Durante demasiado tempo, a sustentabilidade foi encarada como um encargo adicional, uma linha a mais no orçamento, uma exigência regulatória ou uma tendência passageira. Mas essa perceção não pode estar mais errada. E, mais do que isso, é perigosa. Ser sustentável não é um custo. É uma decisão estratégica. É visão de futuro.
Ignorar os impactos ambientais, sociais e de governação (ESG) não é apenas uma escolha conservadora, é uma ameaça à viabilidade das empresas. As organizações que continuam a operar sem integrar práticas sustentáveis estão a comprometer a sua competitividade, reputação e capacidade de atrair talento e investimento. O verdadeiro custo está em não agir.
Empresas que adotam estratégias ESG robustas beneficiam de ganhos concretos: maior eficiência operacional, redução de desperdício, otimização de processos, menor consumo energético. Estes ganhos traduzem-se em poupança direta e em maior resiliência face às flutuações do mercado. Além disso, a transparência na apresentação de contas e indicadores ESG reforça a confiança dos stakeholders e abre portas a condições de financiamento mais favoráveis.
A sustentabilidade começa dentro de portas. Uma liderança ética, práticas justas e valorização das pessoas são os alicerces de qualquer organização que queira prosperar. Ter uma equipa coesa, alinhada e com sentido de pertença não é apenas uma vantagem competitiva, é parte integrante da sustentabilidade interna. Os profissionais “de bata vestida”, que garantem boas práticas e controlos, são essenciais para a credibilidade e longevidade da organização.
Neste contexto, é fundamental reconhecer que o impacto da sustentabilidade se estende tanto ao cliente externo como ao cliente interno, ou seja, ao consumidor e ao colaborador. Ambos estão cada vez mais atentos às práticas das empresas e às suas escolhas éticas e ambientais. Esta sensibilidade pode ser decisiva: pode determinar se se atrai ou retém o melhor talento, ou se se vende (ou não) um produto ou serviço. A diferença está em ser uma empresa que demonstra preocupação e ação concreta em matéria de sustentabilidade.
Do ponto de vista financeiro, os dados são claros: empresas que ignoram o ESG enfrentam riscos reputacionais, legais e operacionais. Perdem competitividade, desperdiçam oportunidades de mercado e afastam a nova geração de talentos, que procura trabalhar em organizações alinhadas com os seus valores. Por outro lado, empresas com estratégias sustentáveis bem definidas têm maior capacidade de inovação, atraem investidores e constroem marcas mais fortes e respeitadas.
O retorno da sustentabilidade não é apenas económico. É social, ambiental e reputacional. É a capacidade de gerar valor para todos os envolvidos – acionistas, colaboradores, clientes e comunidade. É a construção de um legado.
Num contexto de crescente exigência regulatória, como a nova Diretiva Europeia de Reporte de Sustentabilidade (CSRD), que obriga empresas a reportar impactos ambientais, sociais e de governação, a sustentabilidade deixou de ser opcional. É uma exigência do presente e uma garantia para o futuro.
Sustentabilidade não é custo. É visão. E quem não a tiver, corre o risco de ficar para trás.