Cada vez mais portugueses optam por carros elétricos, híbridos, plug-in ou soluções de mobilidade suave como bicicletas e trotinetes.
Mas esta transição levanta novas dúvidas: como é que as seguradoras estão a proteger estes veículos? E que tipo de crédito existe para quem quer investir numa mobilidade mais sustentável?
Esta expansão tem levado o setor financeiro a adaptar-se a um mercado em transformação. Tanto bancos, como empresas financeiras e seguradoras têm vindo a introduzir linhas de crédito dedicadas à mobilidade sustentável.
Este dinamismo tem sido apoiado por políticas públicas que procuram reduzir emissões e acelerar a transição energética. O Fundo Ambiental, um instrumento público que financia políticas ambientais e de ação climática, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento sustentável, tem, por exemplo, renovado anualmente os incentivos destinados à aquisição de veículos de emissões nulas, abrangendo não apenas automóveis, mas também motociclos, bicicletas elétricas e soluções de mobilidade suave.
Mobilidade suave (trotinetas e bicicletas elétricas)
A chamada mobilidade suave, que inclui trotinetas elétricas, e-bikes e bicicletas de carga, está também a ganhar relevo, trazendo novas necessidades de proteção e enquadramento regulatório.
Seguros para mobilidade suave
Do ponto de vista legal, a maioria das bicicletas elétricas com assistência até 25 km/h e grande parte das trotinetas utilizadas em contexto urbano não estão sujeitas a seguro obrigatório, desde que cumpram os limites de velocidade e peso estabelecidos.
Contudo, modelos mais potentes podem enquadrar-se nas regras de responsabilidade civil obrigatória.
Mesmo quando a lei não exige, é recomendável contratar um seguro. Hoje, as seguradoras já oferecem coberturas específicas como:
- Responsabilidade civil (por danos causados a terceiros);
- Danos próprios (quedas, colisões, reparações);
- Proteção contra furto ou vandalismo;
- Assistência em viagem;
- Acidentes pessoais (invalidez, despesas médicas).
Estas apólices são geralmente acessíveis, digitais e simples de contratar, alinhadas com o perfil urbano dos utilizadores.
Créditos para mobilidade suave
A compra de uma trotineta ou bicicleta elétrica representa muitas vezes um investimento relevante, e o mercado financeiro português já disponibiliza múltiplas soluções:
- Crédito pessoal tradicional com prazos flexíveis e montantes ajustados ao custo do equipamento.
- Linhas de crédito dedicadas à mobilidade elétrica, com:
- Taxas mais competitivas;
- Maior foco ambiental;
- Possibilidade de incluir seguros associados ao crédito.
- Crédito digital no ponto de venda, através de empresas financeiras e fintechs.
- Campanhas de lojas especializadas, como:
- Parcelamento sem juros;
- TAEG reduzida;
- Aprovação imediata.
Este conjunto de ofertas tem aproximado a mobilidade suave do modelo de aquisição de tecnologia pessoal.
Mobilidade verde (carros elétricos, plug-in e híbridos)
Quando pensamos em mobilidade verde, no que se refere a carros podemos pensar em elétricos, híbridos, plug-in.
Portugal destaca-se hoje como um dos países europeus com maior quota de veículos elétricos nas novas matrículas, um sinal claro de mudança nos hábitos de consumo e na estrutura do mercado automóvel.
Seguros para mobilidade verde
Os veículos elétricos introduzem desafios técnicos específicos, e as seguradoras têm vindo a adaptar as suas coberturas. Para além dos riscos tradicionais, já é possível encontrar apólices que incluem:
- Cobertura da bateria em caso de:
- Dano;
- Avaria;
- Incêndio.
- Proteção dos cabos e equipamentos de carregamento.
- Responsabilidade civil durante o processo de recarga.
- Assistência especial, como:
- Reboque por falta de carga;
- Transporte até posto de carregamento;
- Garantias específicas para componentes elétricos (eletrónica de potência, conversores, módulos de carga).
O preço do seguro: Mais caro ou mais barato?
Depende. Os veículos elétricos têm menos peças móveis, o que reduz alguns riscos mecânicos, mas as baterias e componentes eletrónicos são caros de reparar ou substituir. Por isso, o prémio pode ser ligeiramente superior, sobretudo em modelos mais caros ou recentes.
Ainda assim, a concorrência está a aumentar e algumas seguradoras oferecem descontos “verdes” para incentivar a adoção.
Créditos para mobilidade verde
Os bancos têm vindo a desenvolver soluções de crédito pensadas para a mobilidade verde, refletindo o aumento da procura por veículos elétricos, híbridos e plug-in. Entre as práticas mais comuns encontram-se:
- Taxas de juro reduzidas ou bonificadas, com:
- Descontos na TAN para veículos elétricos;
- TAEG mais baixa para modelos de baixas emissões.
- Linhas de crédito verde com condições preferenciais.
- Leasing especializado, que pode incluir:
- Manutenção;
- Seguro;
- Substituição ou reparação da bateria.
- Renting sustentável, que permite ao utilizador trocar o veículo com maior frequência e evitar custos de desvalorização.
- Financiamento que inclui a instalação de carregadores domésticos, algo cada vez mais comum na banca tradicional.
- Serviços complementares como kits de carregamento, upgrades tecnológicos ou integração com programas de eficiência energética.
Este tipo de crédito verde representa, para os bancos, uma forma de se alinharem com os objetivos de transição energética, enquanto captam um mercado em crescimento.
Um setor financeiro em adaptação contínua
A mobilidade verde está a redesenhar não apenas o mercado automóvel, mas também o ecossistema financeiro que o suporta. Seguradoras, bancos e financeiras avançam a ritmos distintos, embora com um objetivo comum: responder a consumidores que procuram soluções mais sustentáveis, flexíveis e ajustadas às particularidades dos veículos elétricos. No setor segurador, persistem desafios técnicos e custos elevados, mas já se observa uma evolução clara na oferta, com coberturas mais completas e adaptadas às novas formas de mobilidade. Do lado da banca, a diversificação de produtos, do crédito verde ao leasing e ao renting especializado, está a tornar este tipo de mobilidade mais acessível a um público cada vez mais abrangente.
Apesar destes avanços, o caminho não está concluído. A estabilidade dos incentivos públicos, a evolução tecnológica das baterias e a consolidação das redes de carregamento serão elementos fundamentais para acelerar a adoção plena das soluções elétricas. O que já é evidente é que a mobilidade sustentável deixou de ser tendência para se afirmar como uma dimensão estratégica da economia. E, neste processo, o setor financeiro continuará a desempenhar um papel decisivo no ritmo e na profundidade da transição em Portugal.
Segundo a UVE (Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos), o número de veículos 100% elétricos em circulação tem aumentado de forma consistente ano após ano, um sinal claro do interesse crescente dos consumidores e da resposta cada vez mais robusta da indústria.
