Jovem mulher segura uma flor branca e eleva-a ao alto, com um sorriso rasgado, num cenário claro de felicidade

Desde pequeninos que nos incutem o desejo de que sejamos felizes. Para os pais e os avós, os tios e os padrinhos, o importante é que a criança seja feliz. Há exceções, claro, mas no geral é isso que nos dizem. E é isso que, atravessada a turbulenta adolescência durante a qual tudo parece posto em causa, enfim chegados à nossa idade adulta, desejamos para nós: sermos felizes.

Do mesmo modo, é isso que dizemos a um amigo ou familiar que se casa, que muda de emprego, que começa uma nova vida numa cidade ou país diferente: “Espero que sejas feliz”. Se possível, muito feliz.

Mas talvez muitas pessoas tenham dificuldade em definir o que é a felicidade. Como a medir? Como a avaliar? É o que sentimos no quotidiano ou devemos fazer um balanço anual? Devemos avaliar o contentamento com a nossa vida num dia mau ou esperar por um bom? E estaremos a viver num país em que a maior parte das pessoas se sente feliz ou infeliz?

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A importância do Butão na procura da felicidade

Para tentar responder a algumas destas perguntas, surgiu em 2012 o Relatório Mundial da Felicidade. Com dados relativos a mais de 140 países, uma série de investigadores – distribuídos pelas áreas da economia, da psicologia, dos negócios, do bem-estar, do desenvolvimento sustentável -, tem procurado criar um ranking global de felicidade.

O intuito deste índice não será apenas apresentar uma lista de curiosidades. Os resultados também podem ser encarados como um mapa para as áreas em que os diferentes países devem tentar melhorar o bem-estar dos seus cidadãos. E o relatório anual, publicado pelo Centro de Pesquisa do Bem-Estar da Universidade de Oxford (numa parceria com a Gallup, a Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e um conselho editorial), pretende dar a todos “o conhecimento para criar mais felicidade para si e para os outros”.

Segundo o website do World Happiness Report, o crescente interesse no campo da pesquisa sobre a felicidade deve-se ao Butão, principal patrocinador de uma resolução adotada pelas Nações Unidas, em julho de 2011. Essa resolução convidava os governos nacionais a darem maior importância “à felicidade e ao bem-estar na determinação de como alcançar e medir o desenvolvimento social e económico”. Ou seja, defendia-se uma abordagem mais holística àquilo que se entende por desenvolvimento. E data também da mesma altura a proclamação, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, do dia 20 de março como o Dia Internacional da Felicidade.

Banner que mostra a página do World Happiness Report

A sensação subjetiva do bem-estar

Logo desde o início, a intenção de criar um relatório mundial sobre a felicidade teve de responder à difícil questão de como avaliar a felicidade. Para umas pessoas, a felicidade equivale a sentirem-se bem, às vezes que riem e sorriem ao longo de um dia, ao sentimento de que vivem num estado emocional agradável. Outras, porém, associam a felicidade à avaliação que fazem da sua situação no geral: estão felizes ou infelizes com a vida que levam?

Na definição científica adotada pelos investigadores ligados ao estudo, o bem-estar equivale ao nosso estado subjetivo interior. É a forma como vemos a nossa qualidade de vida. Coisas como a riqueza, a saúde e as relações são entendidas como aspetos positivos, pois ajudam a que nos sintamos bem. Mas como medir esta sensação subjetiva? “A única maneira de sabermos como é que alguém se sente é perguntando-lhe”. Pedir às pessoas que representem os seus sentimentos através de um número numa escala. Porém, há várias formas de fazer essa pergunta.

Uma das formas passa por se avaliar a vida como um todo. Neste caso, a classificação da felicidade de alguém pode passar pela escala criada pelo psicólogo e investigador norte-americano Hadley Cantril. A escala representa-se pela imagem de uma escada com dez degraus, em que, de modo simplista, o patamar do início (0) equivale à pior vida que podemos estar a viver e o degrau do topo (10) representa a melhor vida que podemos estar a ter.

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Sabe avaliar-se em termos de satisfação com a vida?

Mas nisto de felicidade, também nos podemos concentrar nos tais “sentimentos ou estados emocionais de uma pessoa, geralmente num determinado momento”. Aqui, vamos ao encontro dos afetos positivos (riso, prazer, interesse, etc.) e dos afetos negativos (preocupação, tristeza, raiva, etc.). Eis o que o website do Relatório Mundial da Felicidade aponta como uma pergunta comum neste âmbito: “Sentiu prazer durante grande parte do dia de ontem?”. Ou, então, “Sentiu alguma preocupação durante grande parte do dia de ontem?” As respostas, neste caso, são dadas com um Sim ou um Não.

Mas há ainda um terceiro modo de avaliar a felicidade, ligado ao eudemonismo, sistema de moral que tem por fim a felicidade do homem. Nesta abordagem mais filosófica sobre o sentido e o propósito de vida de cada um, uma pergunta típica poderá ser: “No geral, em que medida sente que as coisas que faz na sua vida valem a pena?” A resposta é dada numa escala que vai do zero (nada) ao 10 (completamente).

Caso lhe fizessem estas perguntas, saberia o que responder? Teremos consciência de onde estamos na escala subjetiva do bem-estar? Como avaliamos o nosso nível de felicidade? Cada um sabe de si, claro. Mas, se juntarmos muitas destas avaliações subjetivas, ficamos com um panorama de cada país. É isso que se reflete no Relatório Mundial da Felicidade.

E é isso que veremos com mais pormenor no próximo texto.

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