Uma pessoa com uma pensão de 1.500 euros vai pagar a mais – ou receber a menos – 381,50 euros no acerto de IRS do próximo ano, depois da atualização das tabelas de retenção na fonte e do pagamento do suplemento extraordinário para pensionistas.
As simulações da consultora EY para o Doutor Finanças comparam aquilo que seria o acerto de IRS em 2026 antes e depois das alterações introduzidas pelo Governo a partir de agosto.
Apesar de, no final das contas, o rendimento líquido anual ser efetivamente superior, há pensionistas que se devem preparar para reembolsos mais baixos ou para terem mesmo de pagar imposto em falta. Saiba o que está em causa e veja as simulações.
O que está em causa?
A partir de agosto, as tabelas de retenção na fonte são diferentes daquelas que estavam em vigor desde o início do ano.
Ao mesmo tempo, os pensionistas com pensões até 1.567 euros vão receber um suplemento extraordinário em setembro.
1. Retenção na fonte
Em princípio, as tabelas de retenção aprovadas para o ano devem vigorar de janeiro a dezembro. No entanto, não é isso que vai acontecer.
Com o objetivo de, mais uma vez, aproximar as tabelas de retenção na fonte das tabelas gerais de IRS (que servem para apurar o imposto anual e calcular o eventual reembolso), o Governo alterou os cálculos a meio do ano.
Assim, em agosto e setembro, vão vigorar tabelas que têm um efeito retroativo, ou seja, servem para compensar o imposto retido a mais entre janeiro e julho.
Nestes meses, os pensionistas solteiros ou não casados com dois titulares que recebam até 1.116 euros não vão fazer retenção na fonte de IRS. Já os casados que sejam o único titular de rendimentos não retêm IRS se receberem até 1.152 euros por mês. Mas os escalões seguintes também vão reter menos do que até então.
A partir de outubro, entram em vigor as tabelas definitivas, que são também diferentes das usadas de janeiro a julho.
2. Suplemento extraordinário para pensionistas
Em setembro, os pensionistas com pensões até 1.567 euros vão receber um suplemento extraordinário de até 200 euros, distribuído da seguinte forma:
- Pensões até 522,50 euros: suplemento de 200 euros;
- Pensões entre 522,50 e 1.045 euros: suplementos de 150 euros;
- Pensões entre 1.045 e 1.567 euros: suplemento de 100 euros.
De acordo com o Governo, este pagamento extraordinário vai chegar a “mais de 90% dos pensionistas”.
Apesar de não ser alvo de retenção na fonte, o suplemento é somado aos restantes rendimentos quando for altura de fazer as contas anuais e aplicar as taxas gerais de IRS. Ou seja, é taxado mais tarde, juntamente com aquilo que a pessoa recebeu durante o ano.
Como é natural, esta duas medidas vão impactar os reembolsos ou pagamentos a calcular em 2026. Saiba qual o impacto em pensões de 500, 1.000 e 1.500 euros para pensionistas solteiros e sem dependentes. Não foram consideradas quaisquer deduções à coleta nestas simulações.
Pensões de 500 euros não sofrem alterações
Quem recebe 500 euros de pensão não teria de pagar IRS e assim se vai manter, mesmo depois das alterações. Nestes casos, o valor do suplemento extraordinário reflete-se na totalidade no rendimento líquido anual, que passa de 7.000 para 7.200 euros.

Pensões de 1.000 euros têm variação de 94 euros
Uma pensão de 1.000 euros tem direito a um suplemento extraordinário de 150 euros, em setembro. Em 2026, estes pensionistas vão pagar mais 94 euros em relação àquilo que aconteceria se não tivesse havido alterações a partir de agosto.
Ainda assim, o rendimento líquido anual vai ter um aumento de 126 euros. É importante referir que o rendimento líquido anual é aquele que se obtém já depois de receber reembolso ou de pagar IRS.

Pensões de 1.500 euros têm diferença de 381,50 euros
Recordamos que as simulações da EY para o Doutor Finanças não contemplaram deduções à coleta, o que pode fazer a diferença entre ter de pagar imposto ou receber reembolso.
No entanto, isso não altera o facto de que, para os pensionistas que recebem 1.500 euros por mês, a diferença antes e depois das alterações é de 381,50 euros.
Ou seja, se antes das atualizações a expectativa fosse ter um reembolso de 381,50 euros, depois das alterações esse reembolso passa a zero. Já se a expectativa era ter reembolso zero, passou para um cenário em que vai ter de pagar os tais 381,50 euros.
Além disso, o aumento do rendimento bruto fruto do suplemento extraordinário de 100 euros reflete-se num aumento de 78,50 euros no rendimento líquido.

Leia ainda: Pensão unificada: Como funciona?
Perguntas frequentes
As alterações às tabelas de retenção na fonte aplicam-se aos rendimentos do trabalho dependente e de pensões.
As tabelas mudam duas vezes para compensar as retenções feitas de janeiro a julho. Assim, as tabelas de agosto e setembro têm efeitos retroativos e são aquelas em que trabalhadores e pensionistas vão reter menos imposto.
Depois, em outubro, entram em vigor as tabelas finais. Ainda assim, estas têm taxas de retenção inferiores às que vigoraram entre janeiro e julho.
Não. O suplemento extraordinário para pensionistas vai ser pago uma única vez, em setembro.
Não, apenas aqueles que recebem até 1.567 euros por mês. E mesmo entre esses, o suplemento varia de acordo com o valor da pensão:
-
- Pensões até 522,50 euros: suplemento de 200 euros;
-
- Pensões entre 522,50 e 1.045 euros: suplementos de 150 euros;
-
- Pensões entre 1.045 e 1.567 euros: suplemento de 100 euros.
