Nos últimos meses, os Certificados de Aforro têm sido um dos produtos financeiros mais procurados pelos portugueses, atingindo um recorde de mais de 35 mil milhões de euros investidos em janeiro de 2025. É o valor mais alto de sempre. Para mim é surpreendente porque as taxas estão prestes a baixar e tem melhores alternativas no mercado. O que explica esta procura?
Será que os Certificados de Aforro continuam a ser a melhor opção para quem quer poupar e rentabilizar o seu dinheiro? Vamos analisar as vantagens e desvantagens desta ferramenta e compará-la com outras alternativas igualmente seguras, mas potencialmente mais rentáveis.
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As vantagens dos Certificados de Aforro
Os Certificados de Aforro têm algumas vantagens claras. O capital é garantido pelo Estado, o que elimina praticamente qualquer risco de perda. A taxa de juro é competitiva e indexada à Euribor a 3 meses, embora tenha atualmente um limite máximo de 2,5% (na série F).
Além disso, existem prémios de permanência que incentivam o aforrador a manter o dinheiro investido, aumentando o rendimento ao longo do tempo. Outra vantagem é a liquidez, permitindo o resgate do dinheiro após os primeiros três meses sem penalizações. Também são acessíveis: é possível investir a partir de 100 euros, e depois dessa primeira entrega, bastam 10 euros. É um excelente mealheiro.
Além disso, os Certificados de Aforro são uma opção simples e de fácil adesão. Qualquer cidadão pode adquirir estes produtos diretamente através da plataforma do IGCP, sem necessidade de intermediação bancária, ou nas app dos CTT ou do banco BIG. Esta característica torna-os apelativos para quem quer evitar comissões ou taxas adicionais associadas a outros produtos financeiros.
Outra vantagem importante é o facto de o rendimento ser acumulado trimestralmente (juros compostos). O seu dinheiro cresce sozinho e de forma automática.
As desvantagens dos Certificados de Aforro
No entanto, existem algumas desvantagens a considerar. A taxa de juro é variável, o que significa que, se a Euribor descer, o rendimento também diminui. O montante máximo que um investidor pode aplicar é de 100.000 euros, o que pode ser um entrave para quem deseja investir quantias maiores. Além disso, os juros estão sujeitos a uma tributação de 28% (os PPR pagam 8% após 8 anos). Outra limitação é o prazo máximo de 15 anos, após o qual o investimento é obrigatoriamente resgatado.
Outro ponto negativo a ter em conta é que a liquidez, apesar de ser flexível a partir do terceiro mês, pode não ser a melhor para quem deseja movimentar frequentemente os seus investimentos. Resgatar demora sempre alguns dias. Se compararmos com contas remuneradas, por exemplo, estas permitem levantamentos imediatos (até com o cartão multibanco) e sem burocracias. Além disso, com o teto máximo de 2,5% de juro, os Certificados de Aforro acabam por perder competitividade quando comparados com alternativas que oferecem taxas superiores e maior flexibilidade.
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Alternativas mais rentáveis com capital garantido
Mas será que existem alternativas mais rentáveis e igualmente seguras? Os depósitos a prazo são uma dessas alternativas, com algumas instituições bancárias a oferecer taxas que chegam a 3% e às vezes mais, mas por períodos curtos (3 ou 6 meses).
Outra alternativa são as contas remuneradas, que oferecem liquidez semelhante à dos Certificados de Aforro, mas com taxas de juro superiores. Há uma conta no Bankinter que rende 5% no primeiro ano e 2% no segundo (pode resgatar o dinheiro depois do primeiro ano). E há a Trade Republic, que rende os juros do BCE e outras corretoras com juros ainda mais altos (com garantias diferentes).
Os Planos Poupança Reforma (PPR) com capital garantido também são uma opção interessante. Um PPR com uma taxa de 3% ao ano (são raros), para um investimento de 10.000 euros durante três anos, resultaria em 900 euros de juros brutos e 648 euros líquidos. Além disso, se o investidor for elegível para a dedução fiscal de 20% no IRS, poderia beneficiar de uma redução de 300 a 400 euros por ano no imposto devido, tornando esta alternativa ainda mais vantajosa.
Qual a melhor escolha para o seu dinheiro?
No final, a melhor opção depende do perfil e dos objetivos do investidor. Se a prioridade for segurança e acessibilidade, os Certificados de Aforro continuam a ser uma escolha válida. No entanto, para quem procura uma rentabilidade superior sem abrir mão da segurança, os depósitos a prazo (terá de saltar de banco em banco) e as contas remuneradas são alternativas mais atrativas. Por outro lado, para quem pode esperar pelo resgate e pretende beneficiar de vantagens fiscais, um PPR pode ser uma boa opção.
É importante também considerar a diversificação. Uma estratégia eficaz pode ser dividir o montante disponível entre diferentes produtos financeiros, garantindo assim um equilíbrio entre rentabilidade e segurança. Por exemplo, um investidor pode colocar metade do seu capital em Certificados de Aforro para garantir segurança e liquidez, enquanto a outra metade pode ser investida em depósitos a prazo ou PPR para obter um rendimento superior.
Antes de tomar uma decisão, é essencial comparar as diferentes ofertas, consultar os bancos e fazer simulações. Além disso, deve acompanhar regularmente as propostas do mercado, porque estão sempre a surgir novos produtos e promoções que podem tornar algumas opções mais vantajosas do que outras. Não tenha medo de usar vários bancos. Uma escolha informada pode fazer a diferença e resultar em mais algumas centenas de euros na sua carteira.
Neste artigo não falei em alternativas sem capital garantido. Para ganhar dinheiro com o seu dinheiro vai ter de começar a pensar nisso. Mas isso fica para outra altura e outras crónicas. O importante é não deixar o seu dinheiro parado na conta à ordem.
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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.
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