Três cubos com as letras E, S e G, em cima de moedas, representando o crescimento de investimentos

Entre entradas e saídas, os fundos ESG registaram ganhos líquidos de 4,9 mil milhões de dólares (cerca de 4,2 mil milhões de euros), no segundo trimestre de 2025.

De acordo com o mais recente relatório de investimentos sustentáveis da Morningstar, isto representa uma “recuperação notável” em relação aos primeiros três meses do ano, quando os fundos focados em sustentabilidade registaram um saldo negativo de 11,8 mil milhões de dólares (10,2 mil milhões de euros).

Europa lidera os ganhos, enquanto EUA perdem há quase um ano

Esta recuperação foi impulsionada sobretudo pelos fluxos na Europa, onde se registaram ganhos líquidos de 8,6 mil milhões de dólares (7,4 mil milhões de euros). Isto apesar “das incertezas geopolíticas e regulatórias”, aponta a Morningstar. No primeiro trimestre, os fluxos europeus tinham registado perdas de 7,3 mil milhões de dólares (6,3 mil milhões de euros).

Em queda e com uma tendência de retirada seguem os Estados Unidos (EUA), que registaram um saldo negativo pelo 11.º mês consecutivo. Entre abril e junho, perderam 5,7 mil milhões de dólares (4,9 mil milhões de euros), o que pode ser “parcialmente explicado pela reação anti-ESG, que se intensificou durante a administração de Donald Trump”, explica a Morningstar.

“Desde janeiro, a administração tomou muitas medidas com o objetivo de eliminar ou enfraquecer as iniciativas relacionadas com as alterações climáticas ou ESG. Neste contexto, muitas gestoras de ativos americanas reduziram os seus compromissos ESG”.

O resto do mundo registou um saldo positivo de dois mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros).

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Ativos sob gestão subiram 10%

O ganhos líquidos do segundo trimestre fizeram com que, no final desse período, se registassem 3,5 biliões de dólares em ativos sob gestão (três biliões de euros), um crescimento de 10% em relação ao trimestre anterior.

Mais uma vez, a Europa está na dianteira, já que representa 85% do bolo, seguida dos EUA com 10%. Em terceiro lugar aparece a Ásia excluindo o Japão, com 2% do total de ativos sob gestão em fundos ESG no final do segundo trimestre.

A relevância dos fundos sustentáveis no Velho Continente é ainda visível pelo facto de representarem 19% do total do investimento em fundos tradicionais e ETF. Nos EUA, estes fundos representam apenas 1% do total.

O ranking das gestoras é dominado pela BlackRock, que tem cerca de 466 mil milhões de dólares (403 mil milhões de euros) em ativos que integraram fundos e ETF sustentáveis. Seguem-se o UBS e a Amundi.

Renomeações atingiram recorde pressionadas pela regulação europeia

Entre abril e junho, as entidades gestoras renomearam cerca de 600 fundos. Umas excluíram termos ESG, outras mudaram os que tinham por outros e houve ainda fundos que adicionaram termos ESG.

Este recorde surge pressionado pelo fim do prazo para implementar as orientações da Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA). É que as gestoras tinham até ao dia 21 de maio para implementar as regras europeias.

O objetivo do regulador europeu é definir padrões mínimos para que os fundos possam usar termos ESG ou de sustentabilidade nos nomes e, assim, proteger os investidores contra práticas de greenwashing.

Entre outras recomendações, os fundos não podem investir em empresas envolvidas em quaisquer atividades relacionadas com armas controversas ou envolvidas no cultivo e na produção de tabaco.

O que são investimentos ESG?

Do inglês, Environmental, Social e Governance, são investimentos que têm em conta fatores ambientais, sociais e de governação das empresas. Podem também ser referidos como investimentos sustentáveis ou socialmente responsáveis.

Quem investe em fundos ESG procura mais do que a componente financeira e de retorno. Esse investimento deve também ter um impacto positivo de longo prazo. Assim, são investimentos que consideram o impacto das empresas no planeta e na sociedade.

E – Environmental (Ambiental)

Esta componente está relacionada com o impacto que a empresa tem no meio ambiente. Assim, os investidores podem preferir fundos cujas empresas tenham políticas positivas em questões como as alterações climáticas, a neutralidade carbónica, a transição energética, a economia circular, a produção e consumo responsáveis, ou a biodiversidade.

S – Social

Os fatores sociais são aqueles que afetam as pessoas, como os trabalhadores, clientes ou fornecedores, sem esquecer também a sociedade como um todo. Cobre tópicos como a saúde e bem-estar, a diversidade e inclusão, direitos humanos, direitos laborais, inovação social e o envolvimento da e na comunidade, através de ações de voluntariado, por exemplo.

G – Governance (Governação)

Esta dimensão relaciona-se com a capacidade da empresa para gerir o negócio de uma forma responsável. Tem a ver, por exemplo, com a existência de políticas anticorrupção claras, transparência, integridade fiscal, diversidade do conselho de administração (evitando também conflitos de interesse) e investimento responsável.

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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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