A maioria dos portugueses (60%) poupa com o objetivo de ter uma reserva em caso de necessidade, de acordo com o Barómetro Doutor Finanças Hábitos Financeiros, realizado em parceria com a Universidade Católica.
A importância dada a este objetivo de poupança é ainda destacada pelo facto de 42% dos inquiridos terem dito que esta é a única razão que os leva a pôr algum dinheiro de parte todos os meses.
A vontade de fazer uma compra no futuro é outro dos motivos apontados pelos portugueses para pouparem. 21% disseram que é este o objetivo que têm em mente, sendo que para 7% esta é a única razão para pouparem.
Há ainda aqueles que poupam sem um objetivo concreto (13% como única razão) e os que afirmam não conseguir fazê-lo (15% como única razão).
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Poupar logo no início do mês é o método preferido
Qual o melhor momento para reforçar a poupança? 32% dos inquiridos no Barómetro Doutor Finanças dizem pôr dinheiro de lado logo no início do mês. Este foi o hábito que reuniu o maior número de respostas, seguido pelas pessoas que não poupam qualquer parte do salário (21%).
Já 19% dizem que só poupa de vez em quando, enquanto 16% costumam destinar uma parte do dinheiro para poupança apenas no final do mês.
Por fim, 5% dos inquiridos só poupam quando recebe os subsídios de férias ou de Natal.
Pessoas entre os 25 e os 55 anos poupam logo no início do mês
O Barómetro Doutor Finanças Hábitos Financeiros mostra ainda outros dados interessantes sobre as rotinas de poupança em Portugal. As pessoas entre os 25 e os 55 anos são aquelas que mais poupam logo no início do mês (21%).
Ao mesmo tempo, a percentagem de pessoas que diz não poupar aumenta à medida que a idade avança. Por exemplo, entre os inquiridos que não poupam:
- 9% têm entre 18 e 25 anos;
- 9% têm entre 25 e 35 anos;
- 9% têm entre 35 e 45 anos;
- 14% têm entre 45 e 55 anos;
- 23% têm entre 55 e 65 anos;
- 36% têm mais do que 65 anos.
Já na comparação por sexos, há mais mulheres do que homens a poupar logo no início do mês (19% contra 13%). Em relação às outras formas de poupança, não há grandes diferenças entre géneros.
E embora a escolaridade não explique “significativamente a forma como cada respondente conduz a forma como poupa”, cerca de metade das pessoas que poupa logo no início do mês tem um curso superior.
Quase metade poupa entre 5% e 20% do salário
Se nem todos escolhem o mesmo momento para poupar, o mesmo acontece em relação à parte do salário que tem esse destino. A opção preferida é poupar entre 5% e 10% do rendimento mensal (24%), seguida de poupar entre 10% e 20% (20% dos inquiridos).
Quase empatadas aparecem as pessoas que poupam até 5% do rendimento (15%) e as que poupam mais do que 20% (17%).
Na comparação por sexos, não há grandes diferenças entre homens e mulheres. Há mais mulheres a poupar entre 5% e 10% (14% de mulheres contra 10% de homens) e mais homens a poupar entre 10% e 20% (11% contra 9%).
No entanto, num inquérito com uma margem de erro de 4%, estas diferenças acabam por não ser “estatisticamente significativas”.
Já quando olhamos para a formação, vemos que as escolaridades mais altas tendem a poupar uma maior percentagem de rendimento. De acordo com o Barómetro Doutor Finanças Hábitos Financeiros, isto “pode estar associado ao facto de escolaridades mais elevadas terem maior rendimento disponível”.
Por fim, é interessante comparar as conclusões sobre sexo, escolaridade e rendimento com aquelas que foram partilhadas, em maio de 2024, no estudo “Bem-estar financeiro em Portugal: Uma perspetiva comportamental”, do Doutor Finanças e da Laicos – Behavioural Change.
É que também este estudo apontou que “os portugueses com rendimentos mais elevados” e “com níveis de escolaridade mais elevados” apresentam maiores comportamentos de poupança, ao mesmo tempo que “não se verificaram diferenças significativas entre sexos”.
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Ficha técnica: Este inquérito foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica Portuguesa em colaboração com o Doutor Finanças, entre os dias 2 e 17 de abril de 2025. O universo-alvo é composto por indivíduos com 18 ou mais anos residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Para garantir a representatividade da amostra, esta foi ponderada por sexo, idade, escolaridade e residência. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 700 inquiridos é de 4%, com um nível de confiança de 95%.