Cada caso é um caso, mas havendo dinheiro disponível, a resposta é sobretudo uma questão de preferência pessoal. Há quem prefira ter uma casa a que possa chamar sua. Há quem não se queira maçar com a manutenção da casa (obras, por exemplo) e prefira deixar isso à responsabilidade de um senhorio. Há muitos outros motivos a favor de uma ou outra solução, cada um terá os seus.
De um ponto de vista puramente contabilístico, no entanto, há algumas contas que não são tão difíceis de fazer no que diz respeito a comprar ou arrendar. Por exemplo:
Em ambos os casos há, tipicamente, contas para pagar. Mas normalmente, no caso de arrendar um apartamento, o condomínio fica incluído na renda pois é responsabilidade do senhorio. As despesas de manutenção da casa (obras, por exemplo) também ficam a cargo do senhorio. E os impostos (IMI, sobretudo) também ficam a cargo do senhorio. Claro que ele vai tirar esse dinheiro todo a partir da renda mas pelo menos quem tem essas chatices todas é ele, não o inquilino.
A compra de uma casa tem uma série de encargos associados – escritura, impostos e os encargos com o banco, caso se recorra ao crédito. No caso de um arrendamento só se paga a renda, não há um peso inicial elevado. O dinheiro que eventualmente se tenha disponível pode ficar a render em vez de ser gasto tão rapidamente.
Uma situação que se vê hoje com alguma frequência é a de as pessoas venderem a casa 2 ou 3 anos depois de a terem comprado (seja porque mudaram de emprego, porque a família cresceu, etc). Nesse prazo de tempo, e caso a casa tenha sido comprada com recurso ao crédito, o montante que se amortizou da dívida tipicamente foi muito pouco (num empréstimo de 100 000€ a 30 anos, ao fim do primeiro ano ainda provavelmente o valor amortizado nem chega aos 1500€, apesar de já se ter pago ao banco 6000€ ou 7000€ em prestações – a maior parte juros). Muitas vezes nem chega ainda para cobrir os encargos iniciais referidos no ponto anterior.
Associado ao ponto anterior, caso haja uma troca de casa, quem arrendou não ganha nada com isso. Quem vende uma casa que já tinha “ganha” esse valor. Mas é preciso não esquecer que se havia um empréstimo sobre a casa antiga, a maior parte do que se ganha com a venda vai provavelmente para pagar esse empréstimo.
Tipicamente o valor de uma renda é mais baixo que o valor da correspondente prestação ao banco caso se pedisse um empréstimo pelo valor da casa. Essa diferença (mesmo nos casos em que é marginal) pode ser usada para outras coisas. No cenário ideal, é aplicada e posta a render para ser usada no futuro.
Como referi ao início, há outros factores, muitos deles difíceis de quantificar. Por exemplo, qual a probabilidade de o senhorio nos despejar um dia porque quer a casa para a filha que vai casar? Ou qual a probabilidade de mudarmos de local de trabalho dentro de 1 ou 2 anos (vender uma casa comprada a crédito neste espaço de tempo normalmente só dá direito a perder dinheiro, para além da carga de trabalhos que está associada à venda de um imóvel)?
Mais uma vez, cada caso é um caso. Mas, de uma maneira geral, para quem está em início de vida, com fortes probabilidades de ter que mudar de casa (porque muda de emprego, ou porque a família vai crescer, por exemplo) é capaz de ficar bem mais servido se arrendar casa do que se a comprar.
Se não tem dinheiro para dar de entrada para uma casa, mais vale arrendar também, pelo menos durante uns tempos – não só o impacto financeiro no imediato é mais baixo como, sendo a renda mais baixa, consegue amealhar dinheiro mais depressa também.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Sobre o autor:
O Pedro Pais desenvolve conteúdos sobre finanças pessoais há vários anos, tendo fundado um dos primeiros blogs nacionais sobre o tema, o Pedro e o Blog, mais tarde financaspessoais.pt, e o Fórum Finanças Pessoais, que se tornaram bastante conhecido e fazem hoje parte integrante do Doutor Finanças. É Revisor Oficial de Contas desde 2015 e sócio da GPA SROC, onde coordena trabalhos de auditoria, assessoria fiscal e consultoria.
Quando não está a trabalhar ou a estudar, o Pedro gosta de se dedicar à família, amigos e jogar Padel. Saber mais.
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