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De Frankfurt para o seu bolso: Este é o impacto do corte de juros do BCE na sua vida

O BCE voltou a descer a taxa de juro de referência. Qual o impacto que esta decisão tem na vida?

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De Frankfurt para o seu bolso: Este é o impacto do corte de juros do BCE na sua vida

O BCE voltou a descer a taxa de juro de referência. Qual o impacto que esta decisão tem na vida?

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu voltar a cortar os juros pela sexta vez consecutiva, com uma redução de 25 pontos base. A taxa aplicada aos depósitos paga pelos bancos cede assim para 2,5%, de acordo com o comunicado publicado esta quinta-feira pela autoridade monetária.  

Atualmente, o BCE tem nas mãos três taxas com as quais combate a inflação, subindo-as quando os preços aceleram e diminuindo quando a economia ou/e a inflação enfraquecem, no entanto, a taxa aplicada aos depósitos é considerada a taxa de juro primaz, ou como se diz no jargão de política monetária, o juro diretor.  

Mas qual o impacto na sua carteira? Quando o BCE corta ou sobe os juros o efeito dá-se em cadeia começando na relação do banco central com a banca comercial, que impacta os empréstimos e depósitos entre instituições financeiras, um custo ou benefício que acaba repercutido no juro recebido ou pago pelo cliente na relação que tem com o banco, seja através de empréstimos (custo para o cliente) ou depósitos (onde lhe é paga uma remuneração, caso seja a prazo). 

Os bancos centrais relacionam-se com as instituições financeiras através do mercado aberto e aqui realizam empréstimos a curto prazo – chegando mesmo a ser apenas de um dia – e médio prazo e recebem depósitos destas mesmas instituições.  

Os bancos também emprestam e depositam dinheiro entre si, no mercado monetário onde, naturalmente, refletem o custo que pagam ao banco central. E nesta relação há instituições com uma palavra a dizer sobre a sua carteira.  

Isto, porque é pela média das taxas de juros praticadas em empréstimos interbancários em euros por um painel constituído por 52 grandes instituições bancárias europeias, uma elite onde o único nome português incluído é a Caixa Geral de Depósitos (CGD), que atualiza diariamente o valor da Euribor, o indexante mais utilizado nos empréstimos a taxa variável e mista.

Atualmente, 61,4% dos empréstimos à habitação em Portugal estão indexados à taxa variável.  A Euribor é praticada em várias maturidades até 12 meses, sendo o prazo mais utilizado no crédito a habitação o de seis meses. Ou seja, a cada seis meses o juro que paga pode mudar e subir ou descer, mediante os juros diretores sejam aumentados ou reduzidos pelo banco central.  

A Euribor tem estado em queda, em várias maturidades, não só desde que o BCE começou a cortar os juros em setembro, como antes, devido à expectativa do mercado (incluindo bancos) que começaram a incorporar nos custos dos empréstimos e depósitos uma elevada probabilidade (que se veio a confirmar) de inversão da política monetária levada a cabo pela instituição liderada por Christine Lagarde.  

Atualmente, as taxas Euribor estão, em vários prazos, em torno dos 2,5%. Em janeiro, a taxa de juro média paga pelos empréstimos (incluindo os valores praticados com taxa fixa e mista) cifrou-se nos 3,22%. 

Depósitos pagam menos do que o juro diretor  

Por sua vez, os juros dos depósitos caem há 13 meses consecutivos e, portanto, também há mais tempo do que o BCE corta os juros, devido às expectativas do mercado.  

Em janeiro, a taxa de juro média paga pelos depósitos a prazo foi de 1,99%, bastante abaixo da taxa do BCE aplicada aos depósitos, que no final desse mês estava fixada em 3%.  

Juros podem tornar euro mais caro e mais barato 

Além do impacto no crédito que contrata ou nos juros pagos pelos seus depósitos a prazo, as mexidas nos juros tendem a ter impacto na moeda de um país ou de uma jurisdição, neste caso o euro. Juros mais altos tendem a sustentar e até impulsionar moedas, enquanto o corte das taxas pode tornar o dinheiro mais barato.  

Aliás é esta diferença de velocidades entre BCE e Reserva Federal (Fed) norte-americana, que está a pressionar o euro face ao dólar, um motivo que também contribui para a paridade e queda abaixo da mesma entre as duas moedas (um euro valer um dólar ou menos) em 2022. Ora um euro mais barato, pode tornar umas férias nos EUA ou um carro vindo deste país mais caro. (Pode ler mais sobre este tema em “Euro a caminho de valer tanto (ou menos) que 1 dólar. Como mexe na carteira?”). 

Desemprego e vitalidade de economia 

Um passo em falso pode estragar tudo. Subir demasiado os juros pode estrangular a economia e uma descida exacerbada ou antes do tempo, pode fazer voltar a subir a inflação, ou pior, torná-la enraizada. O que terá impacto nos preços pago pelos consumidores.

Em última análise estrangular a economia pode mesmo levar a um aumento do desemprego. Este perigo leva os bancos centrais, incluindo o BCE a analisar uma série de indicadores e a projetar outros tantos, antes da tomada de decisão sobre a política monetária, com o índice de preços no consumidor – que mede a taxa de inflação anual - à cabeça. 

Neste último comunicado, o BCE considera que o “processo de desinflação está bem encaminhado”, mas aponta para uma subida ligeira a médio prazo. A autoridade monetária acredita que a inflação deverá cair abaixo da meta dos 2% do banco central apenas em 2026 (1,9%), para subir depois em 2027 (2%). Este ano poderá ficar ainda pelos 2,3%. Os dados mais recentes revelam que a inflação terá abrandado para os 2,4% em fevereiro, segundo uma estimativa rápida divulgada pelo Eurostat.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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