Vista de Vila Nova de Gaia através do Porto

O preço das casas em Portugal voltou a subir e de forma histórica. Segundo o INE, no primeiro trimestre de 2025, o valor mediano por metro quadrado atingiu os 1.951 euros, o que representa uma subida de 18,7% face ao mesmo período do ano passado. Esta é a maior variação homóloga desde que o INE começou a medir estes dados, em 2019.

Mas não foi só o preço que aumentou. O número de casas vendidas também disparou: foram 40.163 transações, mais 24,9% do que no primeiro trimestre de 2024. O mercado está mais ativo, os preços estão mais altos e há zonas do país onde a subida foi especialmente acentuada.

Preço das casas atinge novo recorde

Entre janeiro e março de 2025, foram transacionados 40.163 alojamentos familiares. O preço mediano fixou-se nos 1.951 €/m², mais 18,7% face ao mesmo trimestre de 2024 e mais 4,3% do que no final do ano passado.

Este é o crescimento homólogo mais expressivo desde que há registos comparáveis. O valor por metro quadrado quase duplicou face ao praticado há seis anos. A subida é nacional, mas o impacto sente-se com mais força nas zonas mais procuradas.

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Alto Alentejo lidera nas subidas

O preço das casas subiu em todas as 26 sub-regiões NUTS III. O destaque vai para o Alto Alentejo, com uma subida homóloga impactante de 51,6%. Outras subidas significativas aconteceram no Alto Minho (+36,0%), Baixo Alentejo (+34,6%) e no Algarve (+33,4%). Ou seja, estas regiões registaram crescimentos acima de 30%.

Apesar de o interior registar os maiores aumentos em percentagem, os preços mais altos continuam nas regiões litorais. A Grande Lisboa lidera com um preço mediano de 3.183 €/m², seguida do Algarve (2.929 €/m²), Madeira (2.518 €/m²) e Península de Setúbal (2.325 €/m²).

Municípios mais populosos: Santa Maria da Feira com uma subida de 27%

Nos municípios com mais de 100 mil habitantes, os preços da habitação aceleraram em 16 dos 24 analisados. Santa Maria da Feira teve a maior aceleração (+15,8 pontos percentuais), seguida de Cascais (+14,8 p.p.).

As maiores subidas homólogas ocorreram em Santa Maria da Feira (+27,0%), Maia e Guimarães (+22,7%), Vila Nova de Famalicão (+22,6%) e Oeiras (+21,4%). Por outro lado, o Funchal registou a maior desaceleração, com uma quebra de 40,2 pontos percentuais na taxa de variação.

Onde é mais caro comprar casa?

Cinco municípios continuam a liderar nos preços da habitação. Lisboa é o mais caro, com um preço mediano de 4.492 €/m². Seguem-se Cascais (4.477 €/m²), Oeiras (3.983 €/m²), Porto (3.066 €/m²) e Odivelas (3.048 €/m²). Todos com preços acima dos 3.000 €/m².

Já na análise anual (últimos 12 meses), Lisboa também lidera em número de transações (8.608 vendas). Porém, Sintra, Vila Nova de Gaia e Porto, registaram transações acima das 4.500 vendas.

Compradores estrangeiros pagam mais e puxam pelo preço das casas

O impacto dos compradores estrangeiros continua visível. No primeiro trimestre de 2025, pagaram em média 2.573 €/m², mais 14,5% do que no mesmo período de 2024.os portugueses pagaram em média 1.931 €/m², mais 19,5%.

Na Grande Lisboa, os estrangeiros pagaram 4.792 €/m², contra 3.143 €/m² pagos por residentes em território nacional. Estes números representam uma diferença de 52,5%. Na Área Metropolitana do Porto, a diferença foi de 32,3%.

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Casas novas vs. usadas: Qual é a diferença de preços?

Em 23 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes, o preço das casas novas é superior às usadas. Em Cascais, essa diferença chega aos 1.201 €/m². Ou seja, 5.201 €/m² para alojamentos novos e 4.000 €/m² para usados.

A exceção foi a Amadora, onde o preço das casas usadas superou o das novas, com o metro quadrado de uma casa usada a superar em 18 euros o preço das casas novas. Quanto ao preço mais baixo para casas novas, regista-se em Guimarães (1.497 €/m²).

Lisboa mantém os preços mais altos em praticamente todas as tipologias. Já Cascais lidera no segmento T4 ou superior, com valores médios de 4.681 €/m².

Freguesias de Lisboa e Porto: Contrastes dentro da cidade

Na capital, cinco freguesias apresentam preços acima dos 5.200 €/m². O destaque vai para Santo António (5.958 €/m²), Estrela (5.482 €/m²), Campo de Ourique (5.357 €/m²), Misericórdia (5 333 €/m²) e Parque das Nações (5 226 €/m²). A freguesia do Beato registou o maior crescimento homólogo (+34,8%).

No Porto, o cenário é mais contrastante. A União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos destacou-se por registar preços (3.225 €/m²) e variações homólogas (+8,9%) superiores à média da cidade (3.007 €/m² e 2,2%).

Já as Uniões de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde (3.836 €/m²) e de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória (3.228 €/m²) apresentaram preços acima da média municipal, mas com quebras homólogas de 3,0%.

A freguesia de Campanhã registou o maior crescimento de preços do Porto face ao ano anterior, com uma subida de 18,5% e um valor de 2.911 €/m². Também Ramalde (2.869 €/m² e +5,6%) e Bonfim (3.000 €/m² e +9,2%) apresentaram subidas acima da média, apesar de estarem abaixo do valor por metro quadrado da cidade. Paranhos foi a única freguesia do Porto onde os preços e a variação homóloga ficaram abaixo da média municipal.

Preço das casas sobe em todo o país, mas desigualdades mantêm-se

A tendência de subida é nacional, mas as desigualdades entre regiões continuam evidentes. Os dados do INE mostram um mercado habitacional cada vez mais valorizado, mas também mais difícil de aceder para muitas famílias portuguesas.

Com a pressão dos compradores estrangeiros, o encarecimento das zonas centrais e o crescimento das periferias, o retrato é claro: comprar casa em Portugal está cada vez mais caro. Além disso, o ritmo de subida não dá sinais de abrandar.

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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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