Senhoria de apartamento verifica o estado da casa, junto do inquilino

Arrendar uma casa é, cada vez mais, uma forma de investimento para muitas famílias em Portugal. Mas se por um lado traz rendimento, por outro acarreta riscos. Um dos maiores é a deterioração do imóvel ao longo do tempo. Sem uma vistoria periódica, os danos podem acumular-se, reduzir o valor da casa e até originar conflitos com os inquilinos. Por isso, ter uma checklist de vistoria para senhorios é essencial.

Este documento ajuda a registar o estado do imóvel, proteger os seus direitos e cumprir com as suas obrigações legais. Além disso, funciona como prova em caso de litígio, assegurando que tanto proprietário como inquilino estão conscientes das condições em que o arrendamento decorre.

Porque deve o senhorio fazer vistorias regulares?

Muitos senhorios acreditam que uma vistoria só é necessária antes da assinatura do contrato. No entanto, a lei permite – e recomenda – que sejam feitas vistorias periódicas, desde que avisadas com antecedência e de forma justificada. Estas inspeções evitam que pequenos problemas, como infiltrações ou danos em equipamentos, se transformem em reparações dispendiosas.

Contudo, não se trata apenas de salvaguardar o investimento. A vistoria também protege o inquilino, garantindo que habita num espaço seguro e em boas condições. Assim, é uma prática de transparência que reforça a confiança na relação contratual.

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Enquadramento legal em Portugal em 2025

De acordo com o NRAU (Novo Regime do Arrendamento Urbano), o senhorio é responsável por assegurar que o imóvel está em condições de habitabilidade. Isso inclui segurança, salubridade e conservação. Em contrapartida, o inquilino deve usar o imóvel de forma prudente e realizar pequenas reparações de desgaste normal.

Em 2025, mantém-se a regra: o senhorio só pode entrar no imóvel com consentimento do arrendatário ou mediante aviso prévio, salvo situações urgentes. A vistoria, desde que previamente combinada, é legítima. Além disso, o senhorio tem direito a ser indemnizado caso o arrendatário cause danos para além do uso normal.

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A importância de uma checklist de vistoria para senhorios

Ao usar uma checklist, o senhorio assegura que não esquece nenhum detalhe durante a inspeção. Estrutura, canalizações, parte elétrica, janelas, móveis ou até varandas – tudo deve ser analisado e registado.

Assim, esta ferramenta não é apenas um guia de verificação. É também uma forma de documentar factos. Fotografias, notas e relatórios anexados ao contrato de arrendamento podem evitar discussões futuras sobre a origem de danos.

Nota: Abaixo pode descarregar a checklist de vistoria para senhorios do Doutor Finanças.

Checklist de vistoria para senhorios

Descarregue esta lista e leve-a nas visitas e inspeções periódicas ao seu imóvel arrendado. Um guia para identificar falhas e danos, protegendo valor.

Pontos principais de uma checklist de vistoria para senhorios

Uma checklist de vistoria deve cobrir todos os aspetos do imóvel, do mais visível ao mais escondido. Estrutura, pintura, portas, canalização e eletricidade estão entre os pontos críticos que não podem ser ignorados. Mas também é importante verificar mobiliário, acessórios e áreas exteriores.

Dessa forma, a vistoria ganha consistência e o senhorio fica com um retrato fiel do estado do imóvel. A seguir, conheça detalhadamente cada um destes pontos, para que saiba exatamente o que verificar em cada divisão e evitar surpresas desagradáveis.

Comece a vistoria pela estrutura e pintura do imóvel

A vistoria deve começar pelas bases: paredes, tetos e pisos. Procure fissuras, sinais de humidade ou manchas de bolor. Estes indícios podem apontar para infiltrações ou problemas estruturais. Se encontrados, devem ser registados e avaliados rapidamente.

No caso da pintura, veja se está uniforme e em bom estado. Pintura a descascar, bolhas ou manchas podem indicar falta de manutenção, ou fugas. No exterior, verifique também a fachada, que muitas vezes denuncia a real conservação do prédio. Se detetar algum problema, este deve ser apresentado ao condomínio.

Parte elétrica: Segurança em primeiro lugar

Ligue e desligue interruptores. Teste tomadas e veja se há fios expostos. Confirme se o quadro elétrico está identificado e em bom estado.

