Por norma, somos um povo conservador. Sempre que falamos de investimentos e a palavra risco surge, ficamos imediatamente alarmados. Isto sucede porque, culturalmente, somos educados desta forma. No que toca às poupanças, fomos ensinados a ser muito prudentes, porque enquanto população, temos um nível de literacia financeiro reduzido. O conhecimento é o único caminho que existe para podermos evoluir e proporcionar às gerações mais novas outras ferramentas que podem ser essenciais na forma como lidam com as suas poupanças desde novos.
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Duas lições importantes
O investimento tem por base um único objetivo que é o de potenciar as nossas poupanças. Para que o possamos fazer, devemos ter as expectativas certas. Isto significa que devemos perceber os riscos e o potencial de retorno das decisões que estamos a tomar. A primeira lição que devemos dominar é que não existem lucros fáceis. Se alguém nos fizer uma promessa de retornos elevados num curto espaço de tempo, devemos imediatamente duvidar do que nos estão a apresentar.
Para explicar o que pretendo dizer podemos fazer uma analogia com uma outra área. Por exemplo, quando plantamos uma árvore, estamos à espera que no dia a seguir já esteja grande? Claro que não. Contudo, temos uma expectativa relativamente ao seu crescimento e sabemos que, ao longo do seu desenvolvimento, existem variáveis que não controlamos, como por exemplo o estado do tempo. No caso de um investimento mobiliário ou imobiliário, o racional é similar. Para investir, temos de perceber o potencial por trás daquele investimento. Não podemos estar à espera que, no dia seguinte, já esteja a valorizar de uma forma considerável. Temos de dar tempo para que os pressupostos que nos levaram a investir se concretizem. Ao longo do período de investimento poderão existir obstáculos que devem ser devidamente analisados e que nos irão permitir reforçar a nossa tese de investimento ou, em sentido contrário, perceber que cometemos um erro na fase inicial. A segunda lição vai ao encontro do que acabei de referir: ninguém tem uma bola de cristal, ninguém está sempre certo e ninguém domina o futuro. De uma forma simples, assim como na vida, nos investimentos também vamos acertar umas vezes e errar outras.
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Começar de pequeno
Um dos pontos mais importantes para podermos evoluir é fazer com que a literacia financeira faça parte da vida dos jovens o mais cedo possível. É sempre importante reforçar que a literacia financeira não tem só a ver com estarmos ou não preparados para investir. A literacia financeira é muito mais abrangente e está presente em todas as decisões do nosso dia-a-dia. Ou seja, a literacia financeira pode ser vista como a forma como nos relacionamos com o dinheiro. O conhecimento e a perceção do que estamos a fazer em cada momento vai-nos trazer estabilidade, segurança e bem-estar.
Voltando ao tema de investimento, a terceira, e talvez a mais importante lição é que quanto mais cedo começarmos a ter noções financeiras e quanto mais cedo começarmos a investir as nossas poupanças, melhores serão os resultados no futuro. Esta minha afirmação tem por base dois pontos distintos: o primeiro é o tempo. Como referi anteriormente, para podermos tirar proveito dos nossos investimentos necessitamos de tempo. Assim, se começarmos mais cedo, mais benefícios iremos retirar no futuro. O segundo ponto é que, se começarmos mais cedo a ter contacto com a realidade dos investimentos, iremos cometer os erros que se cometem sempre, mas numa fase mais prematura da nossa vida. Como se diz na gíria, isto vai dar-nos calo ou experiência que será determinante para podermos potenciar o nosso património. Quanto mais cedo se começar a viagem do investimento, melhores e maiores serão os benefícios no futuro. Apesar desta realidade, é importante termos a noção de que nunca é tarde para começar, mas quanto mais cedo melhor!
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