Cartão de crédito metálico sobre um fundo negro

O cartão de crédito está na carteira de milhões de portugueses. É simples de obter, prático de usar e útil em compras do dia a dia ou em emergências. Mas, antes de o usar, é essencial saber exatamente como funciona um cartão de crédito.

Esta ferramenta financeira oferece flexibilidade, mas também pode esconder custos elevados. Por isso, conhecer o seu funcionamento, prazos e encargos é a melhor forma de evitar dívidas difíceis de controlar.

Mais do que um simples meio de pagamento

Um cartão de crédito permite fazer compras, pagar serviços ou levantar dinheiro usando uma linha de crédito disponibilizada pelo banco. Na prática, está a usar dinheiro emprestado, que será pago mais tarde, de uma só vez ou em prestações.

O valor que pode gastar está limitado a um montante definido pela instituição financeira, tendo em conta o seu rendimento, histórico de crédito e capacidade de pagamento. E, tal como qualquer empréstimo, este valor pode ter juros e comissões associadas, principalmente se não liquidar a sua fatura a 100%.

Além do uso para compras, muitos cartões oferecem benefícios adicionais: programas de pontos, milhas aéreas, seguros de viagem ou até acesso a salas VIP em aeroportos. São vantagens que podem compensar, desde que não impliquem custos escondidos.

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Crédito renovável: Paga e volta a usar

Ao perceber como funciona um cartão de crédito, é fundamental conhecer o conceito de crédito renovável. Este sistema permite que, à medida que paga parte ou a totalidade da fatura, o montante volte a ficar disponível para novas compras ou levantamentos, até ao limite contratado.

Durante o mês, pode efetuar várias operações com o cartão, desde que não ultrapasse o plafond definido pelo banco. No final do ciclo de faturação, recebe a fatura com o valor em dívida e tem três opções:

  • Pagar o valor total, evitando qualquer encargo com juros.
  • Liquidar apenas o valor mínimo, assumindo um pagamento faseado, com juros associados ao montante remanescente.
  • Pagar um valor intermédio, conforme previsto no contrato.

Esta flexibilidade ajuda a gerir o orçamento. Mas pagar sempre o mínimo prolonga a dívida e dispara o custo final, com juros a somarem-se mês após mês.

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Datas-chave: Fecho e pagamento

Cada cartão funciona com um ciclo de faturação, normalmente de 30 dias. É essencial conhecer duas datas:

  • Data de fecho: momento em que termina o ciclo e a fatura é emitida.
  • Data de pagamento: prazo para liquidar a dívida, geralmente 10 a 20 dias após o fecho.

Saber estas datas é meio caminho andado para controlar o orçamento. Por exemplo, comprar logo após a data de fecho pode dar-lhe até 50 dias para pagar, sem juros. Esta é uma estratégia usada por muitos consumidores para otimizar o orçamento.

Dados do cartão: Segurança primeiro

O número do cartão, a data de validade e o código CVV/CVC são informações essenciais para efetuar transações, especialmente online. O CVV, de três dígitos, valida compras na internet e deve ser mantido em total sigilo.

Nunca partilhe estes dados nem os introduza em sites sem ligação segura. E se o cartão não tiver CVV visível, contacte o banco. A segurança digital é crucial para evitar fraudes.

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Custos e taxas: O que pode ter de pagar

Saber como funciona um cartão de crédito também exige conhecer todos os custos associados. Os principais são:

  • Juros (TAN e TAEG): a TAN indica a taxa de juro aplicada; a TAEG inclui todos os encargos. No 3.º trimestre de 2025, a TAEG máxima permitida pelo Banco de Portugal é de 19,1%.
  • Anuidade: cobrada pela disponibilização do cartão. Algumas instituições de crédito dispobilizam estes cartões sem ter de pagar anuidade. Porém, em outras entidades, pode variar entre menos de 20 euros (cartão básico) e mais de 70 euros (cartão gold).
  • Levantamento em ATM (cash advance): comissões entre 3% e 5% do valor, acrescidas de taxas fixas, tornando esta a operação mais dispendiosa.
  • Comissões por incumprimento: até 4% da prestação em atraso, com mínimo de 12 euros.
  • Juros de mora: taxa acrescida à TAN normal, aplicável enquanto a dívida não for regularizada.

Além destes, podem existir custos por segunda via do cartão, envio da fatura em papel ou conversão de moeda estrangeira.

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Limite de crédito não é um rendimento extra

O limite de crédito é o montante máximo que pode gastar. Pode ser tentador vê-lo como dinheiro extra, mas é um valor emprestado e com custos se não for pago a tempo. Controlar a utilização do limite é essencial para não comprometer a sua taxa de esforço e evitar entrar numa espiral de dívidas.

O lado estratégico do cartão de crédito

Quando usado com disciplina, o cartão de crédito pode ser uma ferramenta útil. Permite gerir o fluxo de pagamentos, aproveitar benefícios e até ganhar tempo para saldar despesas sem juros.

Mas a regra é simples: nunca gastar mais do que pode pagar no final do mês. Caso contrário, os juros e encargos podem transformar um recurso prático num peso no orçamento.

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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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