Jogo de tabuleiro

Quando pensamos em jogos de tabuleiro sobre imobiliário, é inevitável não recair no omnipresente Monopólio. Mas, como já falámos, em tempos, nesse título, fomos à procura de mais alguns que nos ponham a comprar e vender propriedades. Na verdade, não há assim tanto por onde escolher. Decididamente, esta área está longe de estar saturada. Ou será que o Monopólio acaba por abafar tudo o que aparece neste setor?

Licitar as propriedades no mercado, com muita cabecinha

Comecemos a nossa exploração com For Sale (1997), definido como «rápido e divertido». Aqui, somos um agente imobiliário, e a base do jogo não podia ser mais simples: temos de comprar as melhores casas ao preço mais baixo, forçar os concorrentes a gastarem demasiado e depois revender as propriedades adquiridas de forma a gerar o maior lucro possível. Ao longo dos anos, foram chegando ao mercado novas versões de For Sale, com design gráfico renovado, algumas alterações nas regras e espaço para mais jogadores; a versão mais recente permite acomodar seis pessoas à volta da mesa.

Na fase da compra de casas, o primeiro jogador coloca à sua frente um determinado número de moedas: essa será a sua oferta inicial para o leilão das casas (representadas por cartas) no centro da mesa. O agente seguinte tem de aumentar a oferta, se quiser participar no leilão. A rotação entre agentes prossegue com as mesmas regras de subir a parada até que alguém desista de licitar. Ao desistir do leilão, o agente gasta metade do dinheiro proposto e fica com a casa mais barata. Já o agente que fez a maior oferta, esse tem de gastar todas as moedas, mas, em contrapartida, fica com a casa mais valiosa. Seguem-se novas rondas de leilão, sob os mesmos princípios, até se escoarem todas as casas que estavam no mercado.

Na fase dois, a das vendas, a mecânica é semelhante. Por cada ronda, dispõem-se no centro da mesa cheques de valores variados. Cada agente tem então de apostar uma das suas casas (com a carta virada para baixo para os restantes não a verem); quem tiver a carta com o valor mais alto, fica com o cheque mais chorudo, e assim sucessivamente. Esgotados os cheques, passa-se a nova ronda, até ser vendida a última casa.

For Sale

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Passar das casas aos hotéis é coisa de um tabuleiro

Chega então a altura de somar o valor dos cheques acumulados e juntar a esse valor as moedas que não se tenham gastado na fase do leilão. Quem for o mais rico, ganha a partida de For Sale e o título de melhor vendedor no mercado imobiliário. Simples, não é?

Se precisar de algo um pouco mais complexo, então podemos regredir uns anos, até 1964, altura em que foi lançada a versão original de Acquire. Este jogo de tabuleiro também se tornou um clássico, recebendo novos designs ao longo das décadas, embora mantendo o conjunto base de regras. Seja no Modo Clássico ou no Modo Tycoon (que surgiu na versão de 2003), assumiremos a pele de um astuto magnata do imobiliário, com especial talento para investir em cadeias hoteleiras.

O mercado hoteleiro deste tabuleiro será composto por sete cadeias diferentes – Sackson, Tower, American, Worldwide, Festival, Continental, Imperial – cada qual representada por uma cor e formato, um conjunto de ações e, não menos importante, um determinado prestígio. À vez, os jogadores vão colocando edifícios no tabuleiro de jogo, o que requer alguma estratégia, até alguém conseguir fundar uma cadeia hoteleira, através de um conjunto de dois ou mais edifícios interligados. O fundador ganha direito, gratuitamente, a um conjunto de ações do seu hotel. Depois, as várias cadeias vão crescendo no tabuleiro, até atingirem uma dimensão que as torna seguras (para tal será preciso ter 11 edifícios interligados) ou serem alvo de uma fusão, quando são integradas noutra cadeia maior.

Acquire

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Investir nas ações certas é meio caminho andado

É nas fusões que o jogo ganha outra dimensão, pois o acionista majoritário da cadeia alvo da fusão receberá um bónus. Também há bónus, menos avantajados, para os acionistas minoritários, mas todos terão, logo a seguir, de tomar uma decisão estratégica:

1) manter as ações, na esperança de que a cadeia hoteleira que desaparece volte a ressurgir mais tarde no tabuleiro;

2) vender as ações ao banco, pelo preço de mercado, determinado pelo prestígio e tamanho da cadeia;

3) trocar as ações da cadeia que desaparece pela cadeia que fica ativa, numa proporção de dois para um.

O dinheiro fresco pode então ser utilizado para comprar ações de uma ou mais cadeias hoteleiras que estão ativas. E será, mais uma vez, ter um certo pensamento estratégico neste investimento. Quais as cadeias que vão ser líderes? Quais os hotéis que vão ser alvo de fusões?

Ao despoletar o final do jogo, pagam-se bónus aos acionistas de todas as cadeias hoteleiras ativas. Seguidamente, os magnatas vendem ao banco as ações desses hotéis. Resta adicionar o dinheiro que se tem em caixa e ver quem amealhou mais.

Arrumados os jogos nas caixas, regressa-se ao mundo real, onde as contas são bem mais apertadas. Tudo bem. Pelo menos, durante umas horitas, fomos os reis do imobiliário.

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