Habitação: Mais sinais de abrandamento no mercado

Os sinais de abrandamento no mercado começam a aparecer.

No meu artigo anterior, olhámos para a quebra recente no número de casas vendidas em Portugal como um primeiro sinal de desaceleração do mercado.

Hoje, analisamos mais um dado que nos permite chegar a uma conclusão semelhante – as avaliações de casas para efeitos de crédito habitação.

O Valor Mediano de Avaliação Bancária

Num artigo escrito aqui no Doutor Finanças, há dois anos, procurei explicar o significado da variável “Valor Mediano de Avaliação Bancária”.

Na altura, referia que “O Valor Mediano de Avaliação Bancária (VMAB) resulta de um inquérito mensal realizado pelo INE aos bancos portugueses. Procura analisar os valores obtidos das avaliações imobiliárias realizadas pela banca em processos de análise e contratação de crédito habitação em Portugal.”

Trata-se, assim, de uma medida importante porquanto procura espelhar o valor pelo qual a banca avalia imóveis residenciais.

Este valor não tem parado de subir em Portugal. Em fevereiro passado, atingiu 1.478 euros/m2, ligeiramente abaixo dos 1.485 euros/m2 registados em janeiro. Apesar da queda, trata-se do segundo maior registo de sempre.

Leia ainda: Preço vs. Valor: Como comparam estas variáveis no mercado residencial?

Abrandamento nas vendas. Abrandamento nas avaliações

No artigo anterior, falei sobre o facto de a desaceleração no mercado parecer estar a tomar efeito por via de uma redução no número de casas vendidas. Se analisarmos o número de avaliações bancárias realizadas, chegamos a conclusão semelhante.

De facto, desde o pico em maio de 2022, mês em que o mercado registou mais de 33.000 avaliações realizadas nos três meses anteriores, que a atividade de avaliação bancária para efeitos de concessão de crédito habitação não parou de cair.

Essas mais de 33.000 avaliações comparam com as cerca de 20.000 registadas em fevereiro de 2023. A diferença é assinalável!

Observando o gráfico acima, depois de uma quebra no primeiro período de confinamento, em 2020, o mercado registava uma tendência generalizada de subida. Salvo a ligeira quebra observada no segundo período de confinamento, já em 2021, o crescimento no número de avaliações, período após período, era constante.

Esta tendência parece ter terminado em maio de 2022. Nos últimos três meses, realizaram-se menos avaliações do que em qualquer período de 2019 ou 2020.

Tal como no mercado de compra e venda, onde o preço não baixa, mas o número de transações desacelera, também no mercado de crédito o valor de avaliação não baixa,mas o número de avaliações realizadas sofre já uma quebra.

Bons negócios (imobiliários)!

Leia ainda: Imobiliário foi o ativo que mais desvalorizou em 2022

Gonçalo Nascimento Rodrigues é Consultor em Finanças Imobiliárias, tendo trabalhado em empresas como Ernst & Young, Colliers International e Essentia. É Coordenador e Docente numa Pós-Graduação em Investimentos Imobiliários no ISCTE Executive Education. Adicionalmente, exerce atividade de consultoria, prestando serviços de assessoria ao investimento imobiliário. Detém um master em Gestão e Finanças Imobiliárias e um master em Finanças, ambos pelo ISCTE Business School, além de uma licenciatura em Gestão de Empresas na Universidade Católica Portuguesa. É autor do blogue Out of the Box.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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