Por norma, quando pensamos em investir, definimos vários objetivos, que passam por gerar um retorno de longo prazo que poderá ser canalizado para a compra de um carro, pagamentos dos estudos dos filhos, uma viagem, etc. Depois desta definição, avançamos para o passo seguinte: quais os ativos ou quais os veículos que me permitirão atingir os meus objetivos? Aqui, a possibilidade de escolha é enorme. Desde depósitos a prazo, passando por certificados do Tesouro, obrigações diretas ou fundos de obrigações, ações diretas, ETFs, fundos de ações, enfim, as opções são efetivamente muitas.
À medida que começamos a chegar a uma shortlist, todos os pormenores fazem a diferença. Um dos pressupostos mais importantes prende-se com a liquidez dos títulos que temos em carteira. Por liquidez queremos dizer a facilidade com que o seu valor é convertido em dinheiro ou a facilidade em vendê-lo nos mercados financeiros, tendo em conta a oferta e procura do título em questão. A diversificação geográfica ou de ativos num portefólio, a exposição que pode ou não ser mais agressiva (mais ou menos ações), a volatilidade da carteira ou o montante sob gestão são caraterísticas que devemos analisar e que devem ter um papel importante no momento de tomar uma decisão.
Se optarmos por investir em ativos mais diversificados, como fundos ou ETFs, a diferença está em definir se pretendemos uma gestão passiva ou ativa. Depois de analisarmos todos estes pormenores, devemos questionar se estamos confortáveis com o passo que estamos a dar. Se conhecemos os riscos associados e se temos uma estratégia definida para o cenário mais negativo. Este último ponto é determinante e pode fazer toda a diferença, até porque, ao longo do processo de investimento, nem todas as opções devidamente fundamentadas correm bem. Como tal, é importante ter bem definida qual a forma de reagir num cenário adverso.
Leia ainda: Mercados financeiros: Saber retirar o ruído
Regime político
O que os investidores mais valorizam é a estabilidade e segurança que uma economia pode gerar. A segurança mede-se pela forma como os países são geridos. Por exemplo, os EUA são um país que transmite estabilidade e segurança aos investidores. Apesar de ter um regime presidencialista, a realidade é que existe um conjunto de órgãos que protegem a liberdade e independência de cidadãos e empresas. Por outro lado, ao longo do tempo, os EUA conseguiram ter uma economia que se renova com facilidade e que sabe reagir e responder a crises. Estes são, sem dúvida, pontos que fazem com que os investidores tenham mais confiança na economia americana do que noutras.
No campo oposto, a China é reconhecidamente uma economia em crescimento. Muito desenvolvida tecnologicamente e com investimento em áreas fundamentais como a IA (inteligência artificial), a China está bem posicionada para se tornar na maior economia mundial. Se assim é, porque é que os investidores não investem mais nas empresas chinesas? São vários os motivos. O primeiro é porque a China vive num regime ditatorial, o que limita a confiança dos investidores O principal motivo é que, de um dia para o outro, as regras da economia chinesa podem ser alteradas de uma forma abrupta, o que faz com que a desconfiança dos investidores seja superior. Outro ponto tem a ver com a falta de transparência e opacidade que existe em torno dos dados económicos que são divulgados por parte das autoridades chinesas. A realidade é que, apesar de todo o potencial que apresenta, a China ainda não consegue transmitir a segurança e credibilidade necessária para que os investidores se exponham mais à sua economia. Quando criamos um portefólio de investimento, devemos ter em conta todos estes fatores, sendo que a forma como os destinos dos países são geridos influenciam e muito as decisões dos investidores.
Leia ainda: Como se deve analisar uma empresa