Bem-estar

Subida da inflação tem um grande impacto na saúde mental?

A subida dos preços tem sido generalizada desde o ano passado. Qual é o impacto que estes aumentos tem na saúde mental das pessoas?

Muitas pessoas estão a sentir o impacto do aumento da inflação. Quando parecia que a nossa economia começava a recuperar um pouco da pandemia, a crise na Ucrânia piorou substancialmente a situação. Como nos mostram dados do Eurostat, a inflação na Zona Euro subiu para 9,1% em agosto de 2022. Embora tenha reduzido desde aí, continua a fazer-se sentir, tendo sido de 5,5% em junho de 2023, também segundo dados oficiais.

Por mais planeamento que exista, é difícil haver preparação para lidar com tantas despesas a exceder o orçamento familiar. “É claro que o cenário provocado pela Covid-19 e a guerra na Ucrânia afetam muitos países”, diz Marta Falcão, psicóloga clínica. “Mas, apesar de a vulnerabilidade económica ser um  fator de risco para o desenvolvimento da doença mental, não tem de resultar automaticamente em sofrimento psicológico”.

Como é que a vulnerabilidade económica está a interferir com a saúde mental das pessoas? 

A verdade é que os efeitos de poucos recursos financeiros não se notam só na carteira. Como é que as pessoas estão a lidar psicologicamente com o aumento do  custo de vida? “Obviamente, esta adaptação não é fácil, mas o ser humano acaba por se ajustar a um carro mais modesto ou ao uso dos transportes públicos, à reciclagem das roupas dos anos anteriores em vez da ida aos saldos, e à invenção de novas receitas em casa, em detrimento de jantar fora", explica Marta Falcão.

Mas a especialista alerta: “É muito difícil para os trabalhadores sentirem que investiram tanto em estudos e/ou trabalho para continuarem num sistema de 'receber e gastar tudo', devido ao facto de, em Portugal, o salário frequentemente não corresponder ao custo de vida. Isto é que se torna um verdadeiro desafio”.

A importância de um salário justo e adequado

Um salário adequado deve garantir uma qualidade de vida decente para os trabalhadores, sendo suficiente para cobrir as necessidades básicas, como alimentação, habitação, saúde, educação e outras despesas essenciais, sem que as pessoas tenham de enfrentar dificuldades financeiras extremas.

Marta Falcão acrescenta que “ter um salário digno é fundamental para garantir que os trabalhadores vivam com dignidade e possam participar plenamente da sociedade. Paralelamente, também  deve “possibilitar algum poder de reserva e segurança futura, para fazer frente a eventos imprevistos ou inesperados”.

Recentemente, tem-se notado uma maior preocupação das empresas em assegurar um salário justo, havendo um maior recurso a plataformas de gestão de benefícios como a Coverflex, que têm como objetivo ajudar a personalizar o salário do colaborador em sintonia com os seus interesses pessoais enquanto lhes possibilita uma maior liquidez, permitindo ainda aos empregadores uma maior otimização fiscal. 

Mas ainda há muitas pessoas que não têm acesso a compensação flexível, e/ou cujo salário não chega para cobrir as suas despesas. “Muitas pessoas chegam ao final do mês sem poupanças e apresentam um extrato bancário que se resume a débitos referentes a habitação, educação, luz, água, internet, gás, combustível e idas ao  supermercado”, refere Marta Falcão.

A pensar nestas situações, listamos abaixo algumas formas de lidar com as consequências emocionais da inflação.

Cinco formas de proteger a saúde mental no contexto da inflação

Estabelecer prioridades financeiras

Pode dar-se o caso de ser necessário ajustar o seu orçamento, focando-se nas despesas essenciais. Defina prioridades e evite gastos supérfluos.

Estabelecer uma rede de suporte

Junte-se a grupos de apoio ou comunidades que tenham uma experiência semelhante à sua. No contexto atual, muitas pessoas estão a ver a sua estabilidade financeira abalada. Estabelecer uma rede de suporte pode ser útil para enfrentar tanto os desafios financeiros como os desafios emocionais.

Evitar informação excessiva

É importante que nos mantenhamos informados, mas uma saturação da informação pode ter efeitos negativos na saúde mental, aumentando as preocupações e a ansiedade. Mantenha-se a par da atualidade, mas tente não acompanhar constantemente notícias sobre a inflação e a situação financeira atual.

Procurar apoio emocional

Converse com amigos e/ou familiares sobre os seus sentimentos e preocupações. Partilhar o que está a experienciar pode ajudar a aliviar o peso emocional.

Recorrer a ajuda profissional

Se reparar que a ansiedade, o stress ou outros problemas de saúde mental estão a afetar significativamente a sua qualidade de vida, considere recorrer a um profissional da área da saúde mental. A saúde mental é tão importante quanto a saúde física, e cuidar de si é essencial para manter o equilíbrio emocional.

O conceito de felicidade (financeira)

A expressão corre pelo mundo: o dinheiro não é sinónimo de felicidade, desde que as necessidades básicas estejam cobertas. “Será que não somos todos merecedores de umas férias na praia, de um jantar à beira-mar ou de um par de sapatos que andamos a 'namorar' há semanas na montra de uma loja? Ou será que estamos a valorizar as coisas erradas?”, desafia Marta Falcão.

O que a psicóloga propõe que questionemos é aquilo que o sucesso e “ser feliz” significa para nós, já que frequentemente a nossa situação pode também depender disso.

“É aqui que este cenário de vulnerabilidade económica exige um ajustamento na definição de sucesso e uma priorização de certos valores. Se conseguirmos alinhar os nossos valores com o nosso sucesso, é possível proteger a nossa saúde mental”.

Se sucesso implicar ter uma boa casa, um bom emprego, um bom poder de compra para viajar e poder cometer alguns “excessos” sem ter de consultar o saldo bancário, o aumento da inflação pode mesmo derrubar a saúde mental de muitas pessoas. Mas se olharmos para o sucesso como a “capacidade de nos sentirmos realizados em acrescentar algo positivo à vida dos outros, mesmo quando estamos economicamente mais vulneráveis, a nossa saúde mental pode estar mais protegida”, explica Marta Falcão. 

A experiência da psicóloga, aliada aos anos de estudo, diz-lhe que, quando uma pessoa adulta “olha para trás e se recorda das melhores lembranças da sua infância”, normalmente mais depressa se lembra de um momento carinhoso ou emocionalmente significativo do que, por exemplo, dos presentes que recebia nos seus aniversários.

A felicidade financeira é fundamental para a nossa vida, e redefinir o conceito de sucesso não vai trazer-nos felicidade se não tivermos dinheiro para as nossas necessidades básicas.

Mas, se essas estiverem cobertas, e mesmo quando existe poder de compra para mais do que o essencial, talvez seja possível amenizar a ansiedade e a depressão derivadas de uma situação financeira pouco folgada e/ou de outros cenários se dermos mais importância a partes muito importantes da nossa vida, como as relações interpessoais e a partilha de experiências e emoções.

A compensação não precisa de ser tão complicada. A Coverflex é a solução de compensação flexível que ajuda a reduzir os custos das empresas e maximizar o potencial de rendimento dos colaboradores. Benefícios, seguros, subsídio de alimentação e descontos: tudo num só lugar.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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