Além da funcionalidade, uma instalação elétrica deficiente representa risco de incêndio. Para evitar problemas futuros, exija que tudo esteja certificado antes de colocar o imóvel novamente no mercado.

Foque-se na canalização: Há fugas que saem caras

Abra todas as torneiras e confirme a pressão da água. Procure sinais de fugas junto a lavatórios, sanitas e chuveiros. Manchas nas paredes próximas às canalizações devem ser investigadas.

No exterior, se houver, verifique caixas de água, bombas e tubagens. Um pequeno vazamento pode resultar em grandes despesas de reparação, além de desvalorizar o imóvel.

Portas e janelas: Segurança e isolamento em risco

Testar portas e janelas é essencial. Todas devem abrir e fechar corretamente, sem esforço. Dobradiças, fechaduras e trincos precisam de estar funcionais. Se houver vidros partidos ou mal vedados, registe-os na vistoria.

Além da segurança, estes elementos são cruciais para o isolamento térmico e acústico. Uma janela mal ajustada pode aumentar significativamente as contas de energia, tornando-se um problema para o inquilino e uma futura queixa para o senhorio.

Revestimentos e acabamentos: Detalhes que fazem a diferença

Pisos de madeira, azulejos ou tetos falsos revelam a atenção dada à manutenção. Veja se há peças partidas, levantadas ou manchadas.

Mesmo pequenos defeitos podem desvalorizar a casa e afastar potenciais inquilinos no futuro. Assim, apontar estes detalhes numa vistoria protege o valor do investimento.

Mobiliário e eletrodomésticos: Faça um inventário rigoroso

Se a casa é arrendada mobilada, faça um inventário completo. Inspecione sofás, camas, armários e mesas. Todos os danos devem ser registados.

O mesmo vale para eletrodomésticos. Verifique fogão, frigorífico, máquina de lavar e ar condicionado. Teste cada aparelho e guarde provas fotográficas.

Varandas e estacionamento: Preserve o que valoriza o seu imóvel

Varandas, terraços e quintais devem ser incluídos na vistoria. Afinal, estes espaços valorizam o valor do seu imóvel. Veja se há fissuras, vidros partidos ou pisos danificados.

No caso do estacionamento, confirme se o piso está estável e sem manchas de óleo. Portões automáticos ou acessos também devem ser testados. Estes espaços, apesar de secundários, são cada vez mais valorizados pelos inquilinos. Por isso, devem ser preservados e terem uma manutenção regular. Caso contrário, podem gerar custos elevados de reparação.

Como registar corretamente a vistoria

Para que a vistoria tenha validade, deve ser registada num relatório escrito. O documento deve ser assinado por senhorio e inquilino e anexado ao contrato. Fotografias datadas funcionam como prova adicional.

Caso sejam identificados problemas, deve ficar claro quem se responsabiliza pela reparação e em que prazo. Este procedimento reduz drasticamente o risco de conflitos no futuro.

O que levar para realizar a vistoria

Uma vistoria eficaz exige preparação. Leve consigo:

  • Checklist impressa ou digital para não se esquecer de nenhum ponto;
  • Câmara fotográfica ou telemóvel com boa resolução;
  • Lanterna para zonas menos iluminadas;
  • Papel e caneta para notas rápidas;
  • Ferramentas básicas, como chave de fendas, se necessário.

Assim, garante que todos os detalhes ficam devidamente registados.

Vistorias periódicas: Boa prática e prevenção

Não basta fazer uma vistoria inicial. A boa prática é realizar inspeções periódicas, por exemplo, anuais. Estas visitas permitem verificar se o imóvel continua em boas condições e antecipar problemas.

Além disso, mostram ao inquilino que o senhorio está atento à conservação da casa, mas também ao seu conforto e segurança. Este equilíbrio ajuda a construir uma relação saudável entre as partes.

Adotar uma checklist de vistoria para senhorios protege ambos os lados

Uma checklist de vistoria para senhorios é mais do que um documento técnico. É uma forma de proteger o investimento, manter o valor da casa e garantir que o inquilino vive em boas condições.

No entanto, também representa justiça e equilíbrio. Se bem utilizada, assegura que nem o proprietário é prejudicado por danos alheios, nem o arrendatário responsabilizado por defeitos antigos.

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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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