdendo a devida conexão com a realidade. A este processo denominamos de normalização monetária.

No segmento acionista, e reforçando a justificação para as recentes correções, atravessamos um contexto desafiante, com a perda de poder de compra por parte dos consumidores e o aumento das taxas que produz dois efeitos distintos: o crescimento de custos de financiamento e a perda de valor dos cahs flows futuros que tem influência na valorização das empresas.

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Desempenho da carteira com perfil moderado

Carteira perfil moderado
Nota: As rendibilidades apresentadas não têm em consideração custos e impostos, designadamente comissões de custódia e custos de transação. As rendibilidades líquidas seriam sempre inferiores às rendibilidades brutas apresentadas.

A composição da carteira com perfil moderado

Desempenho da carteira com perfil dinâmico

Carteira perfil dinâmico
Nota: As rendibilidades apresentadas não têm em consideração custos e impostos, designadamente comissões de custódia e custos de transação. As rendibilidades líquidas seriam sempre inferiores às rendibilidades brutas apresentadas.

A composição da carteira com perfil dinâmico

Objetivo das nossas carteiras

Quando, em março de 2021, criámos estas duas carteiras virtuais, o nosso objetivo passou sempre por saber explicar os movimentos de mercado e a influência que tinham nas nossas carteiras. Temos tido sempre esta preocupação, até porque o investimento é um processo que se prolonga no tempo.

Como exemplo, em maio de 2021, reduzimos risco nas carteiras por entendermos que a performance dos mercados financeiros não tinha uma justificação lógica ou racional. Demorou algum tempo, mas a realidade é que o nosso posicionamento atual, apesar de apresentar uma performance negativa, está melhor do que a carteira inicial.

É importante também realçar que ao longo da viagem ou processo de investimento irão existir muitas oscilações e momentos de enorme volatilidade. O fundamental é perceber onde estamos investidos e porquê. Perceber que no meio do pânico existem sempre oportunidades, e ter a racionalidade para distinguir e encontrar ativos de qualidade. Porque esses, quando tudo acalmar, irão recuperar e gerar retorno…

Nota: As carteiras do Doutor Finanças não são nem devem ser entendidas como um conselho a investir neste ou naquele tipo de instrumento financeiro. As nossas carteiras foram criadas apenas para permitir ilustrar quais os riscos e os benefícios potenciais de investir, direta ou indiretamente, em instrumentos financeiros como ações e obrigações.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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