O último dia do Summit Academia Doutor Finanças contou com uma conversa sobre o tema “Planear o Futuro”, conduzida por Diana Catarino, coordenadora Audiovisual do Doutor Finanças, com Rita Piçarra, autora, oradora e ex-diretora financeira que conquistou a reforma aos 44 anos.
A convidada partilhou o seu percurso de independência financeira, explicando como a ambição, o planeamento e a disciplina a ajudaram a conquistar uma vida com mais liberdade.
Foi a morte prematura dos pais — o pai aos 54 anos e a mãe aos 59 — que a fez perceber que “esperar pela reforma podia ser esperar por um momento que talvez não chegasse”.
“Comecei a fazer um plano financeiro muito apertado para conquistar a minha liberdade financeira e deixar de depender do salário da Microsoft”, contou. Inspirada pelo movimento FIRE (Financial Independence, Retire Early), Rita Piçarra definiu as suas próprias regras, “viveu abaixo das suas possibilidades” e foi ajustando o plano ao longo do tempo.
“O melhor investimento que fiz foi em conhecimento”, afirmou. O percurso começou com ações de empresas tecnológicas, como a Microsoft, e mais tarde evoluiu para investimentos imobiliários em Portugal, não deixando de parte os conhecidos Planos Poupança Reforma (PPR).
A conversa trouxe também uma reflexão sobre a cultura portuguesa em torno do dinheiro. “Em Portugal, falar de dinheiro é tabu. Muitas vezes as pessoas querem parecer, em vez de ser”, disse Rita Piçarra.
Por isso, defendeu a importância de definir prioridades e valores claros, tanto financeiros como pessoais. “Há saídas de dinheiro que são gastos e outras que são investimentos. É o valor que nós atribuímos às coisas.”
A convidada partilhou ainda que tem o seu próprio “P&L” [Profits & Loss], onde regista todas as entradas e saídas de dinheiro, planeado até 2050. “Não é preciso um cenário tão macro”, explicou, “mas todos devemos saber quanto gastámos em alimentação no mês passado”, exemplifica.
A liberdade financeira, explicou, não é apenas sobre dinheiro, mas sim sobre equilíbrio e escolhas conscientes. “Ao longo da vida fui estabelecendo prioridades não negociáveis. Há momentos dedicados ao trabalho, momentos para mim e momentos para a família e os amigos. Ao longo da minha vida, fui estabelecendo prioridades para ter a certeza de que estas três caixinhas estavam equilibradas.”
Questionada sobre a possibilidade de atingir esta liberdade com os salários médios em Portugal, Rita Piçarra foi realista. “Não digo que não seja possível fazê-lo em Portugal, mas é extremamente difícil. Os salários são baixos e a carga fiscal é elevada. Por isso emigrei.”
A conversa terminou com a mensagem de que planear o futuro é um ato de liberdade e de intenção. Não se trata apenas de atingir uma meta financeira, mas de construir um caminho que permita viver de acordo com os próprios valores.
Para Rita Piçarra, a liberdade financeira não é deixar de trabalhar, é poder escolher o que fazer com o nosso tempo.
O Summit Academia Doutor Finanças 2025 apresentou três dias de sessões inspiradoras e focadas em literacia financeira. Aceda às gravações aqui.
