O preço das casas voltou a acelerar no 3.º trimestre de 2025 e atingiu o maior aumento desde que há registos. Entre julho e setembro, os preços subiram 17,7% face ao mesmo período do ano passado, segundo os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
É o sexto trimestre consecutivo de aceleração e o terceiro seguido a marcar um novo máximo histórico. A pressão mantém-se forte, sobretudo nas casas usadas, num mercado onde os preços continuam a subir mais depressa do que o número de transações.
Em relação ao trimestre anterior, observou-se uma aceleração de 0,5 pontos percentuais, já que, no período entre abril e junho, a subida tinha sido de 17,2%.
Na evolução em cadeia, ou seja, face ao 2.º trimestre de 2025, o preço das casas aumentou 4,1%.
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Casas usadas lideram a subida do preço das casas
A aceleração do preço das casas é puxada sobretudo pelas habitações existentes. No 3.º trimestre, os preços das casas usadas aumentaram 19,1% em termos homólogos.
Nas habitações novas, o crescimento foi de 14,1% face ao mesmo período de 2024. Apesar de continuar elevado, este ritmo é mais moderado e até inferior ao do trimestre anterior.
Também na evolução em cadeia, as casas existentes voltam a destacar-se. Os preços subiram 4,5% num trimestre, enquanto nas casas novas o aumento foi de 2,9%. A diferença mostra que a pressão da procura continua concentrada no mercado de usados.
Média anual do preço das casas atinge novo recorde
Outro dado relevante é a taxa de variação média anual do Índice de Preços da Habitação. No 3.º trimestre de 2025, esta média fixou-se em 15,7%, mais 1,9 pontos percentuais do que no trimestre anterior.
Também aqui estamos perante um novo máximo da série. A média anual suaviza os efeitos pontuais, o que significa que a subida do preço das casas não é um fenómeno isolado, mas sim uma tendência sólida e prolongada.
Nas casas existentes, a média anual atingiu 16,8%. Nas casas novas, ficou nos 13,2%. Em ambos os casos, os valores reforçam a ideia de um mercado em forte valorização.
Transações sobem menos do que os preços
Entre julho e setembro de 2025 foram vendidas 42.481 habitações em Portugal. O número de transações aumentou 3,8% face ao mesmo período do ano passado, um crescimento bem mais contido do que o registado nos preços.
Comparando com o trimestre anterior, houve até uma ligeira descida no número de negócios, de 1%. Ou seja, o mercado continua ativo, mas já dá sinais de alguma desaceleração no ritmo das vendas.
As casas existentes representaram 80,5% das transações, com mais de 34 mil vendas. Já as casas novas somaram pouco mais de 8.200 transações e registaram uma quebra homóloga de 3,8%.
Valor das vendas ultrapassa 10,5 mil milhões de euros
Apesar do crescimento mais moderado no número de transações, o valor total das vendas voltou a bater recordes. No 3.º trimestre, o mercado imobiliário movimentou 10,5 mil milhões de euros, mais 16% do que há um ano.
É apenas a terceira vez que o valor das transações ultrapassa a barreira dos 10 mil milhões de euros num só trimestre. A subida reflete diretamente o aumento do preço das casas.
As habitações existentes concentraram a maior fatia do valor transacionado, com 7,8 mil milhões de euros. As casas novas representaram 2,7 mil milhões, com um crescimento bastante mais modesto.
Famílias continuam a dominar a compra de casa
As famílias mantêm-se como o principal motor do mercado. No 3.º trimestre de 2025, compraram 37.507 habitações, o que corresponde a 88,3% do total das transações.
Este é o peso mais elevado desde que há registo. Em termos homólogos, as compras por famílias cresceram 5,8%, embora tenham recuado ligeiramente face ao trimestre anterior.
Em valor, as famílias gastaram cerca de 9,2 mil milhões de euros na compra de casa, mais 18,8% do que no mesmo período de 2024.
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Compradores estrangeiros perdem peso no mercado
O número de compras por não residentes voltou a cair. Entre julho e setembro, foram vendidas 2.219 casas a compradores com domicílio fiscal fora de Portugal, menos 16,4% do que no ano passado.
Esta redução verifica-se tanto em compradores da União Europeia como de países fora da UE. No total, as compras por estrangeiros representam uma fatia cada vez menor do mercado.
Em contraste, as aquisições por residentes em Portugal cresceram 5,2%, o que ajuda a explicar o peso crescente das famílias no mercado imobiliário nacional.
Norte e Grande Lisboa concentram quase metade das vendas, mas perdem peso
No 3.º trimestre de 2025, o Norte e a Grande Lisboa voltaram a concentrar quase metade do mercado imobiliário. No Norte venderam-se 12.542 habitações e na Grande Lisboa 7.759, o que, em conjunto, representa 47,8% do total das transações em Portugal.
Ainda assim, ambas as regiões perderam peso face ao mesmo período do ano passado. O Norte registou uma redução de 0,8 pontos percentuais na sua quota relativa, enquanto a Grande Lisboa caiu 1,1 pontos percentuais. A tendência mostra um mercado mais disperso pelo território, apesar da forte concentração histórica nestas zonas.
Também as regiões autónomas registaram quebras no peso relativo. Nos Açores realizaram-se 697 transações e na Madeira 752, correspondendo a quotas de 1,6% e 1,8%, respetivamente. Em ambos os casos, o peso no total nacional diminuiu face a 2024.
Centro e Alentejo ganham espaço no mapa imobiliário
O Centro destacou-se como a região que mais ganhou peso relativo em termos de valor transacionado. As vendas de alojamentos totalizaram cerca de mil milhões de euros no 3.º trimestre de 2025, o equivalente a 10% do montante nacional, registando o maior aumento homólogo de quota regional, com mais 1,1 pontos percentuais.
Seguiram-se o Oeste e Vale do Tejo e a Península de Setúbal, ambos com acréscimos de 0,8 pontos percentuais, enquanto o Alentejo e o Algarve aumentaram a sua quota em 0,5 pontos percentuais cada. Estes dados confirmam uma maior dinâmica fora dos grandes centros urbanos tradicionais.
A Grande Lisboa, apesar de continuar a ser a região que mais dinheiro movimenta, com 3,1 mil milhões de euros, foi a que registou a maior perda de peso relativo no valor total das transações, com uma quebra de 2,9 pontos percentuais face ao período homólogo.
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Perguntas frequentes
É um indicador estatístico do INE que tem como principal objetivo medir a evolução dos preços dos alojamentos familiares adquiridos pelo setor institucional das Famílias no mercado residencial em Portugal.
É a evolução em relação ao período imediatamente anterior, como um mês, um trimestre ou um semestre. Por exemplo, se no segundo trimestre um indicador tiver uma evolução em cadeia de 2%, significa que cresceu 2% em relação ao primeiro trimestre.
É a evolução em relação ao mesmo período do ano anterior. Por exemplo, se no terceiro trimestre de um ano um indicador tiver uma evolução em cadeia de 2%, significa que cresceu 2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
É uma taxa que compara o índice médio dos últimos quatro trimestres com o dos quatro trimestres imediatamente anteriores.
